Símbolo de força e trabalho.
Charles Evaldo Boller
O homem vê o trabalho como atividade em que se autorrealiza
e com o qual transforma a natureza. E só começa a realizar um serviço depois de
haver pensado e planejado intencionalmente a tarefa. Não existe trabalho sem o
uso conjunto da força e do intelecto, ambas se complementam. Enquanto o projeto
é uma ação passiva, o trabalho é uma ação ativa. O resultado é a realização
prática de algo.
A ferramenta que representa o trabalho nas oficinas
maçônicas é o malho. Este representa a força bruta, a vontade que executa. Sem
a vontade do malho o cinzel não poderia exercer seu livre arbítrio. E, longe de
ser destituído de racionalidade, algo embrutecido e aleatório, ele representa a
intenção por trás da ação. Não é apenas um aglomerado metálico, pesado e
violento, muito menos sinônimo de obstinação ou teimosia.
Baseado na maneira como o malho atua, batendo vez após vez,
denota-se que sua atividade é firme e perseverante. Ele não executa todo o
trabalho de uma só vez, mas em pequenos avanços, firmes e objetivos. Age de
forma descontinua, num esforço inconstante, em pancadas, pois se exercesse
pressão continua sobre o cinzel, este perderia todo o rigor na execução da obra
final. Como o conjunto não é aparato de criação, mas de desbaste, sempre
arrancando e nunca acrescentando, impõe-se disciplina, levando aquele que o
empunha a alterar sua visão de mundo e principalmente de si mesmo.
Sem o malho o maçom não poderia trabalhar a pedra bruta e
não teria como se autoproduzir; porque é ele mesmo quem trabalha a sua
"pedra" interior. Esta deve ficar plana e esquadrejada; obtendo com
isto uma condição aprovada, que lhe permita fazer parte da estrutura do grande
templo. Ao desbastar a pedra bruta, dela são arrancadas as superficiais e
grosseiras arestas da personalidade, sendo que a sua atuação deve ser forte,
resoluta e pode até ser dolorosa. O malho é o emblema do trabalho, é quem
fornece a força material, para de forma figurada aplainar a pedra bruta e
culminar em educação, polindo a silvestre e inculta personalidade para uma vida
e obra superior. O acabamento de um trabalho assim conduzido resulta em amarrar
intimamente a energia que age e a determinação moral. O resultado é fina
educação ou polidez, e os produtos desta associação são belos, sutis e
delicados, revelando o intelecto que atua por traz da ação.
Sem o uso do malho com mestria e vigor, o maçom não poderia
derrubar obstáculos e superar dificuldades, haja vista que é na constância e na
determinação que desenvolve habilidade e imaginação. O seu uso o leva a
aprender e conhecer as forças da natureza e a desafiá-las; leva-o a conhecer as
próprias forças e limitações; relaciona-o com os companheiros e leva-o a viver
o afeto desta relação.
O malho é sempre empunhado pela mão direita, o lado ativo,
ele também é a insígnia do comando, da direção. Simboliza a vontade ativa, a
energia, a decisão, o aspecto ativo da consciência do maçom, a força e a
vontade. É o indutor da iniciativa, da perseverança, é, enfim, o símbolo da
inteligência que age e persevera, que dirige o pensamento.
Bibliografia
1. BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Segundo as Regras
da Simbólica Esotérica e Tradicional, título original: La Symbolique
Maçonnique, tradução: Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-315-0625-5,
primeira edição, Editora Pensamento Cultrix limitada., 400 páginas, São Paulo,
1979;
2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN
85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora limitada., 413 páginas, São
Paulo, 2001;
3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de, Dicionário de Maçonaria, Seus Mistérios, seus Ritos, sua Filosofia, sua História, quarta edição, Editora Pensamento Cultrix limitada., 550 páginas, São Paulo, 1989;
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