quinta-feira, 28 de setembro de 2023

O um e a Unidade

Como o entendimento da Unidade e do número Um servem para atender as necessidades imediatas práticas?

Charles Evaldo Boller


Um

Todos experimentam a sensação de certeza no mundo, mas há momentos em que nossa própria natureza nos separa do conhecido, definido e previsível para nos permitir evoluir e tornarmo-nos imprevisíveis. A necessidade de incerteza, diversidade e movimento interrompe os padrões de previsibilidade e estagnação, permitindo expandir quem se é e experimentarmo-nos em movimento. Claro que existe o risco de deixar o que é certo e conhecido, mas quando deixamos de "precisar saber", e entramos em domínios de possibilidades filosóficas surgem oportunidades de evoluir e progredir. Para facilitar consultamos os pensadores do passado, subimos em seus ombros para não ter que repetir todos os processos pelos quais eles passaram.

O Um é o todo e não deve ser confundido com o Um aritmético, por ser o absoluto. O Um não é número. É ato puro, a substância do Um supremo ao qual está unido pelo amor. Ideia de Pitágoras: "a unidade é a oposição entre o limite e o ilimitado". O número encerra sempre o numeroso, porque o número exige uma relação, e em toda relação há exigência de mais de um.

O Um é o nome e o caráter do mais alto grau do grande princípio, do Universo e do infinito. O Um é o centro de tudo. Fundamento de cada ser e de todas as unidades particulares que são absolutas e necessárias. É próximo da unidade absoluta: o Grande Arquiteto do Universo. Todas as outras unidades são relativas. O número não é outra coisa senão a repetição da unidade. A unidade encerra-se em todos os números, sendo a medida comum de todos eles e o manancial de sua origem.

O Um recebe simbolização universal nas religiões de todos os povos. O símbolo mais comum é o da circunferência com um ponto central. O Sol serve de inspiração ou a sua figura indica a unidade.

O número Um simboliza a individualidade. Tudo pode se reduzir a um e encontra a unidade. É o primeiro dos números: a unidade, o princípio de todas as coisas, que não é compreendida senão pelo efeito da dualidade.


A Unidade

Qualidade do que é único. Atributo do absoluto considerado num sentido sintético. É o princípio da individualidade e consequentemente da divisão quando considerada no seu sentido analítico. É a busca da Individuação sugerida na cerimônia de iniciação e que culmina com a iniciação interna, espiritual. Pode-se encará-la da mesma forma que a mônada, substância simples, algo "único", "simples". É o princípio de individualização a qualquer grau que seja e sempre semelhante a si mesmo.

A unidade é o absoluto, princípio de todas as coisas, ao qual se dirige toda a Filosofia, principalmente a maçônica. Trata-se de necessidade imperiosa do espírito humano.

Tomamos todos os dias decisões e ações em nossa vida com base no que pensamos, sentimos e acreditamos como se fossemos um. Sentir-se único é importante. Embora nem sempre sejamos conscientes do por que tomamos certas decisões, a verdade é que cada um tem filtros próprios de percepção que, naturalmente, classificam certas decisões e ações mais altas do que outras. É fascinante considerar que temos mais de sete bilhões de versões de realidade que se desenrolam todos os dias no planeta, cada um compartilha um núcleo de necessidades humanas que orientam e motivam decisões e ações.

A unidade é o pivô ao qual se está obrigado a ligar o feixe das ideias. A unidade como fonte, centro de toda ordem sistemática, princípio de vida, foco desconhecido em sua essência, manifesto em seus efeitos. No passado a Astronomia ensinava misteriosamente a Astrologia; a ciência dos números era baseada em princípios cabalísticos.

Os antigos e o próprio Pitágoras jamais tiveram a intenção de atribuir aos números a signos abstratos ou virtude particular. Concordaram em reconhecer a causa primeira e única, material e espiritual da existência do universo. Daí, a unidade tornou-se símbolo da divindade suprema. Dela se serviram para exprimir, para representar o Grande Arquiteto do Universo, mas sem atribuir ao número Um, qualquer virtude divina ou sobrenatural.


Bibliografia

1. Dicionários Maçônicos, Diversos;

2. Richards, Chip, as Seis Necessidades Humanas Básicas de Anthony Robbins;

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