Como o entendimento da Unidade e do número Um servem para atender as necessidades imediatas práticas?
Charles Evaldo Boller
Um
Todos experimentam a sensação de certeza no mundo, mas há
momentos em que nossa própria natureza nos separa do conhecido, definido e
previsível para nos permitir evoluir e tornarmo-nos imprevisíveis. A
necessidade de incerteza, diversidade e movimento interrompe os padrões de
previsibilidade e estagnação, permitindo expandir quem se é e
experimentarmo-nos em movimento. Claro que existe o risco de deixar o que é
certo e conhecido, mas quando deixamos de "precisar saber", e
entramos em domínios de possibilidades filosóficas surgem oportunidades de
evoluir e progredir. Para facilitar consultamos os pensadores do passado,
subimos em seus ombros para não ter que repetir todos os processos pelos quais
eles passaram.
O Um é o todo e não deve ser confundido com o Um aritmético,
por ser o absoluto. O Um não é número. É ato puro, a substância do Um supremo
ao qual está unido pelo amor. Ideia de Pitágoras: "a unidade é a oposição
entre o limite e o ilimitado". O número encerra sempre o numeroso, porque
o número exige uma relação, e em toda relação há exigência de mais de um.
O Um é o nome e o caráter do mais alto grau do grande
princípio, do Universo e do infinito. O Um é o centro de tudo. Fundamento de cada
ser e de todas as unidades particulares que são absolutas e necessárias. É
próximo da unidade absoluta: o Grande Arquiteto do Universo. Todas as outras
unidades são relativas. O número não é outra coisa senão a repetição da
unidade. A unidade encerra-se em todos os números, sendo a medida comum de
todos eles e o manancial de sua origem.
O Um recebe simbolização universal nas religiões de todos os
povos. O símbolo mais comum é o da circunferência com um ponto central. O Sol
serve de inspiração ou a sua figura indica a unidade.
O número Um simboliza a individualidade. Tudo pode se
reduzir a um e encontra a unidade. É o primeiro dos números: a unidade, o
princípio de todas as coisas, que não é compreendida senão pelo efeito da
dualidade.
A Unidade
Qualidade do que é único. Atributo do absoluto considerado
num sentido sintético. É o princípio da individualidade e consequentemente da
divisão quando considerada no seu sentido analítico. É a busca da Individuação
sugerida na cerimônia de iniciação e que culmina com a iniciação interna,
espiritual. Pode-se encará-la da mesma forma que a mônada, substância simples,
algo "único", "simples". É o princípio de individualização
a qualquer grau que seja e sempre semelhante a si mesmo.
A unidade é o absoluto, princípio de todas as coisas, ao
qual se dirige toda a Filosofia, principalmente a maçônica. Trata-se de
necessidade imperiosa do espírito humano.
Tomamos todos os dias decisões e ações em nossa vida com
base no que pensamos, sentimos e acreditamos como se fossemos um. Sentir-se
único é importante. Embora nem sempre sejamos conscientes do por que tomamos
certas decisões, a verdade é que cada um tem filtros próprios de percepção que,
naturalmente, classificam certas decisões e ações mais altas do que outras. É
fascinante considerar que temos mais de sete bilhões de versões de realidade
que se desenrolam todos os dias no planeta, cada um compartilha um núcleo de
necessidades humanas que orientam e motivam decisões e ações.
A unidade é o pivô ao qual se está obrigado a ligar o feixe
das ideias. A unidade como fonte, centro de toda ordem sistemática, princípio
de vida, foco desconhecido em sua essência, manifesto em seus efeitos. No
passado a Astronomia ensinava misteriosamente a Astrologia; a ciência dos
números era baseada em princípios cabalísticos.
Os antigos e o próprio Pitágoras jamais tiveram a intenção
de atribuir aos números a signos abstratos ou virtude particular. Concordaram
em reconhecer a causa primeira e única, material e espiritual da existência do
universo. Daí, a unidade tornou-se símbolo da divindade suprema. Dela se
serviram para exprimir, para representar o Grande Arquiteto do Universo, mas
sem atribuir ao número Um, qualquer virtude divina ou sobrenatural.
Bibliografia
1. Dicionários Maçônicos, Diversos;
2. Richards, Chip, as Seis Necessidades Humanas Básicas de
Anthony Robbins;
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