sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Solução de Problemas da Humanidade

Brasil independente de sistemas aviltantes.

Charles Evaldo Boller


A multidão anda desencantada com política! Julga os políticos causadores de todos os males, um câncer em nossa sociedade.

Estão enojadas com a politicagem e principalmente com a corrupção. Consideram a política vil e perniciosa. Opção de trabalho de indivíduos incompetentes, inescrupulosos, que se extasiam na busca ao poder por simples vaidade ou no interesse em fazer seu patrimônio crescer pela corrupção.

Será que dentre todos os políticos profissionais não existe um único que vise governar de forma a resolver problemas? Serão todos os políticos desonestos? Incompetentes? Estultos?

Os fatos indicam que sim!

Tomam-se empréstimos vultosos de organismos internacionais para acabar com fome e miséria. A poupança nacional é cedida por empréstimo a países que dão calote ou envolvem o Brasil em negociatas que depois resultam em indenizações que matam nossas crianças. Chagas sem fim!

Há décadas usam-se os mesmos jargões: acabar com a violência, a doença, a ignorância, a fome! Há quem pergunte: crianças devem passar fome para que se honrem dívidas?

O mundo vive respondendo que sim!

Países como o Brasil frequentemente contraem e pagam dívidas!

Milhões de crianças já deram, e dão, suas vidas como pagamento por dívidas e outros milhões continuam pagando estas mesmas obrigações com corpos desnutridos e mentes deformadas.

Para pagar estas dívidas criou-se um sistema moderno de escravos.

A floresta amazônica vem sendo destruída rapidamente porque se insiste em saldar dívidas com gado ou produção agrícola. Existem locais onde sequer se dá tempo para explorar de forma coerente a madeira existente; incêndios devastam florestas imensas apenas para dar lugar a alguma indústria pecuária ou agrária.

Que é feito com o que deveria ser fonte de divisas para acabar com fome e miséria?

O que é feito com o dinheiro arrecadado às custas das vidas de crianças e cidadãos?

Porque nosso político não dá um basta?

Existem grandes e honestos pensadores políticos. Inclusive, maçons! É incompetência? O que lhes limita a atuação? É sua formação acadêmica. Todos os profissionais, em todas as áreas de atuação são treinados tendo por estribo uma base filosófica mecanicista, um método que visa quebrar um problema grande em componentes menores, para então tratar de entender e resolver cada componente em separado.

Porém, ao tentar resolver um dos componentes perde-se a visão de conjunto, da interdependência dos componentes do problema. Não é possível resolver separados os problemas globais. Pode-se consertar um componente, mas este vai quebrar de novo em seguida, apenas porque se ignoraram os outros problemas conectados com ele. É necessário mudar tudo numa só vez, ao mesmo tempo; os ideais, as instituições e os valores.

Nisto a maioria de nossos políticos são incompetentes, indiferente da pessoa ou partido político que assume o poder. É a razão de as soluções não se tornarem perenes. É o motivo do insucesso! É a causa de políticos serem execrados pelos eleitores!

A formação cartesiana permite dissecar uma árvore, mas não habilita a entender sua natureza. Um pensador de sistemas olharia a árvore em suas trocas sazonais, entre árvore e terra, entre Terra e céu. Ele tem a capacidade de visualizar seu ciclo anual como uma imensa respiração que a Terra realiza com suas florestas, propiciando oxigênio, sopro de vida, unindo Terra ao céu e os sistemas ao universo. Não se observaria apenas em relação à vida de toda a floresta, mas como o habitat de pássaros, o lar de insetos.

Ao observar uma árvore como ente isolado fica-se intrigado com os milhões de frutos que ela produz em vida, onde apenas uma ou duas frutas produzirão árvores semelhantes. Mas, se observarmos a árvore como membro de um sistema vivo maior, tal abundância de frutos fará sentido, pois centenas de animais e aves sobreviverão graças a ela. Isto é interdependência! A árvore não sobrevive sozinha. Para tirar água do solo, precisa de fungos que crescem na raiz. O fungo precisa da raiz e a raiz precisa do fungo. Se um morrer, o outro morre também.

Há milhões de relações como esta no mundo, cada uma envolvendo interdependência. A teoria dos sistemas reconhece esta lei de relações como a essência de todas as coisas vivas. Só um desinformado chamaria tal noção de ingênua ou romântica, porque a dependência comum a todos é fato científico.

O que ocorre com o exemplo da árvore deveria ser parte da formação do político. A profissão de político não pode ser executada por aventureiros, por pessoas despreparadas. Além de profissional especializado, que sabe pensar, conquistar, manter e expandir o poder de forma legítima e com força, ele deve se formar no entendimento de sistemas interdependentes.

De modo que, ao resolver o problema da habitação, resolva também educação, segurança, meio-ambiente, saúde, tráfego, distribuição da riqueza, tudo junto, tudo interdependente.

Se assim o fizer, o resultado será positivo, gerador de bem estar e felicidade, que é, em essência, o objetivo da política.

Mesmo que a Maçonaria tenha por objetivo o fomento e desenvolvimento de atividade filantrópica, filosófica e constitua escola de moral e preservação da liberdade e igualdade, ela é instituição de forte característica política. É erro admitir que ela não seja política. Por isto, é importante ao maçom aprender ao menos escolher seu representante político baseado não apenas por sua característica moral e formação acadêmica, mas, especialmente, por sondar se em seu candidato existe noção de sistemas interdependentes. Esta constitui uma maneira de atuar no objetivo de realmente propiciar soluções duradouras aos problemas da humanidade.

Ao ser iniciado maçom tornam-se sua responsabilidade servir como multiplicador de ideias que levem o Brasil e o mundo a se tornar independente de sistemas aviltantes que escravizam, esmagam e trituram o ser humano até só sobrar bagaço!


Bibliografia

1. BORGES, Valter da Rosa, A Realidade Múltipla, primeira edição, Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas, 420 páginas, Recife, 1995;

2. CAPRA, Fritjof, O Ponto de Mutação, A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente, título original The Turning Point, tradução Álvaro Cabral; Newton Roberval Eichemberg, primeira edição, Editora Pensamento Cultrix limitada, 448 páginas, São Paulo, 1982;

3. GOLEMAN, Daniel, Inteligência Emocional, A Teoria Revolucionária que Redifine o que é Ser Inteligente, título original Emotional Intelligence, tradução Marcos Santarrita, ISBN 85-7302-080-6, 14ª edição, Editora Objetiva limitada, 376 páginas, Rio de Janeiro, 1995;

4. MARTINS, Maria Helena Pires; ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, Filosofando, Introdução à Filosofia, ISBN 85-16-00826-6, primeira edição, Editora Moderna limitada, 396 páginas, São Paulo, 1993;

5. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original La Fantasia e La Concretezza, tradução Gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;

6. TOFFLER, Alvin, A Terceira Onda, A Morte do Industrialismo e o Nascimento de uma Nova Civilização, título original The Thrid Wave, tradução João Távora, ISBN 85-01-01797-3, 21ª edição, Editora Record, 492 páginas, Rio de Janeiro, 1980;

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