Curta interpretação dos elementos decorativos da abóboda
celeste representada no teto de uma loja maçônica simbólica do Rito Escocês
Antigo e Aceito.
Charles Evaldo Boller
O teto do templo, de forma abobadada, é pintado e representa
o firmamento, cuja tonalidade, azul-claro no oriente, vai gradativamente
escurecendo em direção ao Ocidente, entremeado de nuvens.
O Sol, com raios dourados, aparece um pouco à frente do
trono.
Sobre o altar do primeiro vigilante, encontra-se a Lua
prateada, em quarto crescente, sobre o altar do segundo vigilante uma estrela
branca de cinco pontas".
Fornece detalhes de cada constelação e estrelas num total de
trinta e cinco figuras.
Cada elemento deste céu tem seu significado particular.
Inicialmente utilizado para demonstrar o interesse pela
astronomia dos maçons antigos; para o maçom moderno seu simbolismo ficou
restrito à definição do tamanho do templo espiritual que é erigido por ocasião
da abertura dos trabalhos, mesmo que cada elemento tenha explicada sua presença
de diversas formas.
Referindo-se a tamanho físico do templo, seu comprimento é
do oriente ao Ocidente; sua largura, do Norte ao sul, sua profundidade, da
superfície ao centro da Terra, e sua altura, da Terra ao céu. A loja é
representada deste modo, numa vasta extensão para simbolizar a universalidade
da instituição e para mostrar que a caridade do maçom não tem limites, a não
ser os ditados pela prudência.
A abobada decorada com corpos celestes simboliza a abertura
que a consciência do espírito do homem deve tomar para alcançar o absoluto de
suas aspirações transcendentais. O céu decorado não está limitado ao
circunscrito pelos astros ali representados, mas tende a um finito plausível,
limitado apenas pelo alcance da imaginação de cada um. Para o maçom em sua busca
pela plenitude do espírito, este céu é como se fosse a união do espírito
mundial que eleva a mente dele em sua crença em um Ser Supremo, o conceito de
um Grande Arquiteto do Universo.
O maçom não discute este Ser Supremo porque é aquilo que a
nenhum ser vivente e mortal é possível definir; se existem tentativas, estas
são vãs e conduzem apenas a discussões vazias e especulações infindas que só
conduzem a disputas e separações. Este céu é símbolo da transcendência de cada
um à sua maneira e daquilo que lhe é sagrado e poderoso.
A transcendência é colocada acima, para o alto, porque é
onde normalmente o homem, desde os primórdios de sua história, dirige-se em
busca de sua espiritualidade, entretanto, ao longo do tempo, e do crescimento
do maçom, ele descobre que aquele céu sobre sua cabeça tem um equivalente em
seu interior; é o reconhecimento de um Universo interior, o macrocosmo, de que
é composto o seu corpo físico à semelhança do Universo representado pelos
desenhos; ao contemplar o céu pela ilustração da abóbada pintada no teto do
templo, em verdade o maçom está olhando para dentro de si próprio.
Esta abobada celeste atende às necessidades básicas de
introspecção; sejam deístas ou teístas, até o ateísta a usa em seu materialismo
para reconhecer sua insignificância frente ao Universo; a absoluta maioria dos
maçons tem nesta representação a dimensão do transcendental, de como ela é
finita, e por isso não a consideram a representação total do homem, mas uma
parte importante, sem a qual o homem é um ser incompleto. É dada para cada um a
possibilidade de imaginar o cosmos, cujo significado original é colocar ordem
em algo, de colocar beleza naquilo que cada um considera importante para a sua
construção interna e transcendental. É o local das coisas elevadas, aquilo que
o iniciado busca em lugares baixos para que lhe seja possível encontrar coisas
insignificantes em lugares altos.
Bibliografia
1. ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni, História da Filosofia,
Antiguidade e Idade Média, Volume 1, ISBN 85-349-0114-7, primeira edição,
Paulus, 670 páginas, São Paulo, 1990;
2. GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do
Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, primeira edição, Madras Editora limitada.,
308 páginas, São Paulo, 2003;
3. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano,
tradução: Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, primeira edição, Editora Nova
Cultural limitada., 320 páginas, São Paulo, 2005;
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