sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Abóbada Celeste da Loja

Curta interpretação dos elementos decorativos da abóboda celeste representada no teto de uma loja maçônica simbólica do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Charles Evaldo Boller


O teto do templo, de forma abobadada, é pintado e representa o firmamento, cuja tonalidade, azul-claro no oriente, vai gradativamente escurecendo em direção ao Ocidente, entremeado de nuvens.

O Sol, com raios dourados, aparece um pouco à frente do trono.

Sobre o altar do primeiro vigilante, encontra-se a Lua prateada, em quarto crescente, sobre o altar do segundo vigilante uma estrela branca de cinco pontas".

Fornece detalhes de cada constelação e estrelas num total de trinta e cinco figuras.

Cada elemento deste céu tem seu significado particular.

Inicialmente utilizado para demonstrar o interesse pela astronomia dos maçons antigos; para o maçom moderno seu simbolismo ficou restrito à definição do tamanho do templo espiritual que é erigido por ocasião da abertura dos trabalhos, mesmo que cada elemento tenha explicada sua presença de diversas formas.

Referindo-se a tamanho físico do templo, seu comprimento é do oriente ao Ocidente; sua largura, do Norte ao sul, sua profundidade, da superfície ao centro da Terra, e sua altura, da Terra ao céu. A loja é representada deste modo, numa vasta extensão para simbolizar a universalidade da instituição e para mostrar que a caridade do maçom não tem limites, a não ser os ditados pela prudência.

A abobada decorada com corpos celestes simboliza a abertura que a consciência do espírito do homem deve tomar para alcançar o absoluto de suas aspirações transcendentais. O céu decorado não está limitado ao circunscrito pelos astros ali representados, mas tende a um finito plausível, limitado apenas pelo alcance da imaginação de cada um. Para o maçom em sua busca pela plenitude do espírito, este céu é como se fosse a união do espírito mundial que eleva a mente dele em sua crença em um Ser Supremo, o conceito de um Grande Arquiteto do Universo.

O maçom não discute este Ser Supremo porque é aquilo que a nenhum ser vivente e mortal é possível definir; se existem tentativas, estas são vãs e conduzem apenas a discussões vazias e especulações infindas que só conduzem a disputas e separações. Este céu é símbolo da transcendência de cada um à sua maneira e daquilo que lhe é sagrado e poderoso.

A transcendência é colocada acima, para o alto, porque é onde normalmente o homem, desde os primórdios de sua história, dirige-se em busca de sua espiritualidade, entretanto, ao longo do tempo, e do crescimento do maçom, ele descobre que aquele céu sobre sua cabeça tem um equivalente em seu interior; é o reconhecimento de um Universo interior, o macrocosmo, de que é composto o seu corpo físico à semelhança do Universo representado pelos desenhos; ao contemplar o céu pela ilustração da abóbada pintada no teto do templo, em verdade o maçom está olhando para dentro de si próprio.

Esta abobada celeste atende às necessidades básicas de introspecção; sejam deístas ou teístas, até o ateísta a usa em seu materialismo para reconhecer sua insignificância frente ao Universo; a absoluta maioria dos maçons tem nesta representação a dimensão do transcendental, de como ela é finita, e por isso não a consideram a representação total do homem, mas uma parte importante, sem a qual o homem é um ser incompleto. É dada para cada um a possibilidade de imaginar o cosmos, cujo significado original é colocar ordem em algo, de colocar beleza naquilo que cada um considera importante para a sua construção interna e transcendental. É o local das coisas elevadas, aquilo que o iniciado busca em lugares baixos para que lhe seja possível encontrar coisas insignificantes em lugares altos.


Bibliografia

1. ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni, História da Filosofia, Antiguidade e Idade Média, Volume 1, ISBN 85-349-0114-7, primeira edição, Paulus, 670 páginas, São Paulo, 1990;

2. GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, primeira edição, Madras Editora limitada., 308 páginas, São Paulo, 2003;

3. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano, tradução: Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, primeira edição, Editora Nova Cultural limitada., 320 páginas, São Paulo, 2005;

4. RODRIGUES, Raimundo, Templo de Salomão, As Origens Históricas do Templo de Salomão e Outras Histórias Interessantes, ISBN 85-7252-203-4, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 184 páginas, Londrina, 2005;

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