sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Leis do Hermetismo na Maçonaria

Uma referência esotérica.

Charles Evaldo Boller


O Hermetismo ostenta sete leis básicas as quais pretendem orientar todas as coisas nas mais se baseiam as diversas realidades:


Lei de Correspondência

Revela no Hermetismo a cegueira da criatura em virtude da prisão planetária a que está sujeita. Ocorre em relação às referências fora da percepção. A Filosofia Hermética o designa por instâncias do imensamente grande como "em cima" e o infinitamente pequeno como "embaixo". O problema é ver, ou perceber os fenômenos fora da faixa sensível, pois não existem instrumentos adequados que ampliem a capacidade de percepção do observador.

O Universo e suas manifestações são estritamente energéticos.

Microcosmo – "embaixo" - e macrocosmo – "em cima" - é uma coisa só. Um está no outro.

Física e mecânica quântica não respondem todas as questões "em cima" e "embaixo". Tocam apenas a superfície das instâncias mais sutis. Em níveis mais elementares existem ordens de "inteligência espiritual" que organizam os fenômenos. Pensar que tudo acontece por acidentes e desequilíbrios aleatórios, num sem número de tentativas de acerto e erro, não é lógico.

Existe uma "inteligência espiritual".

Existe um Princípio Criador.


Lei do Mentalismo

No livro "O Gene Egoísta", Richard Dawkins confronta o leitor com uma aplicação do conhecimento da "inteligência interna" do DNA no tratamento de doenças. Onde o corpo parte na fabricação de enzimas com o objetivo de reparar tecido ou órgão afetado por doença. Parte do princípio que o DNA tem "inteligência" de reparar-se em busca de estados onde a energia circule livremente.

Daí existir uma percepção "inteligente" que pode ser influenciada para curar doenças. O que é traduzido como milagre debitado a divindades externas é a simples manifestação da "inteligência interior" controlada pela mente onde o divino está dentro do DNA da criatura.

Corpo e mente como uma coisa só.

Mente - software, inteligência - orienta a forma de canalizar a energia do corpo - hardware.

Na lei hermética do Mentalismo "tudo é mente".

O próprio Universo é mente ou "inteligência espiritual".

Pode-se deduzir a partir disso que a força da oração orientada pela mente canalize energias que produzem enzimas reparadoras. Algo parecido quando diversas pessoas pensam, vibram numa mesma direção harmoniosa, conseguirem influenciar no processo de cura, não apenas de si mesmas, mas até de outra pessoa em local distante.

É tudo energia vibrando e sintonizada para organizar o Universo.

Cada fenômeno em sua frequência.

Em diversificadas instâncias existenciais.

A receita para aprender com as leis do Hermetismo é "menos Prozac e mais Platão".

Os símbolos estão espalhados pela loja. Quem os vê? Pode ser comparado aos crentes que se dirigem aos santuários de Lourdes ou Fátima em busca de cura. Voltam curados? A maioria volta exatamente como foi. Quantos alcançam a graça de obter o nível de consciência que cura doenças? Poucos.

A potencialidade que se utiliza da "inteligência espiritual" está disponível em todos, dentro de cada ser, basta aprender a usá-los. Considerando que os cientistas ainda estão engatinhando no mundo quântico, é provável que os simples mortais ainda continuem, por muito tempo, em meras especulações intelectuais.


Lei da Vibração

A constatação da capacidade de cura fora do comum sem a participação da medicina e largamente experimentada por miríades de pessoas e remete à lei da vibração do hermetismo: "nada está parado, tudo vibra" - porque é tudo energia.

Energia é movimento oscilatório.

A criatura é enganada pelos seus sensores porque está no meio, entre o "em cima" e o "embaixo". Ancorada no planeta Terra. Em estados da matéria, que, como agora aventam os cientistas, possui algo em torno de 500 estados diferentes.

A investigação das partículas atômicas engatinha.

Os mais de 500 estados da matéria traduzem apenas graus de complexidade crescente de formação do Universo. Revela o quanto desconhecemos de nosso próprio corpo e de seus potenciais. 500 é pouco!


Lei da Polaridade

Nada concebemos se não existir desequilíbrio. Tudo tem seu oposto, senão não existe ou não o percebemos.

A lei da polaridade do hermetismo afirma a existência de dois polos em tudo. Não existe verdade quando se está limitado entre o "em cima" e o "embaixo". Até o momento ainda não encontraram no Universo um único monopolo sequer. Dualidade é presente nas manifestações das emoções, da luz, no som, na eletricidade, em tudo.


Lei de Causa e Efeito

A casualidade existe, mas é submetida a esta lei. Não existe acaso. Tudo tem propósito, é provocado e tem consequências. Inteligentemente concebido para organizar o Universo. Se algo é feito, há retorno, o que torna responsável seu autor.


Lei do Ritmo

O que sobe também desce. É criação e destruição. Debaixo desta lei os contrários movem-se em círculos de eternas modificações. Os orientais traduzem isto tão bem em sua filosofia.


Lei do Gênero

Masculino e feminino é manifestação da "inteligência espiritual" encontrada no âmago dos planos do Princípio Criador. Nada é totalmente masculino ou feminino. O yin e o yang representam bem a energia receptiva feminina e a energia projetiva masculina.

Dois são necessários para dar continuidade ao que define a "inteligência espiritual" existem em si. Polo algum produz sem a colaboração do oposto.


Hierarquia das Leis Herméticas

O homem é energia que varia a todo o momento; depende no que interage. Quanto mais desenvolve atividades para o bem mais energia aporta. A doença física diminui a energia a valores mínimos. Isto é representado pela pirâmide das necessidades de Maslow em seu último estágio, o da autorrealização, fase em que a pessoa não se preocupa tanto com aquisição e manutenção de bens materiais. O fim último do maçom deve ser o de alcançar o último nível das necessidades quando pratica o bem sem atentar a quem ou visar qualquer tipo de benefício próprio.

Mas os conhecimentos esotéricos estão fora de moda!

O conhecimento esotérico desaparece porque os homens prendem-se ao detalhamento e rigidez ritualística, realizando gestos e rotinas mecanicamente sem entender seu significado sutil. Assim como as religiões perdem influência modificadora, os mistérios esotéricos perdem sua capacidade de sedução para melhorar o maçom.

Poucos usufruem da benesse oferecida pela Maçonaria na transmissão de conhecimentos herméticos para provocar novos e inusitados pensamentos para alcançar o último degrau das necessidades humanas. Tais ensinamentos são passados como obrigação regimental para subir de grau como se a loja fosse degradada numa escola pública de periferia.

No simbolismo, o encanto logo desaparece na apatia com que os temas eruditos do hermetismo são degradados. Ao continuar a jornada pelos graus filosóficos existe para o maçom mais uma chance de obter um pouco deste conhecimento que influencia para o bem.

Utilizando da simbologia da pedra: a maioria vê apenas uma pedra arrancada da pedreira. O que é arrancado dela como cascalho. As imperfeições, os pedriscos arrancados pelo cinzel servem apenas para pavimentar lugares estagnados pelo vício e que devem ser esquecidos ao invés de mudar paradigmas e regulamentar o caminho ao interior da pedra.

Erros são experiências que não podem ser esquecidos para que não voltem a se repetir. A falta de filosofia impede a penetração na pedra. Não se busca a essência, a "inteligência espiritual" que reside no mais recôndito do ser, na sua essência. É lá que os símbolos fazem seu trabalho na mente. Os símbolos estão lá!

O sistema humano de coisas compete dentro da pedra, saturando-a de publicidade com modelos que se parecem com ela e com os quais ela se identifica para tornar-se igual, passando a consumir e praticar falsos valores. A pedra é educada para o esquecimento. Nada de ócio criativo e reflexivo que permite alimentar a mente com a energia necessária para bem cumprir com sua função reguladora. O despertar da mente inicia quando a profundidade do céu passa a ser parte da pedra, onde a profundidade insondável não está mais do lado de fora, mas dentro de si. A lei do Mentalismo se manifesta quando surge a percepção de que a pedra se conscientiza que ela é a experiência e não que ela apenas vive uma experiência.

O conhecimento esotérico não pode ser distribuído se espremido em formas, como padrões.

O buscador não deve ser forçado a aceitar velhas fórmulas ditadas por sábios de antanho. Ou só ser aceito no círculo esotérico quando atingir certos sinais externos e evolução em direção ao padrão definido pelos antigos.

As leis do hermetismo são genéricas, amplas e apenas uma das coadjuvantes na formação do maçom. O ritual apenas fomenta o aporte do conhecimento esotérico. O interesse de penetração nos mistérios é do buscador. A "inteligência espiritual" é parte de um diálogo íntimo, dentro da pedra cúbica. Daí a importância de reservar tempo para escutar o corpo.

As leis do hermetismo ajudam na caminhada por esta experiência que se assemelha a um sonho como rezavam os Upanishads. Despertar para o significado das leis do hermetismo é o conhecimento natural a ser trabalhado pela mente para restaurar o corpo. O objetivo é o autoconhecimento e deixar de viver a inércia do cotidiano como se este fosse a única realidade existente. Todos os grandes iniciados recomendam a obrigação de exercícios de introspecção para estimular a mente em sintonizar as energias que se deslocam pelo corpo físico de modo a curá-lo e orientá-lo a atingir os desígnios desenhados pelo Grande Arquiteto do Universo.


Bibliografia

1. DAWKINS, Richard, O Gene Egoísta, título original: The Selfish Gene, tradução: Rejane Rubino, ISBN 978-85-359-1129-9, 1ª edição, Companhia das Letras, 540 páginas, São Paulo, 1976;

2. MONTEIRO, Eduardo Carvalho, A Maçonaria e as Tradições Herméticas, Coleção Biblioteca do Maçom, ISBN 85-7252-144-5, 1ª edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 174 páginas, Londrina, 2002;

3. PARANÁ, Grande Loja do, Ritual do Grau 01, Aprendiz Maçom, Rito Escocês Antigo e Aceito, 1ª edição, Grande Loja do Paraná, 126 páginas, Curitiba, 2013;

4. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, 2ª edição, 146 páginas, Tubarão Santa Catarina, 1982;

5. RAGON, José Marie, Ortodoxia Maçônica, a Maçonaria Oculta, a Iniciação Hermética, tradução: Ziéde Coelho Moreira, ISBN 85-370-0154-6, 1ª edição, Madras Editora Limitada, 476 páginas, São Paulo, 2006;

6. SOUTO, Élcio, O Iniciado, Drama Cósmico Maçônico, ISBN 85-7374-331-X, 1ª edição, Madras Editora Ltda., 106 páginas, São Paulo, 2001;

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