Uma referência esotérica.
Charles Evaldo Boller
O Hermetismo ostenta sete leis básicas as quais pretendem
orientar todas as coisas nas mais se baseiam as diversas realidades:
Lei de Correspondência
Revela no Hermetismo a cegueira da criatura em virtude da
prisão planetária a que está sujeita. Ocorre em relação às referências fora da
percepção. A Filosofia Hermética o designa por instâncias do imensamente grande
como "em cima" e o infinitamente pequeno como "embaixo". O
problema é ver, ou perceber os fenômenos fora da faixa sensível, pois não
existem instrumentos adequados que ampliem a capacidade de percepção do
observador.
O Universo e suas manifestações são estritamente
energéticos.
Microcosmo – "embaixo" - e macrocosmo – "em
cima" - é uma coisa só. Um está no outro.
Física e mecânica quântica não respondem todas as questões
"em cima" e "embaixo". Tocam apenas a superfície das
instâncias mais sutis. Em níveis mais elementares existem ordens de
"inteligência espiritual" que organizam os fenômenos. Pensar que tudo
acontece por acidentes e desequilíbrios aleatórios, num sem número de
tentativas de acerto e erro, não é lógico.
Existe uma "inteligência espiritual".
Existe um Princípio Criador.
Lei do Mentalismo
No livro "O Gene Egoísta", Richard Dawkins
confronta o leitor com uma aplicação do conhecimento da "inteligência
interna" do DNA no tratamento de doenças. Onde o corpo parte na fabricação
de enzimas com o objetivo de reparar tecido ou órgão afetado por doença. Parte
do princípio que o DNA tem "inteligência" de reparar-se em busca de
estados onde a energia circule livremente.
Daí existir uma percepção "inteligente" que pode
ser influenciada para curar doenças. O que é traduzido como milagre debitado a
divindades externas é a simples manifestação da "inteligência
interior" controlada pela mente onde o divino está dentro do DNA da
criatura.
Corpo e mente como uma coisa só.
Mente - software, inteligência - orienta a forma de
canalizar a energia do corpo - hardware.
Na lei hermética do Mentalismo "tudo é mente".
O próprio Universo é mente ou "inteligência espiritual".
Pode-se deduzir a partir disso que a força da oração
orientada pela mente canalize energias que produzem enzimas reparadoras. Algo
parecido quando diversas pessoas pensam, vibram numa mesma direção harmoniosa,
conseguirem influenciar no processo de cura, não apenas de si mesmas, mas até
de outra pessoa em local distante.
É tudo energia vibrando e sintonizada para organizar o
Universo.
Cada fenômeno em sua frequência.
Em diversificadas instâncias existenciais.
A receita para aprender com as leis do Hermetismo é
"menos Prozac e mais Platão".
Os símbolos estão espalhados pela loja. Quem os vê? Pode ser
comparado aos crentes que se dirigem aos santuários de Lourdes ou Fátima em
busca de cura. Voltam curados? A maioria volta exatamente como foi. Quantos alcançam
a graça de obter o nível de consciência que cura doenças? Poucos.
A potencialidade que se utiliza da "inteligência
espiritual" está disponível em todos, dentro de cada ser, basta aprender a
usá-los. Considerando que os cientistas ainda estão engatinhando no mundo
quântico, é provável que os simples mortais ainda continuem, por muito tempo,
em meras especulações intelectuais.
Lei da Vibração
A constatação da capacidade de cura fora do comum sem a
participação da medicina e largamente experimentada por miríades de pessoas e
remete à lei da vibração do hermetismo: "nada está parado, tudo
vibra" - porque é tudo energia.
Energia é movimento oscilatório.
A criatura é enganada pelos seus sensores porque está no
meio, entre o "em cima" e o "embaixo". Ancorada no planeta
Terra. Em estados da matéria, que, como agora aventam os cientistas, possui
algo em torno de 500 estados diferentes.
A investigação das partículas atômicas engatinha.
Os mais de 500 estados da matéria traduzem apenas graus de
complexidade crescente de formação do Universo. Revela o quanto desconhecemos
de nosso próprio corpo e de seus potenciais. 500 é pouco!
Lei da Polaridade
Nada concebemos se não existir desequilíbrio. Tudo tem seu
oposto, senão não existe ou não o percebemos.
A lei da polaridade do hermetismo afirma a existência de
dois polos em tudo. Não existe verdade quando se está limitado entre o "em
cima" e o "embaixo". Até o momento ainda não encontraram no
Universo um único monopolo sequer. Dualidade é presente nas manifestações das
emoções, da luz, no som, na eletricidade, em tudo.
Lei de Causa e Efeito
A casualidade existe, mas é submetida a esta lei. Não existe
acaso. Tudo tem propósito, é provocado e tem consequências. Inteligentemente
concebido para organizar o Universo. Se algo é feito, há retorno, o que torna
responsável seu autor.
Lei do Ritmo
O que sobe também desce. É criação e destruição. Debaixo
desta lei os contrários movem-se em círculos de eternas modificações. Os
orientais traduzem isto tão bem em sua filosofia.
Lei do Gênero
Masculino e feminino é manifestação da "inteligência
espiritual" encontrada no âmago dos planos do Princípio Criador. Nada é
totalmente masculino ou feminino. O yin e o yang representam bem a energia
receptiva feminina e a energia projetiva masculina.
Dois são necessários para dar continuidade ao que define a
"inteligência espiritual" existem em si. Polo algum produz sem a
colaboração do oposto.
Hierarquia das Leis Herméticas
O homem é energia que varia a todo o momento; depende no que
interage. Quanto mais desenvolve atividades para o bem mais energia aporta. A
doença física diminui a energia a valores mínimos. Isto é representado pela
pirâmide das necessidades de Maslow em seu último estágio, o da
autorrealização, fase em que a pessoa não se preocupa tanto com aquisição e
manutenção de bens materiais. O fim último do maçom deve ser o de alcançar o
último nível das necessidades quando pratica o bem sem atentar a quem ou visar
qualquer tipo de benefício próprio.
Mas os conhecimentos esotéricos estão fora de moda!
O conhecimento esotérico desaparece porque os homens
prendem-se ao detalhamento e rigidez ritualística, realizando gestos e rotinas
mecanicamente sem entender seu significado sutil. Assim como as religiões
perdem influência modificadora, os mistérios esotéricos perdem sua capacidade
de sedução para melhorar o maçom.
Poucos usufruem da benesse oferecida pela Maçonaria na
transmissão de conhecimentos herméticos para provocar novos e inusitados
pensamentos para alcançar o último degrau das necessidades humanas. Tais
ensinamentos são passados como obrigação regimental para subir de grau como se
a loja fosse degradada numa escola pública de periferia.
No simbolismo, o encanto logo desaparece na apatia com que
os temas eruditos do hermetismo são degradados. Ao continuar a jornada pelos
graus filosóficos existe para o maçom mais uma chance de obter um pouco deste
conhecimento que influencia para o bem.
Utilizando da simbologia da pedra: a maioria vê apenas uma
pedra arrancada da pedreira. O que é arrancado dela como cascalho. As
imperfeições, os pedriscos arrancados pelo cinzel servem apenas para pavimentar
lugares estagnados pelo vício e que devem ser esquecidos ao invés de mudar paradigmas
e regulamentar o caminho ao interior da pedra.
Erros são experiências que não podem ser esquecidos para que
não voltem a se repetir. A falta de filosofia impede a penetração na pedra. Não
se busca a essência, a "inteligência espiritual" que reside no mais
recôndito do ser, na sua essência. É lá que os símbolos fazem seu trabalho na
mente. Os símbolos estão lá!
O sistema humano de coisas compete dentro da pedra,
saturando-a de publicidade com modelos que se parecem com ela e com os quais
ela se identifica para tornar-se igual, passando a consumir e praticar falsos
valores. A pedra é educada para o esquecimento. Nada de ócio criativo e
reflexivo que permite alimentar a mente com a energia necessária para bem
cumprir com sua função reguladora. O despertar da mente inicia quando a
profundidade do céu passa a ser parte da pedra, onde a profundidade insondável
não está mais do lado de fora, mas dentro de si. A lei do Mentalismo se
manifesta quando surge a percepção de que a pedra se conscientiza que ela é a experiência
e não que ela apenas vive uma experiência.
O conhecimento esotérico não pode ser distribuído se
espremido em formas, como padrões.
O buscador não deve ser forçado a aceitar velhas fórmulas
ditadas por sábios de antanho. Ou só ser aceito no círculo esotérico quando
atingir certos sinais externos e evolução em direção ao padrão definido pelos
antigos.
As leis do hermetismo são genéricas, amplas e apenas uma das
coadjuvantes na formação do maçom. O ritual apenas fomenta o aporte do
conhecimento esotérico. O interesse de penetração nos mistérios é do buscador.
A "inteligência espiritual" é parte de um diálogo íntimo, dentro da
pedra cúbica. Daí a importância de reservar tempo para escutar o corpo.
As leis do hermetismo ajudam na caminhada por esta experiência
que se assemelha a um sonho como rezavam os Upanishads. Despertar para o
significado das leis do hermetismo é o conhecimento natural a ser trabalhado
pela mente para restaurar o corpo. O objetivo é o autoconhecimento e deixar de
viver a inércia do cotidiano como se este fosse a única realidade existente.
Todos os grandes iniciados recomendam a obrigação de exercícios de introspecção
para estimular a mente em sintonizar as energias que se deslocam pelo corpo
físico de modo a curá-lo e orientá-lo a atingir os desígnios desenhados pelo
Grande Arquiteto do Universo.
Bibliografia
1. DAWKINS, Richard, O Gene Egoísta, título original: The
Selfish Gene, tradução: Rejane Rubino, ISBN 978-85-359-1129-9, 1ª edição,
Companhia das Letras, 540 páginas, São Paulo, 1976;
2. MONTEIRO, Eduardo Carvalho, A Maçonaria e as Tradições
Herméticas, Coleção Biblioteca do Maçom, ISBN 85-7252-144-5, 1ª edição, Editora
Maçônica a Trolha Limitada, 174 páginas, Londrina, 2002;
3. PARANÁ, Grande Loja do, Ritual do Grau 01, Aprendiz Maçom,
Rito Escocês Antigo e Aceito, 1ª edição, Grande Loja do Paraná, 126 páginas,
Curitiba, 2013;
4. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, 2ª edição, 146 páginas,
Tubarão Santa Catarina, 1982;
5. RAGON, José Marie, Ortodoxia Maçônica, a Maçonaria
Oculta, a Iniciação Hermética, tradução: Ziéde Coelho Moreira, ISBN
85-370-0154-6, 1ª edição, Madras Editora Limitada, 476 páginas, São Paulo,
2006;
6. SOUTO, Élcio, O Iniciado, Drama Cósmico Maçônico, ISBN
85-7374-331-X, 1ª edição, Madras Editora Ltda., 106 páginas, São Paulo, 2001;
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