Considerações a respeito da jornada iniciada por ocasião da
iniciação.
Charles Evaldo Boller
No mais absoluto sigilo, o processo de iniciação começa com
a proposta de um cidadão por um mestre maçom. Efetuam-se diversas
investigações. Só pessoa de destacadas características é desejada e introduzida
na ordem maçônica numa cerimônia especial determinada a testar seu valor.
Considera-se que o indivíduo está sendo cortado de uma pedreira, a sociedade, e
que mesmo com suas qualidades e erudição reconhecidas ele ainda apresenta uma
forma tosca, repleta de imperfeições.
A caminhada inicia em cegueira profunda, total inexistência
de Luz, representação de sua condição em estado bruto em termos maçônicos,
tanto intelectual como espiritual. A venda sobre seus olhos representa seus
primeiros passos em total dependência, ignorância e sem iniciativa. Tomam-lhe
as posses, a roupa, colocam um laço em seu pescoço à semelhança de um enforcado
e calçam um pé com um ordinário e rústico chinelo.
Faz seu testamento e preenche formulário com uma série de
perguntas para simbolizar um novo nascimento, é quando morre para o mundo
profano, para então reviver na cerimônia de iniciação. Passa a efetuar viagens
simbólicas e é submetido às provas dos quatro elementos: Terra, água, ar e
fogo. São apresentados seus deveres básicos: Absoluto silêncio sobre tudo o que
viu e ouviu; vencer as paixões; praticar a solidariedade, socorrendo outros
maçons, encaminhando-os a praticarem o bem; é-lhe exigida a crença num
princípio criador, baseado no conceito de Grande Arquiteto do Universo, cuja
manifestação só se faz sentir onde as pessoas se tratam como irmãos e se entre
eles reinar o mais profundo Amor; sujeitar-se ao regulamento da loja, aos
estatutos, constituições e Landemarques. Depois disto lhe é revelada a Luz.
No dia de sua iniciação o maçom inicia uma jornada que
durará o resto de sua vida. Passa a construir a si próprio por utilizar-se das
ferramentas que estão espalhadas pelas oficinas maçônicas. A Maçonaria propicia
as ferramentas, ele a matéria prima, a pedra.
Ele é a pedra.
E somente ele a pode trabalhar, porque só ele tem o poder e
a capacidade de modificá-la. E assim burilada, por quem tem o interesse maior,
vai resultar um ser humano que sabe equilibrar Amor, Vontade e Intelecto,
constituindo este o centro do grande tema da Maçonaria.
Desbastar a pedra bruta é tarefa individual que os maçons
perseguem nem tanto em sentido estrito da moral e da ética, porém, mais na
dimensão da elevação espiritual e aprimoramento de caráter em seu sentido mais
lato.
As lascas, o cascalho, que caem neste trabalho são os
defeitos e imperfeições, como preconceitos, ignorância, fanatismo, orgulho e
outros.
E só depois de disciplinada e diligente atividade no
desbaste de sua pedra bruta é que o iniciado vai encontrar, lá dentro de si, o
espírito, a alma, o transcendental.
Que o Grande Arquiteto do Universo ilumine e guarde os
iniciados em nossos augustos mistérios!
Bibliografia
1. BECK, Ralph T., A Maçonaria e Outras Sociedades Secretas,
As Grandes Perguntas da História, título original: La Masoneria, tradução: Ciro
Aquino, ISBN 85-7665-095-6? Primeira edição, Editora Planeta do Brasil
limitada., 190 páginas, São Paulo, 2004;
2. CAMINO, Rizzardo da, O Aprendizado Maçônico, Biblioteca
do Maçom, número 24, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 176
páginas, Londrina, 1993;
3. JAKOBI, Heinz Roland, Graus Sombólicos Compêndio
Maçônica, ISBN 978-85-7252-230-4, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha
limitada., 334 páginas, Londrina, 2007;
4. LACERDA JÚNIOR, Luiz Antonio Grieco e, Maçonaria, Manual
do Candidato, primeira edição, Grande loja do Estado de São Paulo, 119 páginas,
São Paulo;
5. NALLY, Luis Javier Miranda MC, Iniciação, ISBN
978-85-7252-246-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha limitada., 236
páginas, Londrina, 2008;
6. SOUTO, Élcio, O Iniciado, Drama Cósmico Maçônico, ISBN
85-7374-331-X, primeira edição, Madras Editora limitada., 106 páginas, São
Paulo, 2001;
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