Educação e liberdade.
Charles Evaldo Boller
O sistema econômico mundial mantém os menos aptos submissos
pela falta de educação.
Em países do hemisfério Sul são estabelecidos pisos para
investimento na educação em todos os níveis do poder, mas estes pisos passam a
ser utilizados pela administração pública como tetos, e a partir disto, o
cidadão não aprende a pensar, fica desqualificado para o mercado de trabalho,
não exerce sua capacidade de libertar-se para a vida com qualidade. E como não
tem capacidade de alimentar o sistema econômico mundial, ele fenece.
Exemplo disto é o fato de existirem em nossos dias milhares
de indústrias eficientes que produzem bens para um número cada vez menor de
clientes; porque estes não têm condições de comprá-los; daí estas mesmas
indústrias demitem ou automatizam cada vez mais e com isto eliminam seus
principais clientes que são os funcionários demitidos.
Outra faceta é a daqueles que obtém a possibilidade de levar
a vida de uma forma mais confortável e que tomam para si muito mais que o
necessário para sua sobrevivência, é o desperdício.
Mahatma Gandhi disse que "a cada dia a natureza produz
o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse
necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome".
O maçom é incentivado em promover a caridade. Será
suficiente?
Por mais que se auxilie em ações pontuais, jamais será capaz
de acabar com o abismo que separa ricos de pobres.
Só a capacidade de pensar pode municiar os pobres com a
capacidade de eles mesmos irem em busca de recursos, não poluir e reduzir a
natalidade. Com isto se reduzirá a ação nefasta do sistema econômico mundial
que escraviza ao ponto de matar para possibilitar sua própria sobrevivência.
Debaixo do sistema humano sempre existirão pobres e
miseráveis, mas não haverá necessidade de partir para ações que trucidam tantos
de forma vil.
Temos no Brasil uma prática funesta de inibição da vontade
de progredir, são as bolsas de auxílio aos pobres. Prática fatal que inibe o
desenvolvimento individual e incentiva a natalidade. Quanto mais filhos, mais
dinheiro o cidadão recebe. Prevalece a motivação em adquirir sempre mais ativos
econômicos sob forma de filhos e não a investir em outras formas de riqueza.
Número elevado de filhos é fato de relevância econômica que
pertence ao passado.
Hoje o mercado deve manter um número elevado de posições de
trabalho não qualificado apenas para sustentar os menos dotados, uma das razões
de limitação vem desta prática terrível de dar esmolas com o dinheiro de
erário. Com isto produzem-se mais pessoas para serem mortas pelo sistema
econômico mundial quando sua estabilidade é ameaçada.
O pobre não tem capacidade de formar sua prole debaixo da
realidade de mercado.
Milhões de pessoas não serão absorvidos pelo mercado de
trabalho, exigindo do Estado liberação progressiva de recursos da previdência
social sem colaborar com a formação do fundo, esgotando-o, originando um
escorchante sistema de impostos e confiscos.
É necessário acordar para o fato de que é só pela liberdade
de pensamento, evitar preconceitos e dogmas, combater a ignorância que o
cidadão vai limitar sua prole e com isto garantir sua felicidade.
No ritmo em que vai, estima-se que em 2020 seremos quase
nove bilhões de pessoas.
A fome aumentará de forma geométrica, teremos talvez uma em
cada três pessoas passando fome.
Ao longo da história humana, em quase todas as sociedades,
existem registros de crises de alimentação, onde os cidadãos de países inteiros
morreram de fome.
As ruas de nossas cidades, dia-a-dia passam a receber mais
veículos; quantos morrem diariamente apenas em ocorrência de trânsito? Quanto
menos espaço para circular, mais aumenta o comportamento agressivo, mais
aumenta a violência. É só estender este raciocínio para as outras carências e
necessidade básicas do homem. Tire do homem de forma significativa a capacidade
de visão, de alimentação, de deslocamento, ou outra necessidade básica de vida,
e faça um exercício de abstração para imaginar até aonde a barbárie tomará
conta das tênues relações humanas reguladas pelas leis.
Dizem que "quando a miséria entra pela porta, a virtude
sai pela janela", daí é só surgir escassez de qualquer recurso que afloram
no homem os piores de seus instintos selvagens. Não é isto que experimentamos
diariamente? É só assistir aos noticiários para ver a degradação moral e
crescimento da violência.
Estarão todos cegos? Terá esfriado o amor fraternal? É muita
concorrência!
A quantidade de seres humanos concentrados em pequenos
espaços, na ocorrência de competição por qualquer recurso básico de vida,
acirra o afloramento das maiores bestialidades, aonde as leis perdem seu efeito
regulador nas relações entre as pessoas.
Fica pior quando a Justiça é servida em conta-gotas, é
quando esta se comporta como se nem existisse; acrescente legisladores que
criam leis que defendem o criminoso, instituições de direitos humanos que
defendem o malfeitor, e outros detalhes, que o descrédito nas tênues forças
coercitivas das relações sociais desaparece, o caos se estabelece, desaparece a
liberdade.
Ao maçom fica a tarefa de consertar esta realidade social.
Terá ele esta capacidade? Apenas o amor fraterno praticado entre todos os
homens solucionará todos os problemas da humanidade, assim como dito pelos
grandes iniciados e que iluminará a caminhada humana à glória do Grande
Arquiteto do Universo.
Bibliografia
1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario DI
Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN
978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora limitada.,
1210 páginas, São Paulo, 2007;
2. BOURRICAUD, François; BOUDON, Raymond, Dicionário Crítico
de Sociologia, tradução: Durval Ártico, Maria Letícia Guedes Alcoforado, ISBN
978-85-0804-317-0, segunda edição, Editora Ática, 654 páginas, São Paulo, 2007;
3. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do
Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso
Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224
páginas, São Paulo, 1999;
4. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos,
título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: Gaetano Lettieri, ISBN
85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro,
2003;
5. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na
Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução:
Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354
páginas, Rio de Janeiro, 1999;
6. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os
Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas,
São Paulo, 2007;
Nenhum comentário:
Postar um comentário