Instrumentos maçônicos que indicam razões para a vida existir na Terra.
Charles Evaldo Boller
Apoiando-se nas costas de especuladores antigos, que
copiaram suas ideias de outros destacados pensadores mais antigos ainda, e
estes de outras fontes sábias, de antiquíssimas escolas de mistérios, o maçom
moderno encontra, nos pensamentos de todos estes avós longínquos, o
procedimento que combina ideias advindas de tradição, mitologia e doutrinas, e
disso interpreta, desvenda e evolui conceitos para adquirir explicações para a
existência da vida e sua significação.
O entendimento é resultado de incontáveis ciclos de tese,
antítese e síntese, a técnica filosófica do método dialético, que, entre outras
verdades, revelou a existência de um Universo em permanente oscilação.
Desta forma, a filosofia, a mãe de todas as ciências,
projetou e tornou a tecnologia de hoje disponível. A indústria, percebendo o
valor prático dessas ideias, desenvolveu utilidades e as colocou à disposição
do homem. Infelizmente, a maioria dos descobrimentos e avanços tecnológicos
serviram, ao longo dos tempos e em primeira instância, para a indústria da
guerra, e, só depois, algumas delas foram adaptadas para outros campos de
atuação humana como educação, medicina, indústria, diversão etc.
Percebe-se que o homem só desenvolve e evolui quando se
interessa por algo e disso visualiza a possibilidade de tirar vantagens para
facilitar e alegrar a sua existência. Todo interesse humano visa atividade
lúdica, conforto e segurança. Nada é deixado ao acaso. Para todas as atividades
humanas existe sempre o desejo de tirar vantagem e presença obrigatória de
valores agregados que atuam no interesse material.
Para o homem material prevalece a teoria da ética que
sustenta a ação mais inteligente, aquela que maximiza a felicidade e minimiza o
sofrimento. O maçom participa de instituição que pretende tornar feliz a
humanidade pelo amor, pelo respeito ao pensamento de cada um e pela tolerância
ao que o outro pensa. Essa abordagem da ética avalia a moralidade da ação
apoiada em suas consequências para o bem.
O maçom aborda a influência da ética maçônica, que em suas
avaliações estão voltadas ao fomento do amor fraterno entre os homens,
resultado de fenômenos percebidos em seus templos, por ocasião da presença
ordeira e disciplinada dos obreiros.
Os distantes e vetustos avós do filosofar maçônico já
percebiam que tudo no universo vibra constantemente, em frequências não
percebidas pelos sensores humanos, e que estas oscilações enganam o homem o
tempo todo. Os dispositivos sensoriais humanos foram projetados para perceberem
apenas diminutos intervalos das manifestações vibratórias do universo. O homem
percebe apenas as frequências que lhe são necessárias, úteis e práticas. Os
fenômenos ondulatórios fora das faixas perceptíveis são desprezados. O que interessa
ao enclausurado homem em seu pequenino planetinha azul, são as vibrações que
agitam as partículas atômicas, subatômicas e galáxias inteiras que se deslocam
pelo espaço sideral em velocidade estonteante.
Os fenômenos ondulatórios fora da faixa de percepção
tornam-se úteis a partir do momento em que a criatura pensante é confrontada
com a finitude de sua existência ou para aliviar certos sofrimentos,
utilizando-se da oração, exercício que amplia a irrigação sanguínea no lóbulo
frontal do cérebro, porque lá são geradas vibrações de alta energia e em
frequências que entram em sintonia para religar o autor da prece com o
transcendente e divino.
Através de especulação filosófica despertam insights onde o
ser pensante e inteligente sente falta das vibrações que não são captadas pelo
seu limitado sistema de detecção. A atividade mental de expansão da oração como
fenômeno oscilatório, liberta o homem da angústia existencial e abranda a sua
sede de conhecimento ao que pode acontecer quando não existir mais como
manifestação vibratória de alta densidade, quando morre e seu espírito,
supostamente, passa a manifestar-se dentro de faixas oscilatórias mais sutis,
as que definem o mundo espiritual, transcendental ou metafísico, algo além da
física convencional.
A Maçonaria oferece o privilégio de estender as especulações
de avós pensadores antiquíssimos, para entender a natureza da realidade de cada
um em produzir seu autoconhecimento, a experiência sensorial que liberta o
pensamento a adentra em estágios de compreensão mais elevados da metafísica.
O iniciado nos mistérios da Maçonaria não frequenta seus
templos apenas para entender a sua realidade, mas para interagir com as
oscilações sutis que o cercam, e, de tal forma a despertar novos estados de
consciência, a despeito das limitações sensoriais no campo mental, físico e
espiritual. Com isso desperta a definição conceitual de Maçonaria, a de ser ela
caracterizada por sensação e percepção impossível de se definir por palavra
escrita ou falada, portanto, deve ser vivida em fraterna convivência de modo
frequente e persistente.
Nas atividades templárias, isoladas do mundo secular por
guardas armados com espadas, o maçom especula de forma a assimilar de antigos
gregos, egípcios e outros, os segredos esotéricos passados de uns para os
outros até nossos dias, a fim de, entre outras coisas, iniciar seu entendimento
da razão da vida nesse planeta. O fenômeno ocorre quando se reúnem em templos
consagrados ao livre-pensar, reunindo livres-pensadores semelhantes, que se
atraem uns aos outros de forma a compartilhar descobrimentos da física e da
metafísica, com aplicação prática na vida.
Uma vez presentes em seus templos e provocados a pensarem
sobre determinado tema, cada maçom, à sua maneira, intui verdades diversas e
particulares que, depois de assimiladas são compartilhadas. Essas trocas de
conhecimentos reacendem novos ciclos dialéticos. Cada ciclo da realidade
transcendente visa à percepção da realidade onde cada participante se reconhece
como parte de um todo, identificando tudo o que é acima, assim também é
embaixo, dentro e fora.
Desta forma o maçom define a Verdade onde o Universo e a
manifestação vibratória metafísica daquilo que ele conceitua como Grande
Arquiteto do Universo, de cuja reunião forma o Uno, a Unidade, da qual o
próprio homem é parte. É a percepção dessa realidade que dispara insights, que
retiram os véus da busca de explicações para a existência da vida, e de como
degustar de inúmeros momentos de felicidade em presença da divindade e do amor.