domingo, 31 de março de 2013

Liberdade Absoluta

Considerações a respeito do aprendizado que suporta a obediência e respeito às leis.

Charles Evaldo Boller


De nada adiantam constituições que garantam direitos e deveres individuais se o beneficiado, o cidadão, em particular o maçom, continua preso de noção equivocada de si mesmo. Se vive infeliz e angustiado porque não tem coragem de mudar a si mesmo ou por indolência não possui energia vital para sair de sua ignorância e "andar com suas próprias pernas". Mesmo que os pensamentos do legislador levem ao desenvolvimento de leis justas e equitativas, estas usualmente são usurpadas e desviadas de seus objetivos originais pelo Poder Executivo, em ditadura que degrada e escraviza ao homem. Oriundas do legislativo, a sociedade pode até ser regulamentada por boas leis, mas se não existir quem faça oposição a um Poder Executivo pervertido por ideologias que visam o poder pelo poder, de nada adiantam leis perfeitas e justas. O fanático por poder despótico, que se coloca acima da lei e da moral, vence, perverte e derruba as leis no recôndito de seu covil.

Exemplo: a lei do aborto no Brasil. Sabe-se que mais de oitenta por cento da população brasileira é contra a legalização do aborto no país. O Poder Executivo, aplicando suas normas técnicas, legaliza na prática o crime do aborto: divulgado na mídia, em junho de 2012 o Ministério da Saúde propôs a criação de cartilha, já disponível, que ensina à mulher a abortar com segurança, oferecendo apoio e aconselhamento antes e suporte médico após o crime. Na ocasião, o secretário de Atenção à Saúde, afirmou que, aconselhar e dar suporte para abortos não é crime! Quem comete crime é a cidadã. Uma vez consolidado o crime, o judiciário a absolve, porque recebe apoio do ativismo judiciário; juízes torcem, interpretam as leis e "legislam" em favor da descriminalização do aborto. Matar alguém é crime. Entretanto, os sucessores de Herodes continuam sua macabra missão! Matar um indefeso feto não é crime! A pavimentação da estrada para a legalização do aborto no Brasil é resultado de lenta e gradual ação da revolução cultural. Muda-se gradualmente o pensamento das pessoas na direção de aceitarem o assassinato de fetos. No conjunto isto pinta um quadro onde, em sentido lato, o Brasil caminha célere a um golpe de estado de veludo. Gradativamente estabelece-se uma ditadura. O aborto por qualquer motivo será liberado em breve. Relacionado ao tema do aborto questiona-se: existem ações proativas ou revoltas dos maçons brasileiros?

A sociedade é dominada pela força do pensamento. Não existe déspota no Universo que consiga demover as ações de um homem que acredita em sua ação moral e justa. Nem mesmo o Grande Arquiteto do Universo interfere na vontade do homem decidido e convencido de sua vontade, seja boa seja má; para isso dispõem de livre-arbítrio. O homem que se modifica no pensamento só pode ser desviado de seus objetivos pela morte. Quanto mais pessoas pensarem de forma idêntica, mais aumenta o poder do grupo para opor-se ao prepotente e arrogante ditador. É por isso que o maçom é instado a mudar sua forma de pensar alinhada com a moralidade e com a construção social positiva emanada da filosofia político-social da Maçonaria. Infeliz do homem que não modifica a si mesmo para exercitar a diferença na evolução social e intelectual dele mesmo. Enquanto persiste em divagar e perder seu tempo com o circo armado para escravizá-lo, o injusto sistema humano arranca dele a parte mais importante de sua capacidade produtiva e vital. Sem modificar-se no pensamento ele permanecerá escravo do sistema. Aquele que permitiu que a iluminação da Maçonaria o modificasse, obedece a constituição de seu País e tudo faz para que as leis emanadas do legislativo sejam justas, e, enquanto em vigor, sejam aplicadas e respeitadas. O maçom iluminado é por definição desobediente civil quando obedece primeiro às leis naturais do Grande Arquiteto do Universo e depois às leis dos homens. Por juramento, o maçom obedece às leis dos homens porque se encontra inserido numa sociedade que, à priori, as define com base na moral de sua sociedade local e com vistas a paz social. Mas, no instante em que ocorre conflito entre uma lei humana e o projeto original do Grande Arquiteto do Universo, ele é forçado a rebelar-se. Como decidirá o que está certo ou errado se não aprende a pensar com lógica e inteligência?

A Maçonaria coloca toda a sua estrutura baseada na fundação de sociedades fraternas onde possa florescer o fundamento da "verdadeira" liberdade a ser sacrificada pelo bem da sociedade. O maçom que conhece a si mesmo e tem a coragem de fugir ao desespero de ser diferente, tudo faz para conservar pura a Constituição de seu país e age para estabelecer triunfo e glória da ordem constituída. Este objetivo só ocorre se ele se modificar. Se não se modificar, os outros também não mudam. Os outros só mudam se ele adquire coragem de mudar a si próprio. Sozinho é trabalho de difícil consecução. Apenas em grupo, na dinâmica social desenvolvida em loja e na sociedade que se obtém a vitalidade de mudar a si mesmo, e, em consequência, com todos aqueles com os quais se convive. Para entender isso é necessário analisar o que se faz na Maçonaria.

O maçom que não entrou na Maçonaria movido por "inclinação para ação política militante, regida por princípios de moralidade barata e movimentada por interesses inconfessáveis" (Ritual do aprendiz maçom), tem o perfil certo para ver a luz; é o homem saudável que almeja em si a liberdade de tornar seu "eu" diferente do que é; usualmente transforma-se num homem melhorado. Se não obtém sucesso na empreitada, passa a desprezar-se; na maioria dos casos, pede afastamento da ordem maçônica. Principalmente quando percebe que não pode tirar vantagens pessoais do fato de ser reconhecido maçom. Também esmorece e se afasta da Maçonaria aquele ao qual falta coragem para passar pelo trauma de abandonar o ignorante "eu" anterior (Kierkegaard). Na Maçonaria o trauma da mudança é revivido a cada iniciação; o maçom morre simbolicamente e reiteradas vezes para condições menos aperfeiçoadas e ressuscita encarnando um "eu" melhorado. É questão de liberdade do cavaleiro humanitário da Francomaçonaria conquistar seu novo "eu"; de modificar-se sem desesperar-se.

O desespero mais fraco em relação à mudança ocorre em função da ignorância sobre o "eu"; condição que desaparece se entendida a iniciação. Ignorância é condição natural do homem. Conhecimento e sabedoria é condição do homem superior. Uma condição elevada normalmente é alcançada pelo iniciado na Maçonaria, desde que conviva com os outros de igual disposição mental. A iniciação não consta apenas da cerimônia onde são feitos juramentos e dramatizações filosóficas, mas das consequências de se ver esclarecido e modificado para colocar o conhecimento maçônico em prática na vida; isto desperta a significação vital do "eu", do "ser"; é a razão da vida do maçom para o bem da sociedade. A cada iniciação o maçom depara-se com um homem novo; com novo propósito. A transformação é difícil; normalmente cercada de angústia e desespero. O maçom só atinge a Liberdade Absoluta depois de alcançar a verdade pelo pensamento; quando toma conhecimento de si mesmo, abandonando condição subserviente, castradora, e abraça outras condições melhoradas. Na caminhada pela Maçonaria, o "eu" anterior que não está alinhado com os princípios morais do grupo que o cerca, passa a ser repudiado. Sensação que piora ao conscientizar-se que não tem liberdade; o poder de afastar de si uma condição decaída; entendida como falta de coragem. A negação de si mesmo para assumir outra condição melhorada é sempre dolorosa porque aflora da noção de que não se é possuidor de si mesmo; é sempre o grupo que influencia e impõem a moral. A filosofia maçônica muda a situação avassaladora quando leva o adepto buscar dentro de si harmonia e paz, o que o leva a desejar aquilo que de fato reforça a modificação; cria novo homem mais espiritualizado.

O maçom potencializa o que realmente pode ser. Ao chegar à Maçonaria ele já tem atendidas as deficiências de suas necessidades fisiológicas como: ar, exercício, calor, bebida, sono, comida etc. Estão igualmente superadas as deficiências de segurança, como: emprego, estabilidade, dinheiro, abrigo, saúde etc. Também já tem satisfeitas as necessidades de amor e pertencimento, como: relacionamentos, aceitação, intimidade, amizade etc. Já está suprido nas carências de autoestima, como: reconhecimento, competência, conquista, respeito etc. Depois de iniciado na Maçonaria ele busca melhorar ou suprir as necessidades relacionadas ao crescimento e modificação do "eu". De seus estudos humanistas iluminados melhora sua necessidade cognitiva, como: conhecer-se, compreender-se etc. Afloram e se intensificam as necessidades de estética, como: ordem, disciplina, beleza, simetria etc. No topo de suas necessidades alcança a autorrealização. A partir deste ponto desenvolve seu "eu" potencial naquilo que faz sem esperar outro reconhecimento que não seja o do trabalho feito sem busca de recompensa, de cumprir seu dever social e cívico sem aguardar por recompensa; basta-lhe a sensação de haver realizado algo bem feito. Seguindo a vereda, aflora o derradeiro estágio das necessidades humanas; aquilo que é possível fazer para o "eu" sentir-se completo: a autotranscedência; ocasião em que passa a ajudar aos outros, ligar-se além de si mesmo, (Maslow) no caso do maçom, tornar-se trabalhador numa confraria de construtores sociais que se ajudam mutuamente. Atendidas estas necessidades e do desejo de ser quem realmente "é", obtém a liberdade de afastar-se do desespero e a coragem de modificar-se; é quando passa a aceitar o que realmente "é". Neste estágio fica fácil aplicar o esforço do pensamento orientado em aceitar a natureza modificável que existe em si. É a senda para o maçom encontrar sua essência natural e o propósito de sua vida.

O não iniciado dificilmente, raramente, conhece o Universo mental que o rodeia e que lhe tolhe a liberdade de modificar-se. O maçom "conhece a si mesmo"; primeira iniciação. Envereda ao nível do "penso, logo existo", pensa, debate e medita mais; segunda iniciação. Efetua a síntese dos problemas com que se confronta; terceira iniciação. E assim vai em frente, galgando sempre mais elevados conceitos e incentivado a modificar o "eu". A força motriz desta evolução é a força mental do maçom reunido em grupo; quando emerge a força energética do grupo pensante cujo poder modificador está em sincronia com o projeto do Grande Arquiteto do Universo. Tal capacidade modificadora pode ser deduzida das leis naturais e diversidade do Espírito Universal. Debaixo dos eflúvios inefáveis deste tipo de manifestação grupal, o maçom vence o desespero e consegue mudar a si mesmo, seu "eu", sem desespero.

As habilidades de convivência social do homem advêm da experiência ao lado dos colegas, família e professores; o maçom obtém o mesmo de seus irmãos em loja. O desenvolvimento humano ocorre nos níveis: cultural, interpessoal e individual. O cultural é de fácil acesso, porém, pouco motivador; a poucos atrai; principalmente aos maçons ainda não iluminados, ainda não iniciados de fato. Ao nível individual sobra pouco tempo e oportunidade; na maioria das vezes o cidadão é alienado de oportunidades de introspecção e meditação; facilmente trocado por: futebol, circo, restaurante e "rock and roll". Para Lev Vygotsky, sobram apenas os níveis cultural e interpessoal com grande possibilidade de modificar o "eu". A pessoa constitui sua identidade em resultado das relações que estabelece com outros; o relacionamento interpessoal é o que mais influi para o maçom mudar seu "eu" interior. Conhecimento e sabedoria são obtidos dos outros em resultado de acumulo de gerações, entretanto, só se coloca este conhecimento em prática na relação com os outros. A principal responsável pela interação social é a internalização das ferramentas culturais que modificam o "eu". Na Maçonaria nem interessa tanto passar conhecimento, senão, propiciar o meio, o laboratório onde os obreiros da nobre arte evolutiva possa multiplicar suas capacidades de aprendizagem, concentração e atenção. Uma sessão maçônica é momento de internalização, particular, introspectiva - o derradeiro encontro com o "eu". É a forma de utilizar da aprendizagem colaborativa, que na Maçonaria só ocorre no ambiente disciplinado de uma sessão maçônica. A isto se soma o pensamento de Jean Piaget: "o homem é resultado do ambiente em que vive"; se o ambiente é bom, disciplinado e ordeiro, as habilidades inatas afloram e manifestam-se, causando internamente a modificação do "eu". É isto que a Maçonaria persegue. Corrobora na linha da aprendizagem colaborativa do interior das lojas maçônicas o pensamento de Robert Slavin que: "identifica nos grupos de aprendizagem cooperativa a capacidade de desenvolver o "eu" quando é reduzida a rivalidade e as situações competitivas"; característica das sessões maçônicas bem conduzidas. A técnica de aprendizagem cooperativa já é utilizada pela Maçonaria há séculos e constitui hoje um conhecimento que nos círculos educacionais foi objeto de estudo sério faz apenas uma década. Os estudiosos e profissionais da área da aprendizagem perceberam que as pessoas que trabalham em pequenos grupos cooperativos, como no caso de uma loja maçônica, desenvolvem, de forma intensa, a troca intelectual que possibilita o pensamento criativo e a solução de problemas complicados. O sistema de aprendizagem e estudo da Maçonaria é perfeito: onde estão as ações? O maçom tem as mais modernas ferramentas de aprendizagem, basta agir conforme.

O grande prêmio do maçom é o desenvolvimento do potencial de pensar por conta própria. Por contar com a Liberdade Absoluta ao pensar, ele surpreende e ultrapassa todos os limites que o cativeiro deste sistema humano de coisas impõe. É o maior estágio de liberdade que se pode atingir de forma consciente. É o que dignifica e realiza o homem, elevando-o acima das outras criaturas viventes na biosfera terrestre. Isto coloca tremenda responsabilidade nos ombros do evolucionista maçom; a de sustentar as leis fundamentais da "verdadeira" liberdade aos especialmente preparados e que o tornam homem equilibrado, sábio e líder social. Feliz do maçom que alcança a iniciação interna onde desenvolve o amor fraterno para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.


Bibliografia

1. KIERKEGAARD, Sören, o Desespero Humano, Martin Claret, São Paulo, 2001;

2. MASLOW, Abraham, Introdução à Psicologia do Ser, Título Original: Toward a Psychology of Being, Tradução: Álvaro Cabral, primeira Edição, Livraria Eldorado Tijuca limitada., 252 Páginas, Rio de Janeiro;

3. Paraná, Grande Loja do, Ritual do Grau de Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Loja do Paraná, Grande Loja do Paraná, 44 Páginas, Curitiba, 1975;

4. PIAGET, Jean William Fritz a Psicologia da Inteligência. Tradução: Egléa de Alencar, Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 239 Páginas, 1958;

5. SLAVIN, Robert E., Cooperative Learning, Theory, Research, and Practice, Englewood Cliffs, New Jersey, Prentice-Hall, 1990;

6. VYGOTSKY, Lev, Formação Social da Mente, São Paulo, Martins Fontes, 1999;

terça-feira, 19 de março de 2013

Maçonaria e Descristianização

Considerações a respeito da acusação de descristianização da Maçonaria.

Charles Evaldo Boller


Em sua doutrina, a Maçonaria Especulativa define que o homem negligente com a característica divina existente em si mesmo gradualmente se desumaniza.

O maçom especulativo cristão não abandona sua crença, apenas aceita em sua loja a companhia de pessoas de todos os credos, o que apascenta a convivência social e aumenta a possibilidade de surgirem novos e inusitados pensamentos advindos de culturas e crenças diferentes.

O maior benefício social eclodiu quando a Maçonaria expulsou a intolerância religiosa de seu meio. Isto destrona os argumentos dos detratores que afirmam ter a Maçonaria se descristianizado. Ela continua filosoficamente cristã, mas por conta da tolerância religiosa é indiferente a qual religião o adepto pertença, seja cristã ou não, deísta ou teísta.

Isto a torna apropriada como foro neutro de discussão e conspiração de assuntos que atingem as sociedades onde ela está imersa.

A Maçonaria foi criada para ser instrumento de evolução do homem e não para perder-se em elucubrações que tentam comprovar o Universo do pensamento espiritual - pode até enveredar por estes caminhos, pois cada maçom goza de liberdade absoluta nos assuntos que envolvem o mundo das ideias.

Maçonaria e religiões têm funções e finalidades totalmente diferentes. Enquanto os clérigos se preocupam com o transcendental, os maçons preocupam-se com a dinâmica social, tornar o homem livre para se autoconstruir e autodeterminar. E como isso não se faz sem forte espiritualidade, o caminho ao interior da pedra que todo maçom é, supre a necessidade de religação; religar-se consigo mesmo é caminho para alcançar ao Princípio Criador residente em si mesmo.

Para a Maçonaria interessa construir uma sociedade utópica onde a igualdade seja fato e para isto não impõem qualquer ideologia social e política existente, porque até o momento todas estas também se mostraram ineficientes.

O maçom age alicerçado em padrões de moral com o objetivo de construir o homem evoluído e saudável sem curvar-se diante de outro homem ou das ideias daquele.

Cumpre ao maçom alinhar-se firmemente ao que foi naturalmente delineado no projeto construtivo debitado ao Grande Arquiteto do Universo. E isto é realizado sem dar importância ao falatório e acusações de que o maçom tenha se descristianizado. O maçom é cristão, vedanta, hindu, judeu, ou qualquer outra religião. Interessa apenas amar ao próximo e tornar-se digno de ser considerado uma boa obra do Criador.

Inconciliabilidade Entre Fé Cristã e Maçonaria

Religiões e Maçonaria inconciliáveis.

Charles Evaldo Boller


Por conta da Maçonaria Operativa os atuais maçons antigos livres e aceitos possuem em sua base profunda influência da Igreja Católica Apostólica Romana e do Judaísmo.

Símbolos, documentos e leis maçônicas antigas ressaltam a doutrina judaico-cristã como base moral.

O que quebrou a linha doutrinária teísta foi a gradual imposição do Deísmo pelos maçons especulativos, os maçons aceitos.

O pensamento iluminista influiu nesta mudança e o Racionalismo dentro da Filosofia Moderna de René Descartes, Spinoza e Leibniz, complementa a adoção do Deísmo pelos maçons.

A intolerância contra a Maçonaria de parte da Igreja Católica Apostólica Romana é evidente nas palavras recentes do padre Paulo Ricardo de Azevedo Junior, o qual interpreta que segundo a disciplina da Igreja Católica Apostólica Romana, "um católico não pode pertencer, de forma alguma, à Maçonaria", declaração apoiada em "Reflexões a um Ano de Distância da Declaração para a Doutrina da Fé, em Inconciliabilidade Entre Fé Cristã e Maçonaria" (L'Osservatore Romano, 10 de março de 1985, páginas 115-117, escrito pelo cardeal Joseph Aloisius Ratzinger, Papa Bento XVI. Desta e da parte de outras instituições religiosas, filosoficamente, a Maçonaria é, de fato, inconciliável com elas!

O irmão Voltaire, uma das mentes mais brilhantes do Iluminismo francês, ao afirmar que "a certeza é mais agradável do que a dúvida", insinua o quanto "é mais fácil simplesmente aceitar as declarações oficiais" - como as da monarquia ou da Igreja Católica Apostólica Romana de sua época - do que "desafiá-las e pensar por si mesmo", andar sobre as próprias pernas, refletindo a iluminação ("Aufklärung", Kant).

O abismo entre religiões e Ordem Maçônica formou-se em 1717, ano em que a Maçonaria Especulativa se declarou deísta. De lá para cá, por conta de outras controvérsias a separação só se aprofundou, como no conflito brasileiro entre a Maçonaria e a Igreja Católica Apostólica Romana, conhecido como "Questão Religiosa".

Por ocasião da adoção do Deísmo pelos maçons evolucionistas houve rompimento com os maçons operativos.

Maçons operativos, teístas, fundam a Grande Loja dos Antigos.

Maçons evolucionistas, deístas, passam a ser reconhecidos como Modernos e fundam a Grande Loja de Londres.

Depois de inúmeros acordos aconteceu a união destas duas grandes lojas, filosoficamente discordantes, culminando em 1813, na formação da Grande Loja Unida da Inglaterra. Nesta união prevaleceu a filosofia deísta para a Maçonaria Moderna e desta resultaram todas as lojas reconhecidas atualmente como justas e perfeitas pela Grande Loja Unida da Inglaterra.

Se entre maçons houve rompimento não poderia ser diferente com a Igreja Católica Apostólica Romana, a qual a partir de 1884 passa a detratar a atividade maçônica em todos os sítios longínquos ou próximos.

Não existe meio de conciliação no campo filosófico - a Maçonaria Universal "de forma alguma" se alinha a dogmas de qualquer religião. Seria o mesmo que negar o princípio de sua existência. Além de deísta a Maçonaria preconiza a liberdade de pensar e duvidar.

Se existem esforços de conciliação nos bastidores, isto nega os fundamentos da Maçonaria. É assemelhado à prática comum em todos os tempos, onde a prostituição entre religiões e estados políticos corre por conta da sede de poder a qualquer preço, é ação de "inclinação política militante", é movida por "interesses inconfessáveis" (Ritual do Grau de Aprendiz Maçom, Grande Loja do Paraná).

A fornicação religioso-política em todos os tempos nunca existiu com objetivo da busca de Deus porque sempre fomentou vaidade e poder. Mesmo entre cacique e pajé sempre aconteceu a luxúria da troca de favores.

Conspirar para conciliar o inconciliável, tanto da parte de religiosos como de maçons que remanescem na escuridão, é negar a origem da Maçonaria. Os artifícios conciliatórios sempre foram utilizados espertamente pelos retóricos para iludir a boa-fé do povo e submete-los, pelo medo, à tirania dos déspotas religiosos e políticos.

Ao maçom universal cabe seguir em frente em sua caminhada marcada pelos desígnios definidos pelo Grande Arquiteto do Universo. Mesmo que as lendas e ícones utilizados pela Maçonaria sejam de origem judaica e cristã, as religiões compatíveis com estas linhas filosóficas são irremediavelmente inconciliáveis com a ordem maçônica.


Bibliografia

1. BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, Da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora limitada., 368 páginas, São Paulo, 2004;

2. GOSWAMI, Amit, A Física da Alma, tradução: Marcello Borges, ISBN 85-7657-014-9, primeira edição, Aleph Publicações e Assessoria Pedagógica Limitada, 206 páginas, São Paulo, 2001;

3. KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura, tradução: Fulvio Lubisco, Lucimar A. Coghi Anselmi, ISBN 978-85-274-0927-8, primeira edição, Ícone Editora, 542 páginas, São Paulo, 2011;

4. LE GOFF, Jacques, O nascimento do Purgatório, La Nascita del Purgatorio, Turin, Einaudi, 1982;

5. ROHDEN, Humberto, A Grande Libertação, quarta edição, Martin Claret Editores Limitada, 210 páginas, Sumaré;

Valorizar os que se Destacam

O valor do mito.

Charles Evaldo Boller


O maçom reconhece o valor dos heróis, aos quais presta homenagem e até culto, para que, do exemplo destes construir valor próprio; autovalor prezado de onde emana autoconhecimento que abre caminho para a liberdade e condição aperfeiçoada de vida. Herói é ideal; modelo a ser seguido.

Jesus Cristo foi crucificado em resultado de seus pensamentos discordantes com os mandatários de seu povo; desobedeceu ao poder constituído; morto, constituiu-se mártir. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi enforcado e esquartejado porque lhe imputaram a liderança do movimento contra o extorsivo imposto da coroa portuguesa; morto, não passava de lesa-pátria.

Qual é a diferença entre os dois? Qual deles foi herói? Jesus é ícone; símbolo e mito que levou os cristãos a abrirem os olhos para a luz de significado inefável. Um símbolo que induz ao cérebro a ser convencido para a harmonia do Universo. Tiradentes foi criado para transformar-se em ídolo. Inclusive é representado nas pinturas oficiais com semelhança a Jesus Cristo para transmitir a ideia de herói. Fizeram dele mártir, herói. No Brasil, depois da expulsão da família real e mudança para o sistema republicano, surgiu a necessidade de criar-se um ícone, em substituição à família real, que movesse o coração do povo no sentido de criar um pensamento de hegemonia nacional, um sentimento pátrio. Os militares da época conceberam a figura de Tiradentes como herói nacional.

Qual desses dois ícones destaca-se como modelo a ser seguido? Qual deles impõe uma ordem moral? Se herói é aquele que faz o cidadão crescer como pessoa em sentido intelectual ou moral, então os dois símbolos tocam centros vitais que estão fora do contexto da comunicação da razão. Ambos despertam sentimentos impossíveis de explicar com a razão e impõe uma ordem moral, cada um a sua maneira. O primeiro, busca a Luz interior, o segundo, justifica um sistema de governo do homem pelo homem. Ambos são bons. Um é natural, o outro artificial. A completude do homem é forjada quando o herói, o símbolo, modifica-o em seus diversos aspectos para a vida e busca da felicidade. Mesmo o herói forjado numa mentira histórica carrega uma mensagem, um símbolo que voltado para a imposição de uma ordem moral que modifica, sustenta. Se a sociedade, onde o homem está imerso, vive em conflito, não existe felicidade. O ícone muda isso. Diversos são os caminhos para alcançar este objetivo. Uma delas é a razão alicerçada na espiritualidade. Jesus desperta os valores internos. O herói fabricado, a exemplo de Tiradentes, forja valores para criar o espírito de corpo da tribo, da comunidade, da identidade do povo; nem interessa mais se o que lhe deu origem seja verdade ou mentira, interessa apenas o símbolo, o efeito modificador e unificador promovido pelo mito.

Nesta vida, o homem procura significado na experiência de estar vivo no plano físico. E isto é realizado de tal maneira que a experiência exterior tenha reflexos imediatos em seu interior, corroborado com a percepção da realidade mais íntima, de tal forma a conceber a percepção de estar vivo. Esta formação de ideias está dentro de cada um; é a utilidade dos mitos, ícones, símbolos e heróis que traduzem uma mensagem de valor moral que faz crescer e justificar a experiência da vida. Todos os conhecimentos nascem da experiência; o conhecimento não antecede a experiência. Mito é a manifestação de um poder modificador, ou sistema de valores aplicável ao indivíduo ou ao Universo. É da experiência que nasce a metáfora da capacidade espiritual humana, aplicável tanto para vida animada como inanimada. O conhecimento empírico nasce das impressões dos sentidos, é onde o mito estabelece relação com a natureza, o mundo natural onde o homem busca sua significação ou a interação com determinada sociedade.

Se a sociedade humana está às voltas com dificuldades, é porque eliminou mitos que edificam ordens morais e nada colocaram em seu lugar. Acabam com Tiradentes, Cristo e outros ícones para submeter-se às paixões do mundo virtual, no qual nem humanidade nem divindade são perceptíveis. A tradição perdeu-se. Não se possui nada para colocar em seu lugar. Os heróis sempre deram sustentação para a vida do homem. Civilizações foram moldadas e criadas com ícones que duravam gerações. O indivíduo tinha tempo para analisar e solucionar os profundos mistérios da caminhada pela vida. Como hodiernamente o homem não tem o que colocar no lugar dos mitos destruídos pela razão sem espiritualidade, terá de identificar os mais diversos sinais que encontrar pelo caminho para formar sua significação existencial. Enquanto isso, ele sofre com as crises existenciais.

Valorizando os ícones, dos homens que se destacam, e calcado no comportamento ético-maçônico o maçom é bem-sucedido nos diversos segmentos de sua atuação. Caminha com as forças de suas próprias pernas porque respeita os símbolos; regras construídas a partir do autoconhecimento ético, cuja jornada iniciou em seus primeiros passos na Maçonaria. Isto promove autodesenvolvimento em todas as frentes e iniciativas em que se lança. Resulta em bem-estar, boa consciência, ambiente fraterno, progresso profissional e financeiro. A mudança social cria a ética congruente com o desenvolvimento de comportamentos de investimento e poupança; é o que define a acumulação de capital e exerce papel determinante como forma de acumulação da riqueza e sucesso material.

O exemplo daquele ícone que se destaca na vida baseada na ética maçônica promove autoeducação ao homem que o emita. Isto se traduz em conforto e bem-estar debaixo de ambiente fraterno. Para caminhar em sociedade onde se obtenham estas condições, há necessidade de construir o homem em todas as suas características internas e externas. Para isso carece-se de modelos, ícones e heróis. Daí a razão do maçom homenagear os heróis. Valorizar os que se destacam é a forma de desenvolver e facilitar a construção de ordens morais que culminam no bem viver.

A Maçonaria estabelece o ambiente próprio onde relacionamentos se fortalecem, heróis são respeitados e homenageados e o amor, o laço do perfeito vínculo de união e fraternidade vigora. A experiência traz conhecimento que se traduz em amor fraterno, característica que foi colocada no coração do homem pelo Grande Arquiteto do Universo.


Bibliografia

1. CAMPBELL, Joseph, As Máscaras de Deus, Mitologia Criativa, tradução: Carmen Fischer, ISBN 978-85-60804-10-8, primeira edição, Palas Athena Editora, 624 páginas, São Paulo, 2010;

2. KANT, Immanuel, Crítica da Razão Pura, tradução: Fulvio Lubisco, Lucimar A. Coghi Anselmi, ISBN 978-85-274-0927-8, primeira edição, Ícone Editora, 542 páginas, São Paulo, 2011;

3. ROHDEN, Humberto, Orientando para a Autorealização, primeira edição, Alvorada Editora e Livraria Limitada, 156 páginas, São Paulo, 1989;

Reflexos da Ética Maçônica

Objetivo da ética maçonicamente orientada.

Carlos Alberto Peixoto Baptista e Charles Evaldo Boller


O Rito Escocês Antigo e Aceito tem rica filosofia da qual o maçom dispõe para sua autoconstrução. Este cabedal filosófico reflete-se na sociedade na forma de mudanças que promovem libertação do sistema humano que subjuga o pensamento das pessoas. E todas as mudanças sociais e políticas ocorrem antes na mente e depois se materializam na forma de ações e produtos em constante evolução e graus de complexidade. A transformação é obtida aos saltos pelos que trabalham os neurônios constantemente. Abruptamente, despertam, fixam-se e mudam conceitos, verdades. Ao longo da história humana os saltos intuitivos sempre foram influenciados por fatores ambientais, genéticos e culturais. O software da mente gravado no hardware do cérebro humano só progride em resultado da troca de informações entre indivíduos em debates, conversas ou leituras. O método maçônico visa estes saltos intuitivos de seus adeptos para encontrar a solução de problemas que se refletem na sobrevivência pacífica da espécie humana.

O homem sempre usou dos pensamentos de seus semelhantes para desenvolver máquinas, escrita, arte, ciência e toda a cultura existente. O maçom usa seus companheiros para deles extra-ir e desenvolver pensamentos que mudem sua forma de pensar e agir no campo moral. Da camaradagem desenvolvida nas reuniões brota a força que muda intelecto, emoção e espiritualidade. É a energia condicionadora que o grupo social exerce sobre o indivíduo. E isto é realidade desde a época das cavernas, onde um ser humano influiu na educação do outro, até acumular no presente toda a vasta cultura política, metafísica, social e tecnológica. O maçom é multiplicador da filosofia político-social da Maçonaria. Do conjunto de atividades do filosofar maçônico ele desenvolve posturas que constituem o código de ética que dirige seus passos e que se reflete no meio social. E como ética e moral se confundem, pois é tênue a sua diferença e profundo o seu alcance, convém esclarecer o que é a ética maçonicamente orientada.

Na conceituação da Ética é possível identificar dois grandes campos de concepções fundamentais: Na primeira concepção, "o bem seria para onde se dirigiria o homem", e na segunda concepção, "o bem seria uma realidade, embora não inscrita na natureza, humana e alcançável" (Abbagnano, 1998, página 380 e 381).

A Ética, um ramo da Filosofia que busca os princípios ou fundamentos da natureza das ações humanas, pode também referir-se a princípios que fundamentam o pensar humano, sem formular ações ou regras de conduta, precisas e fechadas. Ética, também chamada de Filosofia da Moral, é caracterizada por ser um pensar reflexivo dos princípios ou fundamentos que determinam os valores e as normas que governam a conduta humana. Nesta perspectiva, a Ética enquanto Filosofia da Moral mantém ampliadas ligações de natureza prática com outras áreas do conhecimento humano, dentre as quais, a biologia, a antropologia, a economia, a sociologia, a teologia, a história e a política. São áreas do conhecimento caracterizadas por serem disciplinas regidas pela lógica cartesiana da sistematização, com ordenamento racional e perda do caráter sagrado, portanto ciências descritivas ou experimentais.

A Ética, enquanto Filosofia da Moral, ao contrário, busca a determinação dos fundamentos ou princípios que justificam a natureza de teorias normativas e estando determinados os fundamentos ou princípios, aplica-os, se necessário, e quando for o caso, aos dilemas morais.

Algumas áreas do conhecimento que eram objeto de estudo da filosofia, em especial da Ética, após a revolução industrial e a consequente profissionalização e especialização do conhecimento, estabeleceram-se como disciplinas independentes e científicas. Assim, pôde a Ética ser definida como a área da filosofia que estuda as normas morais nas sociedades humanas e que pretende explicar e justificar os costumes de uma determinada sociedade, bem como, solucionar dilemas a ela inseridos.

A Moral é um conjunto de normas e regras estabelecidas por cada sociedade e aplicadas ao cotidiano de cada pessoa. A moral ocorre em dois planos: o normativo e o factual. De um lado, nela encontramos normas e regras que tendem a regulamentar a conduta dos homens e, de outro lado, um conjunto de atos humanos regulamentados por eles; cumprindo assim a sua exigência de realização (Vásquez, 1998, página 51-64). A Moral, com suas normas e regras que orientam e julgam as ações do indivíduo sobre o que é certo e errado, bom e mau, moral e imoral. Um pensar sobre a conduta.

A Ética investiga justamente o significado e propósito desses adjetivos, tanto em relação à conduta humana, como em seu sentido fundamental e supremo. Um pensar a partir de princípios ou fundamentos. Um infindável pensar, refletir e construir.

Noutra perspectiva, existe a Moral como primazia exclusiva, defendida por um sistema filosófico, o Moralismo, que fundamentou ideologias de intolerância, de preconceito e de puritanismo. Para alguns, a palavra Moral foi desqualificada por esta associação a Moralismo e, deste modo, justificaram a preferência em associar à palavra Ética, as regras e os valores por eles consagrados. No campo das ideologias, não se pode deixar de apontar a diferença que se estabeleceu entre a lógica dos que associaram a palavra Ética às regras e valores por eles consagrados e a lógica dos moralistas, onde a Moral aparece como primazia exclusiva. Passou a referir-se a julgamentos éticos, ou princípios éticos, quando seria mais pertinente falar de juízos morais ou princípios morais.

Assim, existem pessoas que possuem um valor e por um processo psicológico que legitimam as normas ou regras decorrentes e pautam sua conduta por elas, sem controle externo, só porque estão emocionalmente convictas de que, essa regra representa um bem moral. Outras pessoas por costume e por hábito validam certas condutas.

Há aquelas que consideram determinadas condutas como boas, e assim, devem ser praticadas. Aqui o juízo de valor como matriz para a legitimação das normas. São exemplos de conduta Moral, de Moralidades. Existem pessoas em que os processos inconscientes seriam os determinantes da conduta moral, que são oriundos da sua individualidade pessoal e social, responsável pela forma habitual e constante de agir do caráter e da personalidade. Este é um exemplo de Ética, enquanto Filosofia da Moral.

A partir do final do século XIX, da era dos sofistas e início do século XX, observa-se na Ética ocidental três perguntas constantes: seriam os juízos éticos reflexos dos desejos dos que os criam ou verdades inseridas neste mundo; seria a ação boa, fruto da racionalidade construída, introjetada ou inculcada ou simplesmente ação vinculada ao interesse próprio; e ainda, qual seria a natureza do certo, do errado e do bem. Desde o início do século XX estes temas desenvolveram-se nas mais variadas formas, com ênfase na aplicação da Ética para problemas práticos e descritos como Ética normativa, Ética aplicada e Metaética. Esta última como estudo que, diferente de prender-se à análise de teorias éticas ou julgamentos morais, dedica-se à busca da natureza dos juízos morais, se objetivos ou subjetivos.

Por óbvio, pode-se estar inserindo aqui a Ética Maçônica como estudo contemporâneo e ajustado ao paradigma deste milênio, quando ela busca ajudar os irmãos a legitimar intimamente valores, pela introjeção de princípios ou fundamentos que os farão conduzir-se coerentemente por normas e regras, consagradas como boas e virtuosas. Abordam-se os princípios ou fundamentos filosóficos que pretendem ser valores intimamente legitimados pelos maçons e passem a ser sistema de regras e normas que os Norteiem e os qualifiquem nas relações entre irmãos e sociedade.

Considera-se que o maçom se aperfeiçoa gradativamente, lentamente acordando dentro de si mesmo, pela autoeducação, autoconhecimento e relações fraternas, esta ética maçonicamente orientada, onde algumas etapas o levam a evoluir como pessoa humana pertencente a um único corpo vivo e interdependente ao qual se denomina humanidade.

E esta humanidade é o que o maçom desenvolve em si em sua caminhada, em sua busca por religação ao divino e para cumprir a especificação de projeto do Grande Arquiteto do Universo. A ética maçônica tem reflexos imediatos na vida do cidadão formado nas colunas da Maçonaria. O maçom que muda a si mesmo influencia o Universo inteiro e não apenas a circunvizinhança. Isto é perceptível em sua vida quando ao mudar paradigmas torna-se dono de seu próprio futuro.