sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Aplicação da Política na Visão Maçônica

Política como ciência.

Charles Evaldo Boller


A caminhada por valores maçônica e eticamente fomentados passa pelas desigualdades sociais, de tal forma que o maçom estuda os fenômenos sociais para que conheça bem sua forma e origem.


O Poder

A ideia de Política para o maçom, passa longe do Populismo que visa a implantação de Ditaduras e que favorecem minorias ambiciosas nada interessadas na solução dos problemas de pobreza e miséria humanas: visam o poder.

O maçom respeita como os adeptos de outras linhas de pensamento interpretam e pensam a administração de suas cidades, mas recusa-se, com veemência, na implantação de sistemas que visam a perda de liberdade do cidadão e a escravidão. As ditaduras levam ao trabalho escravo que o maçom combate por dever de juramento.

O maçom esclarecido NÃO confia plenamente na Democracia, que debaixo de certas condições é o PIOR dos sistemas políticos existentes porque permite a ascensão de incompetentes, populistas e possuidores de ideologias perniciosas à liberdade que facilmente se degradam em ditaduras que beneficiam minorias.


A República

Sócrates e Aristóteles analisaram os sistemas de governo de suas épocas e concluíram que:

  • Monarquia transforma-se em Ditadura;
  • Aristocracia transforma-se em Oligarquia;
  • Democracia transforma-se em Demagogia.

De onde aqueles sábios deduziram que o melhor sistema político reuniria, necessariamente três diferentes filosofias:

  • Monarquia na pessoa do presidente;
  • Aristocracia na existência do poder do Parlamento;
  • Democracia como meio de comunicação e representatividade do povo.

A união equilibrada dessas três filosofias propicia vida, propriedade e liberdade ao cidadão, de onde, mesmo que de forma precária, surge a ideia de República, o governo através de leis. Em adição a essa ideia Platão defende que o administrador público deve, necessariamente, possuir capacidade intelectual de filosofar, e, com isso, enfrentar a complexidade crescente das atividades sociais: é o que os maçons de todos os ritos fazem em todas suas lojas. A Arte Real é praticar o ócio criativo dentro das lojas com o objetivo de praticar a mais nobre das artes: a Política.

O maçom estuda as necessidades humanas físicas e metafísicas para obter acesso a bens que resultam em prazer e satisfação: a felicidade. O atendimento das necessidades do homem que vive em sociedade é o cerne da administração pública, pois fortalece o exercício da atividade mais nobre da humanidade: a Política, a administração nobre da coisa pública ou a Res-pública, expressão latina que significa literalmente "coisa do povo", "coisa pública". É a origem da palavra república. O termo normalmente se refere a coisa que não é considerada propriedade privada, mas a qual é, em vez disso, mantida em conjunto por muitas pessoas. O sistema republicano permite que a máquina pública funcione apoiado em três poderes independentes que se complementam e impedem que o poder emane apenas da vontade de uma pessoa com viés ditatorial ou incompetente. Mas sem o respeito às leis emanadas do povo pela representatividade democrática o sistema falha e a sociedade sofre, dando início à violência e barbárie.


A Filosofia Maçônica

O maçom trabalha com causas sociais. Toda a sua filosofia volta-se para esse fim. Não promove apenas a ação passageira que aplaca frio e fome do momento, mas constrói soluções duradouras de estabilidade e progresso para a felicidade dos cidadãos. A ação ética maçônica leva a modificações individuais que motiva a agir, trabalhar para evoluir em sentido lato. O maçom tem por objetivo ser leal, honesto e ajuda sem interesse para tornar a humanidade bem-afortunada. É útil ao próximo como parte de seu condicionamento para o bem moral e ético.

Todo homem é naturalmente político.

Faz parte de sua construção mental, mas existem aqueles que, em presença da corrupção e outras degradações do homem público, desanimaram com a Política ou nunca se interessaram pelo assunto por indolência.


O Analfabeto Político

O analfabeto político é a pior condição de analfabetismo funcional.

Este cidadão fica longe dos acontecimentos políticos e não se envolve: não ouve, fala ou participa. Apenas deseja neutralidade para viver sua vida. Sua ignorância política o leva a não se importar que os preços de todos os produtos essenciais que consome e respectivos impostos são resultado de decisões tomadas em cenários políticos.

O analfabeto político orgulha-se em dizer que odeia a Política! Deveria, sim, odiar os políticos corruptos e desdenhar do político profissional que fica dependente das benesses que o cargo público oferece e pouco faz para melhorar os sistemas administrativos da coisa pública. Os recursos financeiros públicos desviados pela corrupção, que faltam para administrar a cidade, causam a morte em massa de cidadãos que o político corrupto deveria representar, assim, o mau político é assassino e o analfabeto político seu cúmplice.


A Corrupção

O maçom sabe que existem políticos atuantes aderentes à moral, honra e que efetuam mudanças positivas na evolução da sociedade. Não se faz Política com moral, mas também não se faz sem ela, é por isso que Política é assunto sério demais para ser deixado exclusivamente na mão dos políticos, isso porque, na Política acontece como na gramática, o erro de alguns acaba tornando-se regra para os demais.

O político espertalhão conhece a natureza humana degradada. Todo dia ele entra em contato com pessoas que desejam evitar algo ou adquirir bens e serviços por conta do tesouro ou do poder do Estado. Além desses requerentes de bens e serviços, ele se defronta com os que demandam privilégios e benesses. Está ciente que a grande massa desorganizada e indiferente de cidadãos, dificilmente pede algo particular ou se queixa, assim, ele favorece aos que demandam favores em troca de votos e se esquece dos cidadãos, que fazem sua parte sem exigir favores. Em época de eleição ele mente para acalmar os que ficaram a margem do fornecimento de favores com sentimentos nobres e frases patrióticas. Assim, grande perigo ronda o Estado, onde as pessoas escravas não querem ser libertadas. Preferem a nulidade e a neutralidade em assuntos políticos para permanecer em suas zonas de conforto.

O maçom sabe que o amor, por sua natureza, é sublime, e raro. Em função disso, o amor não é apenas apolítico, mas antipolítico. E isso não interessa aos políticos. O amor é a maior força antipolítica de que a humanidade dispõe. O raciocínio é simples! Na presença do amor desaparece a necessidade das leis. Na ausência de leis desaparece a necessidade do político. Na ausência do político desaparece a necessidade do Estado. Mas, esse é o mundo utópico que apenas existe em termos ideais. É a raridade do amor que exige a presença do político. Sem amor desaparece liberdade, igualdade e fraternidade, e nascem as necessidades das leis, dos políticos e dos estados.


A Utopia

Todo iniciado na Arte Real sabe que o mundo perfeito e utópico sonhado pelos ardentes desejos perfeccionistas dos maçons NÃO existe. O homem em suas atividades torna-se perverso porque não sabe o que é o amor. Essa é a causa de violência mais antiga da humanidade, que em sua história exige a existência da Política, uma precária solução para manter viva a liberdade e sufocar a tirania.

A aplicação da política na visão maçônica é a permanente busca da liberdade em sentido lato. A Maçonaria desenvolve homens de escol excepcionais para ocuparem posições de políticos, graças a suas atividades intelectuais e filosóficas. Nos círculos restritos de suas lojas trabalham em direção ao ideal do amor. Os maçons sabem da existência dos políticos corruptos, sem escrúpulos ou senso de responsabilidade, que denigrem a honrada arte da Política. Esses obreiros da paz conhecem a arte da Política para praticar um heroísmo sem fim ao desvelar, de antigas artes esotéricas, a inspiração para administrar a cidade, visando tornar feliz a humanidade pelo amor.

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