Política como ciência.
Charles Evaldo Boller
A caminhada por valores maçônica e eticamente fomentados
passa pelas desigualdades sociais, de tal forma que o maçom estuda os fenômenos
sociais para que conheça bem sua forma e origem.
O Poder
A ideia de Política para o maçom, passa longe do Populismo
que visa a implantação de Ditaduras e que favorecem minorias ambiciosas nada
interessadas na solução dos problemas de pobreza e miséria humanas: visam o
poder.
O maçom respeita como os adeptos de outras linhas de
pensamento interpretam e pensam a administração de suas cidades, mas recusa-se,
com veemência, na implantação de sistemas que visam a perda de liberdade do
cidadão e a escravidão. As ditaduras levam ao trabalho escravo que o maçom
combate por dever de juramento.
O maçom esclarecido NÃO confia plenamente na Democracia, que
debaixo de certas condições é o PIOR dos sistemas políticos existentes porque
permite a ascensão de incompetentes, populistas e possuidores de ideologias
perniciosas à liberdade que facilmente se degradam em ditaduras que beneficiam
minorias.
A República
Sócrates e Aristóteles analisaram os sistemas de governo de
suas épocas e concluíram que:
- Monarquia transforma-se em Ditadura;
- Aristocracia transforma-se em Oligarquia;
- Democracia transforma-se em Demagogia.
De onde aqueles sábios deduziram que o melhor sistema
político reuniria, necessariamente três diferentes filosofias:
- Monarquia na pessoa do presidente;
- Aristocracia na existência do poder do Parlamento;
- Democracia como meio de comunicação e representatividade do povo.
A união equilibrada dessas três filosofias propicia vida,
propriedade e liberdade ao cidadão, de onde, mesmo que de forma precária, surge
a ideia de República, o governo através de leis. Em adição a essa ideia Platão
defende que o administrador público deve, necessariamente, possuir capacidade
intelectual de filosofar, e, com isso, enfrentar a complexidade crescente das
atividades sociais: é o que os maçons de todos os ritos fazem em todas suas lojas.
A Arte Real é praticar o ócio criativo dentro das lojas com o objetivo de
praticar a mais nobre das artes: a Política.
O maçom estuda as necessidades humanas físicas e metafísicas
para obter acesso a bens que resultam em prazer e satisfação: a felicidade. O
atendimento das necessidades do homem que vive em sociedade é o cerne da
administração pública, pois fortalece o exercício da atividade mais nobre da
humanidade: a Política, a administração nobre da coisa pública ou a
Res-pública, expressão latina que significa literalmente "coisa do
povo", "coisa pública". É a origem da palavra república. O termo
normalmente se refere a coisa que não é considerada propriedade privada, mas a
qual é, em vez disso, mantida em conjunto por muitas pessoas. O sistema republicano
permite que a máquina pública funcione apoiado em três poderes independentes
que se complementam e impedem que o poder emane apenas da vontade de uma pessoa
com viés ditatorial ou incompetente. Mas sem o respeito às leis emanadas do
povo pela representatividade democrática o sistema falha e a sociedade sofre,
dando início à violência e barbárie.
A Filosofia Maçônica
O maçom trabalha com causas sociais. Toda a sua filosofia
volta-se para esse fim. Não promove apenas a ação passageira que aplaca frio e
fome do momento, mas constrói soluções duradouras de estabilidade e progresso
para a felicidade dos cidadãos. A ação ética maçônica leva a modificações
individuais que motiva a agir, trabalhar para evoluir em sentido lato. O maçom
tem por objetivo ser leal, honesto e ajuda sem interesse para tornar a
humanidade bem-afortunada. É útil ao próximo como parte de seu condicionamento
para o bem moral e ético.
Todo homem é naturalmente político.
Faz parte de sua construção mental, mas existem aqueles que,
em presença da corrupção e outras degradações do homem público, desanimaram com
a Política ou nunca se interessaram pelo assunto por indolência.
O Analfabeto Político
O analfabeto político é a pior condição de analfabetismo
funcional.
Este cidadão fica longe dos acontecimentos políticos e não
se envolve: não ouve, fala ou participa. Apenas deseja neutralidade para viver
sua vida. Sua ignorância política o leva a não se importar que os preços de
todos os produtos essenciais que consome e respectivos impostos são resultado
de decisões tomadas em cenários políticos.
O analfabeto político orgulha-se em dizer que odeia a
Política! Deveria, sim, odiar os políticos corruptos e desdenhar do político
profissional que fica dependente das benesses que o cargo público oferece e
pouco faz para melhorar os sistemas administrativos da coisa pública. Os
recursos financeiros públicos desviados pela corrupção, que faltam para
administrar a cidade, causam a morte em massa de cidadãos que o político
corrupto deveria representar, assim, o mau político é assassino e o analfabeto
político seu cúmplice.
A Corrupção
O maçom sabe que existem políticos atuantes aderentes à
moral, honra e que efetuam mudanças positivas na evolução da sociedade. Não se
faz Política com moral, mas também não se faz sem ela, é por isso que Política
é assunto sério demais para ser deixado exclusivamente na mão dos políticos,
isso porque, na Política acontece como na gramática, o erro de alguns acaba
tornando-se regra para os demais.
O político espertalhão conhece a natureza humana degradada.
Todo dia ele entra em contato com pessoas que desejam evitar algo ou adquirir
bens e serviços por conta do tesouro ou do poder do Estado. Além desses
requerentes de bens e serviços, ele se defronta com os que demandam privilégios
e benesses. Está ciente que a grande massa desorganizada e indiferente de
cidadãos, dificilmente pede algo particular ou se queixa, assim, ele favorece
aos que demandam favores em troca de votos e se esquece dos cidadãos, que fazem
sua parte sem exigir favores. Em época de eleição ele mente para acalmar os que
ficaram a margem do fornecimento de favores com sentimentos nobres e frases
patrióticas. Assim, grande perigo ronda o Estado, onde as pessoas escravas não
querem ser libertadas. Preferem a nulidade e a neutralidade em assuntos
políticos para permanecer em suas zonas de conforto.
O maçom sabe que o amor, por sua natureza, é sublime, e
raro. Em função disso, o amor não é apenas apolítico, mas antipolítico. E isso
não interessa aos políticos. O amor é a maior força antipolítica de que a
humanidade dispõe. O raciocínio é simples! Na presença do amor desaparece a
necessidade das leis. Na ausência de leis desaparece a necessidade do político.
Na ausência do político desaparece a necessidade do Estado. Mas, esse é o mundo
utópico que apenas existe em termos ideais. É a raridade do amor que exige a
presença do político. Sem amor desaparece liberdade, igualdade e fraternidade,
e nascem as necessidades das leis, dos políticos e dos estados.
A Utopia
Todo iniciado na Arte Real sabe que o mundo perfeito e
utópico sonhado pelos ardentes desejos perfeccionistas dos maçons NÃO existe. O
homem em suas atividades torna-se perverso porque não sabe o que é o amor. Essa
é a causa de violência mais antiga da humanidade, que em sua história exige a
existência da Política, uma precária solução para manter viva a liberdade e
sufocar a tirania.
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