Liberdade é luta perene.
Charles Evaldo Boller
Os efeitos das evasões na Maçonaria, independente de
obediência e país, é resultado de gradual desmonte. As estatísticas demonstram
que desde a década de 1950 a Maçonaria é desmontada à semelhança do hodierno
Estado brasileiro. Em termos globais o número de obreiros da Maçonaria e os
valores da sociedade crescem à semelhança de rabo de cavalo; para baixo!
Os grupos de poder infiltrados na Maçonaria e na política
mundial conduzem as instituições ao sabor de suas insidiosas pretensões.
No Estado brasileiro é só ler o PNDH-3 e outros projetos e
leis para identificar ideologias perniciosas que contribuem ao desmonte da
sociedade brasileira.
Os valores culturais do brasileiro estão abalados.
O legislativo gradativamente altera a ordem cultural
brasileira submetido a escusos interesses de poder, saúde alimentar e economia
de outros países.
Sociedades como os Estados Unidos da América fenecem debaixo
da degradação de valores e princípios.
E quando os valores da educação e hegemonia familiar são
prejudicados, ao olhar a história da humanidade, em todas as civilizações, esta
degradação define desmonte, sobraram de cada civilização apenas resquícios que
"mais se parecem com as colunas de um templo druida em ruínas, rude e
mutilado em sua grandeza".
Por analogia, e devido ao fato de o maçom ser parte desta
sociedade em dissolução, implica que a ordem maçônica segue o roldão.
A principal atividade da ordem maçônica é a de propiciar
ambiente próprio para homens bons desenvolverem-se ainda mais, tornarem-se
líderes na Maçonaria e na sociedade e obterem a educação necessária para
oferecer oposição ao desmonte preconizado pelos que mandam no mundo.
O que se vê na Maçonaria são manobras de distração, de
mudança de foco da essência do que deveria ser realizado em loja.
Se a divisão em novos ritos e obediências promove novas
linhas de pensamentos ela é correta, vem ao encontro de salvar a atual
civilização. Se a razão for dividir para conquistar poder, então a instituição
segue o caminho da estagnação, mesmice, trivialidade. Basta observar em qual
destes caminhos cada loja segue, para determinar a capacidade de sobrevivência
de seus obreiros na ordem maçônica.
Se não existirem elementos de atração para o maçom
permanecer dentro da instituição; se os maçons não efetuarem esforços hercúleos
para motivar outros maçons à prática da ação maçônica, toda a instituição
dirige-se célere ao fim.
Algumas causas de conhecimento geral de evasão de maçons das
lojas são:
- Acomodação: obreiro entra calado e sai mudo do templo;
- Debate: descamba em queixume, lamúria e até explosão emocional;
- Decepção: na maioria das propostas de iniciação busca-se por evolução humanística;
- Desafio: ausência de projetos nas áreas de ciências humanas;
- Educação: não de conhecimento, mas de valores e princípios;
- Instrução: aplicada de forma mecânica e sem cobrança;
- Pensamento: tíbio interesse para pesquisar, ler e escrever;
- Prolixidade: oratória inócua, desfocada;
- Propaganda: associação é espaço para divulgação de currículos, bens e serviços;
- Proposta: é usual proporem a terceirização da responsabilidade civil individual;
- Proselitismo: reiterada investida para atrair irmãos para religião ou ideologia;
- Recrutamento: proposto não tem perfil maçônico;
- Sindicância: irresponsável e negligente;
- Trabalho: aprendizes e companheiros ensinam;
- Vaidade: cargo é motivado por sede de poder e distinção;
- Voluntariado: não aceita cargo que exige trabalho, dedicação e assiduidade.
Albert Pike, em 1871, em "Morals and Dogma",
relativo aos graus filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito, assim se
dirigiu aos irmãos do grau quatro, Mestre Secreto:
"Se o irmão estiver desapontado com os três primeiros
graus, na forma como os recebeu, e, se pareceu que o desempenho não chegou até
o que imaginava; se as lições de moralidade não são novas; onde a instrução
científica é rudimentar e os símbolos são explicados de forma imperfeita;
lembre-se que as cerimônias e as lições dos graus, com o tempo, foram se
acomodando cada vez mais, por supressões e afundando na memória muitas vezes
limitada da capacidade e intelecto do mestre e das necessidades do aprendiz
recém-iniciado; que a simbologia veio até nós de uma época em que os símbolos
eram usados, não para revelar, mas esconder; quando a aprendizagem mais comum
foi confinada a uns poucos escolhidos e os mais simples princípios de moralidade
pareciam verdades recém-descobertas. Onde esses graus, antigos e simples, agora
mais se parecem com as colunas de um templo druida em ruínas, rude e mutilado
em sua grandeza, em outras partes corroídas pelo tempo e desfiguradas pelas
adições modernas e interpretações absurdas. Estes três graus iniciais, ditos
simbólicos, são a entrada para o grande templo maçônico. São as três colunas do
pórtico de entrada".
Mesmo com a realidade de 1871, que é semelhante a atual, a
Maçonaria cresceu durante as duas grandes guerras e depois começou a decair a
partir de 1950, logo após a Segunda Guerra Mundial. Será que o maçom aguarda a
eclosão da Terceira Guerra Mundial para motivar-se? Por mais forte que seja a
Maçonaria esta não resistirá se seus homens se desumanizam, não estudam, não
leem, não pensam, não lutam.
Rousseau iniciou a análise da alienação das pessoas,
afirmando ser praticamente impossível escapar da possibilidade de submeter-se à
vontade geral em detrimento da vontade individual. O cidadão, em nome da
aprovação social e da sobrevivência castra sua vontade individual.
Com o homem cada vez mais alienado, alheio a si mesmo e da
coletividade, escravo do trabalho e das instituições que funcionam debaixo de
um vil sistema de abuso, controlado por demandas econômicas, ideológicas e
sociais, ele se desumaniza. Transforma-se num robô! Ao pensar e debater este
tema o maçom acorda o que jaz adormecido em si e se posiciona. Posicionamento
exige debate, estudo, ação. Posicionar-se significa perda de poder dos poderosos
e daqueles que defendem ideologias perniciosas que dividem para conquistar.
- Divide-se a sociedade entre homens e mulheres, sendo os primeiros acusados de ódio às mulheres e machistas;
- Separa-se a sociedade em negros e brancos, formando quatro grupos ao ressaltarem o racismo;
- Repartiram a sociedade em hétero e homossexuais, formando oito grupos estanques;
- Romperam a sociedade em capitalistas e comunistas, criando dezesseis grupos separados...
E as divisões continuam a evoluir em progressão geométrica
até transformarem a sociedade humana numa moderna torre de Babel, onde ninguém
colabora ou se entende. Como agente social o maçom pode se alimentar de
estratégias mentais para se opor a essa fragmentação que serve apenas para
concentrar o poder nas mãos de inescrupulosos tiranos.
A Maçonaria preconiza a fundamentação filosófica que se use
como referência a natureza humana e que se estudem os limites e interesses
humanos. Para o maçom e Protágoras, o homem é a medida das coisas quando
reconhece suas limitações, e, assim, dimensiona sua ação maçônica dentro de sua
capacidade. Os símbolos maçônicos falam ao erudito como aos sem erudição num
mesmo nível, cada um responde conforme seus referenciais. Coloca-se o homem no
centro da realidade e do saber quando se propiciam oportunidades iguais para
todos e se respeitam as limitações individuais. Este laboratório recheado de
símbolos existe em todos os ritos da Maçonaria, é só viver o dia-a-dia de cada
loja. Levar outros a posicionarem-se é dos objetivos que a Maçonaria faz e os
poderosos abominam!
Se a Maçonaria caminha para a estagnação, seria porque o
"conhece-te a ti mesmo", de Sócrates e da Maçonaria, foge aos
interesses dos que realmente mandam no mundo?
Os ignorantes são facilmente conduzidos aos redis dos poderosos,
salvo uns poucos que observam fatos e dados de ângulo mais elevado.
Da maioria ouvem-se brados de ordem e revolta, muita lamúria
e pouca ação maçônica.
Quando se diz que cada maçom deve permitir que a Maçonaria
penetre em si mesmo, significa ação proativa para consigo mesmo e a sociedade,
representado por: educação, pensamento, debate, trabalho e luta.
Ao libertar-se da alienação e pensar por conta própria
corta-se o poder dos poderosos, dos alienadores, e disto eles estão cientes; é
a razão das hostes inimigas sitiarem e atacarem a Maçonaria, desmontando-a.
O desmonte ocorre de dentro para fora.
Os piores inimigos, os mais terríveis demolidores da
Maçonaria são maçons!
Alguns destes maçons nem sabem que são joguetes nas mãos dos
poderosos, são até honestos em suas intensões, mas não pensam e não deixam os
outros pensarem.
Ou então babam pelo poder!
Quando não são vítimas de suas próprias paixões servem de
instrumento para desfigurar a Maçonaria com "adições modernas e
interpretações absurdas".
A ideologia do igualitarismo da Maçonaria funciona como
Aristóteles define homens tratados da mesma maneira, mas que a retribuição é
proporcional à contribuição individual usando como referência: mérito,
necessidade e solidariedade. Desta forma o maçom se humaniza sabendo da
necessidade de ação para obter mérito.
Sem ação maçom se torna peso para os outros maçons. A
Maçonaria não é sociedade de auxílio mútuo!
Há necessidade de trabalho e ação social. Esta ação não está
restrita a benemerência que pode ser terceirizada, o objetivo é fazer cada
maçom posicionar-se na sociedade como multiplicador de novos pensamentos. Como
adquirirá novos pensamentos sem leitura, debate, estudo e escrita?
É na autorrealização, o último estágio das necessidades de
Maslow, que o maçom se motiva e continua perseverante em sua atividade, obtida
com ação maçônica constante.
Diz o sábio maçom: "lugar de maçom é em loja".
Um grande iniciado do primeiro século, e muitos outros antes
e além dele, chegaram à única conclusão que é apenas pelo amor fraterno que se
resolvem todos os problemas da humanidade.
Creia na proteção do Grande Arquiteto do Universo, mas, por
favor, tranque a porta! - diz o sábio.
O caminho para aumentar em número com qualidade é a ação
maçônica em todos os sentidos: beneficente, conspiratória, erudita, espiritual,
filosófica, fraterna, iniciática, política, social, e por aí afora.
Nada se faz sem luta, sem ação!
A luta através da ação maçônica não tem necessidade de nova
guerra global, basta que cada maçom usufrua e coloque em prática o que
desenvolve junto com seus irmãos em sua loja.
A diversificação de ritos, lojas e obediências serve para o
propósito de oferecer albergue para todas as linhas de pensamento. É só olhar
para a história que se deduz que é em resultado de autoconhecimento, de
autoeducação, desenvolvimento físico, intelectual e moral, que o homem se
liberta da escravidão. A autoeducação liberta o cidadão e, por consequência, o
Estado.
Resultado: lojas cheias.
Apenas quando a absoluta maioria dos cidadãos agirem à
glória do Grande Arquiteto do Universo é que a Maçonaria pode ser desmontada,
pois então os homens estarão perfeitos e a ordem maçônica deixará de servir ao
propósito de despertar o que existe de humano dentro de cada um.
Enquanto os homens criarem divisões para dominar outros
iguais, a Maçonaria continuará a única fortaleza que usa da razão, emoção e
espiritualidade para provocar pensamentos de liberdade em oposição aos
poderosos.
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