sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Desmonte da Maçonaria e da Sociedade

Liberdade é luta perene.

Charles Evaldo Boller


Os efeitos das evasões na Maçonaria, independente de obediência e país, é resultado de gradual desmonte. As estatísticas demonstram que desde a década de 1950 a Maçonaria é desmontada à semelhança do hodierno Estado brasileiro. Em termos globais o número de obreiros da Maçonaria e os valores da sociedade crescem à semelhança de rabo de cavalo; para baixo!

Os grupos de poder infiltrados na Maçonaria e na política mundial conduzem as instituições ao sabor de suas insidiosas pretensões.

No Estado brasileiro é só ler o PNDH-3 e outros projetos e leis para identificar ideologias perniciosas que contribuem ao desmonte da sociedade brasileira.

Os valores culturais do brasileiro estão abalados.

O legislativo gradativamente altera a ordem cultural brasileira submetido a escusos interesses de poder, saúde alimentar e economia de outros países.

Sociedades como os Estados Unidos da América fenecem debaixo da degradação de valores e princípios.

E quando os valores da educação e hegemonia familiar são prejudicados, ao olhar a história da humanidade, em todas as civilizações, esta degradação define desmonte, sobraram de cada civilização apenas resquícios que "mais se parecem com as colunas de um templo druida em ruínas, rude e mutilado em sua grandeza".

Por analogia, e devido ao fato de o maçom ser parte desta sociedade em dissolução, implica que a ordem maçônica segue o roldão.

A principal atividade da ordem maçônica é a de propiciar ambiente próprio para homens bons desenvolverem-se ainda mais, tornarem-se líderes na Maçonaria e na sociedade e obterem a educação necessária para oferecer oposição ao desmonte preconizado pelos que mandam no mundo.

O que se vê na Maçonaria são manobras de distração, de mudança de foco da essência do que deveria ser realizado em loja.

Se a divisão em novos ritos e obediências promove novas linhas de pensamentos ela é correta, vem ao encontro de salvar a atual civilização. Se a razão for dividir para conquistar poder, então a instituição segue o caminho da estagnação, mesmice, trivialidade. Basta observar em qual destes caminhos cada loja segue, para determinar a capacidade de sobrevivência de seus obreiros na ordem maçônica.

Se não existirem elementos de atração para o maçom permanecer dentro da instituição; se os maçons não efetuarem esforços hercúleos para motivar outros maçons à prática da ação maçônica, toda a instituição dirige-se célere ao fim.

Algumas causas de conhecimento geral de evasão de maçons das lojas são:

  • Acomodação: obreiro entra calado e sai mudo do templo;
  • Debate: descamba em queixume, lamúria e até explosão emocional;
  • Decepção: na maioria das propostas de iniciação busca-se por evolução humanística;
  • Desafio: ausência de projetos nas áreas de ciências humanas;
  • Educação: não de conhecimento, mas de valores e princípios;
  • Instrução: aplicada de forma mecânica e sem cobrança;
  • Pensamento: tíbio interesse para pesquisar, ler e escrever;
  • Prolixidade: oratória inócua, desfocada;
  • Propaganda: associação é espaço para divulgação de currículos, bens e serviços;
  • Proposta: é usual proporem a terceirização da responsabilidade civil individual;
  • Proselitismo: reiterada investida para atrair irmãos para religião ou ideologia;
  • Recrutamento: proposto não tem perfil maçônico;
  • Sindicância: irresponsável e negligente;
  • Trabalho: aprendizes e companheiros ensinam;
  • Vaidade: cargo é motivado por sede de poder e distinção;
  • Voluntariado: não aceita cargo que exige trabalho, dedicação e assiduidade.

Albert Pike, em 1871, em "Morals and Dogma", relativo aos graus filosóficos do Rito Escocês Antigo e Aceito, assim se dirigiu aos irmãos do grau quatro, Mestre Secreto:

"Se o irmão estiver desapontado com os três primeiros graus, na forma como os recebeu, e, se pareceu que o desempenho não chegou até o que imaginava; se as lições de moralidade não são novas; onde a instrução científica é rudimentar e os símbolos são explicados de forma imperfeita; lembre-se que as cerimônias e as lições dos graus, com o tempo, foram se acomodando cada vez mais, por supressões e afundando na memória muitas vezes limitada da capacidade e intelecto do mestre e das necessidades do aprendiz recém-iniciado; que a simbologia veio até nós de uma época em que os símbolos eram usados, não para revelar, mas esconder; quando a aprendizagem mais comum foi confinada a uns poucos escolhidos e os mais simples princípios de moralidade pareciam verdades recém-descobertas. Onde esses graus, antigos e simples, agora mais se parecem com as colunas de um templo druida em ruínas, rude e mutilado em sua grandeza, em outras partes corroídas pelo tempo e desfiguradas pelas adições modernas e interpretações absurdas. Estes três graus iniciais, ditos simbólicos, são a entrada para o grande templo maçônico. São as três colunas do pórtico de entrada".

Mesmo com a realidade de 1871, que é semelhante a atual, a Maçonaria cresceu durante as duas grandes guerras e depois começou a decair a partir de 1950, logo após a Segunda Guerra Mundial. Será que o maçom aguarda a eclosão da Terceira Guerra Mundial para motivar-se? Por mais forte que seja a Maçonaria esta não resistirá se seus homens se desumanizam, não estudam, não leem, não pensam, não lutam.

Rousseau iniciou a análise da alienação das pessoas, afirmando ser praticamente impossível escapar da possibilidade de submeter-se à vontade geral em detrimento da vontade individual. O cidadão, em nome da aprovação social e da sobrevivência castra sua vontade individual.

Com o homem cada vez mais alienado, alheio a si mesmo e da coletividade, escravo do trabalho e das instituições que funcionam debaixo de um vil sistema de abuso, controlado por demandas econômicas, ideológicas e sociais, ele se desumaniza. Transforma-se num robô! Ao pensar e debater este tema o maçom acorda o que jaz adormecido em si e se posiciona. Posicionamento exige debate, estudo, ação. Posicionar-se significa perda de poder dos poderosos e daqueles que defendem ideologias perniciosas que dividem para conquistar.

  • Divide-se a sociedade entre homens e mulheres, sendo os primeiros acusados de ódio às mulheres e machistas;
  • Separa-se a sociedade em negros e brancos, formando quatro grupos ao ressaltarem o racismo;
  • Repartiram a sociedade em hétero e homossexuais, formando oito grupos estanques;
  • Romperam a sociedade em capitalistas e comunistas, criando dezesseis grupos separados...

E as divisões continuam a evoluir em progressão geométrica até transformarem a sociedade humana numa moderna torre de Babel, onde ninguém colabora ou se entende. Como agente social o maçom pode se alimentar de estratégias mentais para se opor a essa fragmentação que serve apenas para concentrar o poder nas mãos de inescrupulosos tiranos.

A Maçonaria preconiza a fundamentação filosófica que se use como referência a natureza humana e que se estudem os limites e interesses humanos. Para o maçom e Protágoras, o homem é a medida das coisas quando reconhece suas limitações, e, assim, dimensiona sua ação maçônica dentro de sua capacidade. Os símbolos maçônicos falam ao erudito como aos sem erudição num mesmo nível, cada um responde conforme seus referenciais. Coloca-se o homem no centro da realidade e do saber quando se propiciam oportunidades iguais para todos e se respeitam as limitações individuais. Este laboratório recheado de símbolos existe em todos os ritos da Maçonaria, é só viver o dia-a-dia de cada loja. Levar outros a posicionarem-se é dos objetivos que a Maçonaria faz e os poderosos abominam!

Se a Maçonaria caminha para a estagnação, seria porque o "conhece-te a ti mesmo", de Sócrates e da Maçonaria, foge aos interesses dos que realmente mandam no mundo?

Os ignorantes são facilmente conduzidos aos redis dos poderosos, salvo uns poucos que observam fatos e dados de ângulo mais elevado.

Da maioria ouvem-se brados de ordem e revolta, muita lamúria e pouca ação maçônica.

Quando se diz que cada maçom deve permitir que a Maçonaria penetre em si mesmo, significa ação proativa para consigo mesmo e a sociedade, representado por: educação, pensamento, debate, trabalho e luta.

Ao libertar-se da alienação e pensar por conta própria corta-se o poder dos poderosos, dos alienadores, e disto eles estão cientes; é a razão das hostes inimigas sitiarem e atacarem a Maçonaria, desmontando-a.

O desmonte ocorre de dentro para fora.

Os piores inimigos, os mais terríveis demolidores da Maçonaria são maçons!

Alguns destes maçons nem sabem que são joguetes nas mãos dos poderosos, são até honestos em suas intensões, mas não pensam e não deixam os outros pensarem.

Ou então babam pelo poder!

Quando não são vítimas de suas próprias paixões servem de instrumento para desfigurar a Maçonaria com "adições modernas e interpretações absurdas".

A ideologia do igualitarismo da Maçonaria funciona como Aristóteles define homens tratados da mesma maneira, mas que a retribuição é proporcional à contribuição individual usando como referência: mérito, necessidade e solidariedade. Desta forma o maçom se humaniza sabendo da necessidade de ação para obter mérito.

Sem ação maçom se torna peso para os outros maçons. A Maçonaria não é sociedade de auxílio mútuo!

Há necessidade de trabalho e ação social. Esta ação não está restrita a benemerência que pode ser terceirizada, o objetivo é fazer cada maçom posicionar-se na sociedade como multiplicador de novos pensamentos. Como adquirirá novos pensamentos sem leitura, debate, estudo e escrita?

É na autorrealização, o último estágio das necessidades de Maslow, que o maçom se motiva e continua perseverante em sua atividade, obtida com ação maçônica constante.

Diz o sábio maçom: "lugar de maçom é em loja".

Um grande iniciado do primeiro século, e muitos outros antes e além dele, chegaram à única conclusão que é apenas pelo amor fraterno que se resolvem todos os problemas da humanidade.

Creia na proteção do Grande Arquiteto do Universo, mas, por favor, tranque a porta! - diz o sábio.

O caminho para aumentar em número com qualidade é a ação maçônica em todos os sentidos: beneficente, conspiratória, erudita, espiritual, filosófica, fraterna, iniciática, política, social, e por aí afora.

Nada se faz sem luta, sem ação!

A luta através da ação maçônica não tem necessidade de nova guerra global, basta que cada maçom usufrua e coloque em prática o que desenvolve junto com seus irmãos em sua loja.

A diversificação de ritos, lojas e obediências serve para o propósito de oferecer albergue para todas as linhas de pensamento. É só olhar para a história que se deduz que é em resultado de autoconhecimento, de autoeducação, desenvolvimento físico, intelectual e moral, que o homem se liberta da escravidão. A autoeducação liberta o cidadão e, por consequência, o Estado.

Resultado: lojas cheias.

Apenas quando a absoluta maioria dos cidadãos agirem à glória do Grande Arquiteto do Universo é que a Maçonaria pode ser desmontada, pois então os homens estarão perfeitos e a ordem maçônica deixará de servir ao propósito de despertar o que existe de humano dentro de cada um.

Enquanto os homens criarem divisões para dominar outros iguais, a Maçonaria continuará a única fortaleza que usa da razão, emoção e espiritualidade para provocar pensamentos de liberdade em oposição aos poderosos.


Bibliografia

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