terça-feira, 19 de setembro de 2023

A Iniciação Autêntica

Estou iniciado, e agora?

Charles Evaldo Boller


É necessário que se diga repetidas vezes: não é a cerimônia de iniciação que faz o maçom. A cerimônia de iniciação, realizada com toda indispensável seriedade, obedecendo às fórmulas dos rituais, não faz mais do que conferir novos direitos e novas obrigações ao recém-chegado, apontando a rota para adquirir intelectualidade e percepção especiais.

A iniciação maçônica interna não se transmite pelo ingresso na Maçonaria, mas pelo espírito que, de grau em grau, lentamente, se adquire por condicionamento na relação social e intelectual com o grupo de irmãos da loja: é o poder do grupo sobre o indivíduo. Desenvolvido e absorvido mediante a assiduidade à loja e contato presencial com os mais adiantados; cultivo sério e perseverante do simbolismo maçônico; estudo atento da história da associação; pela passagem sucessiva dos graus, cujos conteúdos promovem condicionamentos que, progressivamente, induzem a autoformação do maçom em resultado da autoeducação do iniciado.

É possível que alguns compreendam com mais rapidez, do que outros, o significado de Maçonaria, o papel que ela desempenha, a influência que exerce, porque estes indivíduos possuem aptidões naturais especiais. A grande maioria de maçons, alcança a iniciação depois de longo e perseverante cultivo dos ensinamentos maçônicos. Não é questão de inteligência ou erudição, é resultado de trabalho árduo em si mesmo, transformação íntima que a atividade maçônica provoca naquele que é zeloso e perseverante com o seu progresso pessoal para alcançar condição humana evoluída.

A filosofia maçônica não impõe dogmas. Formula princípios a cuja realização a maioria dos obreiros de uma loja se interessa. O filosofar maçônico, em todos os graus e ritos, informa sobre: a vida; o trabalho; a humanidade; o fim da existência; sobre o próprio maçom; sobre o mundo que rodeia o homem. Com isso e muito mais, a Maçonaria contribui e provoca ideias e pensamentos especiais que, por condicionamento, desenvolve novo estado de espírito.

Com o filosofar, a sua atividade básica e essencial, o maçom realiza dentro da sua oficina, isolado do mundo externo, com presença constante em loja, confecção e leitura de trabalhos, estudo dos símbolos, dirimindo preocupações que derivam da vida, atento ao exame dos fatos históricos, espiritualidade, curiosidade, ele mesmo se inicia nos sublimes mistérios. É o desenvolvimento de espiritualidade que o religa ao Grande Arquiteto do Universo.


Bibliografia

1. Adaptado do opúsculo, O Espírito Maçônico, publicado pela Grande Loja Alpina, da República Suíça, tradução das lojas Acácia Vitoriense, de Santa Vitória do Palmar, e Rio Branco, de Pelotas, Rio Grande do Sul;

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