Tornar a Humanidade feliz.
Charles Evaldo Boller
Ao iniciar alguém em seus mistérios, a Maçonaria deseja
transformar os homens escolhidos em sábios e pensadores, elevando-os acima da
massa humana comum e acomodada. Não pensar é consentir em ser dominado,
conduzido, dirigido e tratado como animal de carga. O homem se distingue do
bruto por suas faculdades intelectuais e a bondade em seu coração. Pensar
liberta para reinar sobre o mundo. Pensar, é reinar! Entretanto, bons
pensadores tem sido a exceção! Constituem minoria na sociedade humana.
Em outros tempos, quando o homem dispunha de tempo para a
prática do ócio criativo, ele se enlevava em sonhos: hoje segue caminho
contrário. A luta pela sobrevivência o absorve com tal intensidade, ao ponto em
que não tem tempo para meditar com calma, e cultivar a suprema arte do livre
pensamento. Essa Grande Arte, a Arte Real ou a Arte por Excelência, na
Maçonaria corresponde em revivê-lo ou tirá-lo de sua infantilidade, pela qual
ele mesmo é culpado. Significa livrá-lo das cadeias que o prendem nesse vil
sistema humano de coisas.
A intelectualidade humana não devia continuar se debatendo
entre os ensinamentos que excluem uma ou outra obra do pensamento universal
positivo. A Maçonaria pretende alertar o adepto, tanto das religiões baseadas
na fé cega, como de novas crenças científicas que afastam o homem da fé
raciocinada. Quando o sistema conspira contra o livre pensamento é
indispensável que uma instituição como a Maçonaria levante os estandartes das
esquecidas, tradições e conhecimentos, naturais e universais. Faltam bons pensadores,
e estes não podem ser construídos pela tradicional pedagogia universitária. Há
a necessidade de aplicação da ciência da Maçonaria para desenvolver novos bons
pensadores, acrescido da mudança de métodos e aplicações que se utilizam do
desenvolvimento tecnológico.
Vive-se a inteligência técnica que não percebe a felicidade
e o sofrimento do homem, porque é cega e só causa desperdício, tristeza e
ruína. A formação acadêmica cria míopes incapazes de conviver com a
complexidade crescente da sociedade porque o sistema de disciplinas das escolas
se especializa em determinado assunto, e não trata o conjunto do homem
integral. Ignoram-se os meios de unir as partes do saber num todo. Adicione-se
a isso a vaidade natural de cuidar mais de si mesmo que da coletividade, e
surgem as condições propícias para formar escravos para o sistema. Qual
galinhas depenadas vivas, e com muita dor, as multidões se sujeitam à
escravidão, satisfazendo-se em alimentar-se de migalhas.
A Maçonaria provoca o maçom a pensar a diversidade em seu
aspecto biológico, a partir de um cérebro treinado e equilibrado nas
componentes culturais, emocionais e espirituais do homem integral. Depois de
acordado, o maçom iluminado opem-se à inteligência cega que se apropriou dos
postos de poder nas escolas, para doutrinar e criar submissos a ideologias que
escravizam. Na Maçonaria, ao seguir métodos e procedimentos, ritualísticos e
filosóficos, intuitivos e naturais, o maçom reaprende a pensar e a compreender
a complexidade crescente do meio em que vive. Essa tarefa de salvação da
escravidão já é abordada desde a cerimônia de iniciação, inicia em si mesmo
pelo autoconhecimento e culmina na autorrealização, desenvolve-se o potencial
de servir a sociedade pelo amor.
Para obter os resultados almejados pela Maçonaria, há a
necessidade da concorrência de esforço e tempo com debates, aplicados em
conjunto nos pequenos grupos das lojas. Cada loja é uma célula independente de
criação de pensadores livres. O objetivo é fomentar uma revolução que parte do
caos para a ordem. Não se trata de sublevação política contra o Estado, mas da
tomada de posição interna e individual diante da complexidade crescente no
mundo. Cabe ao maçom aprender a pensar com discernimento e clareza, de forma
livre, para implementar ações políticas efetivamente eficientes e realísticas.
O pensador maçônico não é o homem que sabe muito, para tal
basta consultar uma enciclopédia. Não é necessário possuir a memória
sobrecarregada de lembranças. Ele mesmo é espírito livre que não tem
necessidade de catequizar, muito menos, de doutrinar. O pensador forma-se por
si mesmo em resultado da convivência em loja. É filho de suas obras! A
Maçonaria sabe e evita inculcar dogmas. Na contramão das religiões, não tem a
pretensão de estar de posse da Verdade, mas provoca seus adeptos na permanente
busca da Verdade. A Maçonaria limita-se em colocar o adepto em guarda contra os
erros e desvios que escravizam. Deixa ao cargo de cada um a busca pela Verdade,
Justiça e Beleza.
A Maçonaria repudia a fraseologia e fórmulas com as quais os
espíritos vulgares se envaidecem, para engalanarem-se de aparências do falso
saber. Deseja levar seus adeptos a pensarem livremente e, em consequência, de
multiplicar sua instrução e doutrina obtida a partir do constante desvelar de
conhecimentos, revelados através de alegorias e símbolos. Convida o indivíduo a
refletir e trabalhar no sentido de compreender e descobrir o desconhecido.
Trata-se da tarefa prazerosa de evoluir pelo condicionamento racional: é a
atração universal simbolizada no amor. Apenas onde existe amor é possível
desenvolver o livre pensador. A ele cabe, ousar saber! Enquanto as religiões
convencem através do medo, e as ciências se atrelam ao ateísmo, a Maçonaria
trabalha para encontrar a Verdade Metafísica que une os homens pelo amor. Ao
maçom cabe tornar feliz a humanidade pelo amor.
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