sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Liberdade e Concorrência

Luta e sobrevivência.

Charles Evaldo Boller


O maçom é incentivado em promover a caridade. Será suficiente? Por mais que se auxilie em ações pontuais, jamais será capaz de acabar com o abismo que separa ricos de pobres.

Só a capacidade de pensar pode municiar os pobres com a capacidade de eles mesmos irem em busca de recursos, não poluir e reduzir a natalidade. Com isto se reduzirá a ação nefasta do sistema econômico mundial que escraviza ao ponto de matar para possibilitar sua própria sobrevivência.

Debaixo do sistema humano sempre existirão pobres e miseráveis, mas não haverá necessidade de partir para ações que trucidam tantos de forma vil.

Temos no Brasil uma prática funesta de inibição da vontade de progredir, são as bolsas de auxílio aos pobres. Prática fatal que inibe o desenvolvimento individual e incentiva a natalidade. Quanto mais filhos, mais dinheiro o cidadão recebe. Prevalece a motivação em adquirir sempre mais ativos econômicos sob forma de filhos e não a investir em outras formas de riqueza. Número elevado de filhos é fato de relevância econômica que pertence ao passado. Hoje as bolsas contribuem ao bom resultado da economia, mas criam legiões de indolentes acomodados e sem iniciativa ou motivação para a livre iniciativa. O mercado mantém número elevado de posições de trabalho não qualificado apenas para sustentar os menos dotados, uma das razões de limitação vem desta prática terrível de dar esmolas com o dinheiro de erário. Com isto produzem-se mais pessoas para serem mortas pelo sistema econômico mundial quando este vê a sua estabilidade ameaçada.

O pobre não tem capacidade de formar sua prole debaixo da realidade de mercado. Milhões de pessoas não serão absorvidas pelo mercado de trabalho, exigindo do Estado liberação progressiva de recursos da previdência social sem colaborar com a formação do fundo, esgotando-o, originando um escorchante sistema de impostos e confiscos.

É necessário acordar para o fato de que é só pela liberdade de pensamento, evitar preconceitos e dogmas, combater a ignorância que o cidadão vai limitar sua prole e com isto garantir sua felicidade.

No ritmo em que vai, estima-se que somos quase oito bilhões de pessoas no Orbe. Guerra e fome aumentarão de forma geométrica, teremos talvez uma em cada três pessoas passando fome. Mesmo que o Brasil consiga sustentar mais de um bilhão de criaturas, pois é considerado um dos celeiros do mundo, a fome matará milhões. Ao longo da história humana, em quase todas as sociedades, existem registros de crises de alimentação, onde os cidadãos de países inteiros morreram de fome.

As ruas de nossas cidades, dia-a-dia passam a receber mais veículos; quantos morrem diariamente apenas em ocorrência de trânsito? Quanto menos espaço para circular, mais aumenta o comportamento agressivo, mais aumenta a violência. É só estender este raciocínio para as outras carências e necessidade básicas do homem. Tire do homem de forma significativa a capacidade de visão, de alimentação, de deslocamento, ou outra necessidade básica de vida, e faça um exercício de abstração para imaginar até aonde a barbárie tomará conta das tênues relações humanas reguladas pelas leis.

Dizem que quando a miséria entra pela porta, a virtude sai pela janela, daí é só surgir escassez de qualquer recurso que afloram no homem os piores de seus instintos selvagens. Não é isto que experimentamos diariamente? É só assistir aos noticiários para ver a degradação moral e crescimento da violência.

Estarão todos cegos? Terá esfriado o amor fraternal? É muita concorrência!

A quantidade de seres humanos concentrados em pequenos espaços, na ocorrência de competição por qualquer recurso básico de vida, acirra o afloramento das maiores bestialidades, onde as leis perdem seu efeito regulador nas relações entre as pessoas.

Fica pior quando a Justiça é servida em conta-gotas, quando esta se comporta como se não existisse; onde o judiciário deixa de produzir justiça e passa a ativista político, acrescente legisladores que criam leis que defendem o criminoso, instituições de direitos humanos que defendem o malfeitor e outros detalhes, que o descrédito nas tênues forças coercitivas das relações sociais desaparece, o caos se estabelece, desaparece a liberdade.

Urge pensar soluções para reduzir a população mundial. Se demorar um pouco mais poderá ser tarde demais! A tensão crescerá ao ponto de todos os valores serem desconsiderados e o homem retornará a barbárie. A concorrência já está muito grande e os recursos são poucos. Até quando permanecerá adormecido o amor fraterno; esta capacidade que foi transmitida ao homem pelo Grande Arquiteto do Universo em suas façanhas criativas. Certamente caminhar pela senda do amor eliminará a necessidade de matar pessoas antes de alcançarem o objetivo originalmente delineado; vida plena e com qualidade dentro dos objetivos do Incriado.


Bibliografia

1. ABBAGNANO, Nicola, Dicionário de Filosofia, Dizionario DI Filosofia, tradução: Alfredo Bosi, Ivone Castilho Benedetti, ISBN 978-85-336-2356-9, quinta edição, Livraria Martins Fontes Editora Ltda., 1210 páginas, São Paulo, 2007;

2. GEORGE, Susan, O Relatório Lugano, Sobre a Manutenção do Capitalismo no Século XXI, título original: The Lugano Report, tradução: Afonso Teixeira Filho, ISBN 85-85934-89-1, primeira edição, Boitempo Editorial, 224 páginas, São Paulo, 1999;

3. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: Gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;

4. MASI, Domenico de, O Futuro do Trabalho, Fadiga e Ócio na Sociedade Pós-industrial, título original: Il Futuro del Lavoro, tradução: Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354 páginas, Rio de Janeiro, 1999;

5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007;

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