Início da caminhada.
Charles Evaldo Boller
Na primeira viagem maçônica o cidadão se vê defronte a
perigos e obstáculos em meio hostil que assusta pelos seus ruídos de
tempestades, ventos e trovões. Para a pessoa perceptiva, tem a pretensão de
induzir uma significação simbólica daquilo que a sociedade usa para
condicioná-lo e dominá-lo. São as crendices, ideologias, opiniões mal formadas
que submetem o homem a um sistema de domínio injusto, castrador e que
escraviza. Reporta-se às antigas iniciações e trata da purificação pelo ar, um
dos quatro elementos.
"Que significam os ruídos, as dificuldades e os
obstáculos da primeira viagem? - Fisicamente representam o caos, que se
acredita ter precedido e acompanhado a organização dos mundos; moralmente
significam os primeiros tempos da sociedade, durante os quais as paixões, ainda
não dominadas pela razão e pelas leis, conduziam homem e sociedade aos
excessos, tão condenáveis, dos remotos tempos do feudalismo".
Um guia invisível dirige os passos do iniciando o conduzido
segue seu condutor com confiança e docilidade. Docilidade deriva de docere,
"ensinar", em analogia ducere, "conduzir" o faz receptivo e
o coloca em condições de aprender. O condutor obteve sua confiança porque pode
ver e o conduzido depende daquele que detém o conhecimento que permite evoluir.
O simbolismo esotérico dessa condução para obter a Luz da Verdade sugere o
autocontrole.
O ser é senhor de si mesmo. No Universo não existe poder que
se apodere do homem iluminado. Aquele que se Vê iluminado pela Luz do
conhecimento conquista a si mesmo. Nem o Grande Arquiteto do Universo interfere na luta daquele que venceu a si mesmo. O autocontrole é o domínio do eu interior,
representa subjugar a si mesmo e obter poderes superiores latentes dentro do
iniciado.
O autocontrole não se manifesta no caráter do homem
ignorante que obedece aos apelos dos sentidos e serve cegamente aos seus amos
internos. Aquele que se domina e refreia a mente em busca dos objetos
sensórios, aos impulsos animais, ferozes inimigos no sentido do progresso
espiritual, goza de paz e alcança a liberdade.
Buda: "é melhor morrer no campo de batalha lutando
contra o inimigo que ser vencido e forçado a viver como escravo em busca de
pequenos gozos e prazeres".
Aquele que adquire o controle de si mesmos goza de paz e
felicidade nesta vida e alcança o conhecimento do ser divino.
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