quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Elevando os Níveis de Consciência do Maçom

 Charles Evaldo Boller

O Rito Escocês Antigo e Aceito, com seus trinta e três graus, estrutura-se como uma escada simbólica de ascensão da consciência. Cada degrau representa não apenas um estágio de aprendizado ritualístico, mas um nível de depuração moral e intelectual que conduz o maçom à compreensão mais ampla de si mesmo e do universo. Cada grau possibilita obter inúmeros níveis de consciência em progressão, através das provocações extraídas dos rituais. O propósito último desse percurso pelos graus é, como ensina a filosofia maçônica, a construção de um homem melhor, para que, pela soma dos homens aperfeiçoados, a humanidade encontre a felicidade pelo amor.

O grau 14, denominado "Grande Eleito, Perfeito e Sublime Maçom", encerra o ciclo dos chamados Graus de Perfeição, e nele o iniciado alcança a síntese do caminho anterior que vem desde o primeiro grau. Este grau não representa o fim, mas o princípio de um novo estágio: o da sabedoria. A perfeição aqui não é entendida como ausência de defeitos, mas como plenitude de consciência, o estado em que o homem se percebe obra inacabada do Grande Arquiteto do Universo e, por isso, eternamente perfectível. A busca do maçom torna-se, assim, metafísica: ultrapassa o mundo sensível e projeta-se no domínio do espírito.

A liberdade, no contexto deste grau, transcende o plano político ou civil e assume dimensão espiritual. Ser livre é ser senhor de si mesmo, dominar os impulsos inferiores, libertar-se das paixões cegas e das crenças dogmáticas. A liberdade não é dom concedido, mas construção ética: edifica-se na disciplina, na responsabilidade e no amor à Verdade. Assim como a pedra bruta é talhada pelo trabalho paciente do cinzel, a alma do maçom é lapidada pelo exercício da virtude.

Na filosofia maçônica, a liberdade é o coroamento da razão e o princípio da moral. Para Kant, o homem é livre quando age segundo a lei que ele mesmo dá a si, guiado pela razão prática e pelo dever moral. O grau 14 eleva essa noção à sua expressão espiritual: o maçom torna-se livre quando reconhece que sua vontade é reflexo da vontade divina, e que servir à humanidade é participar ativamente da obra do Grande Arquiteto do Universo.

O grau 14 é mais que uma etapa do rito, é um arquétipo da perfeição possível. Nele o iniciado compreende que a elevação não se mede pela hierarquia, mas pela profundidade da consciência; que o templo não é apenas a loja física, mas o próprio coração purificado; e que o amor é o instrumento supremo de aperfeiçoamento. O "Perfeito e Sublime Maçom" é aquele que, tendo vencido a si mesmo, ergue o compasso do espírito sobre o esquadro da razão e, equilibrando-os, torna-se coautor da harmonia universal.

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