A filosofia, quando compreendida em sua plenitude, não é mera
especulação intelectual nem simples acumulação de saber. Ela é arte de viver,
uma via de aperfeiçoamento interior que une pensamento e ação, razão e
sentimento, corpo e espírito. O filósofo, tal como o maçom, busca na reflexão
um modo de vida coerente com o bem, a verdade e a beleza. Essa união de saber e
prática caracteriza o que podemos chamar de resgate consciente do sentido da
existência: o esforço contínuo de compreender o Universo e o lugar do homem
nele, para agir com lucidez e propósito.
Desde Sócrates, a filosofia é apresentada como exercício
espiritual. O mestre ateniense, ao proclamar "conhece-te a ti mesmo", inaugurou uma revolução interior: a
sabedoria não é posse de respostas, mas arte do questionamento. Essa arte,
aplicada ao caminho maçônico, revela-se na prática do autoconhecimento, no
domínio das paixões e na constante lapidação da "pedra bruta", metáfora do ser humano inacabado que busca
tornar-se templo digno da Verdade. Assim, filosofia e Maçonaria coincidem como
processos de iluminação: ambas elevam o homem do plano das aparências ao da
consciência, convidando-o a participar da obra do Grande Arquiteto do Universo.
Na perspectiva metafísica, a filosofia capta o princípio
organizador que permeia todas as coisas, o Logos, a Razão universal. A mente
humana, microcosmo dessa ordem cósmica, é instrumento da manifestação desse
princípio. O filósofo, ao pensar, participa da inteligência divina. O maçom, ao
meditar e agir com retidão, faz o mesmo. A metafísica, portanto, não é fuga do
mundo, mas reconhecimento de sua sacralidade: viver bem é viver de acordo
com o ser, isto é, harmonizar pensamento e ação com as leis universais.
Na filosofia da mente, o pensamento torna-se ponte entre o
visível e o invisível. A consciência é o "fogo oculto" que anima a matéria e transforma o homem em ser
criador. Por isso, o filosofar maçônico é também técnica de ensino, arte
de despertar mentes adormecidas. Ensina a pensar, duvidar, discernir, virtudes
que, em loja, se traduzem em diálogo, reflexão e construção coletiva da
sabedoria.
Assim, captar e transmitir a arte de viver é tarefa iniciática. O filósofo e o maçom são jardineiros
do espírito: cultivam o solo da alma para que floresça a verdade. Em ambos,
o pensar é um ato de amor: amor à Luz, ao bem e ao eterno aperfeiçoamento do
ser.
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