Charles Evaldo Boller
A liderança sempre foi um dos temas centrais da filosofia e da
prática maçônica. O Rito Escocês Antigo e Aceito, com sua riqueza simbólica e
sua trajetória histórica, estabelece que o maçom, em qualquer grau de
progresso, deve preparar-se para governar a si mesmo antes de pretender
governar os outros. A ideia de liderança no contexto maçônico transcende a mera
ocupação de cargos administrativos; trata-se de uma disposição interior que se
projeta no mundo exterior através de ações éticas, instrucionais e sociais.
O presente ensaio visa expandir a reflexão sobre o líder maçom,
considerando a tradição filosófica da Ordem, suas implicações políticas e
sociais, e a aplicação prática de seus princípios na vida pública e privada.
São discutidos aspectos como: a ética como fundamento da liderança; a
tolerância como virtude política; a educação pelo exemplo; a relação entre
Democracia e Maçonaria; e, por fim, as aplicações contemporâneas da filosofia
maçônica no exercício da liderança transformadora.
A Ética Maçônica como Fundamento da Liderança
O primeiro ponto a destacar é que a liderança maçônica não é
conquistada pela imposição, mas pela autoridade moral derivada do exemplo e da
retidão. O maçom é chamado a agir de acordo com uma ética que não é apenas
normativa, mas existencial. Não se trata de cumprir regras externas, mas de
encarnar valores universais como justiça, liberdade, fraternidade e
solidariedade.
A ética maçônica exige que o líder seja capaz de reconhecer
tanto a falibilidade humana quanto a possibilidade de superação. A liderança,
nesse sentido, implica humildade para aprender com os outros e coragem para
posicionar-se contra injustiças, mesmo quando isso contraria interesses
imediatos ou opiniões majoritárias.
Na filosofia prática de Immanuel Kant, o agir ético é aquele que
se pauta pelo imperativo categórico, ou seja, por máximas que possam ser
universalizadas. Esse princípio dialoga diretamente com a postura do líder
maçom: ao decidir, deve perguntar-se se sua ação poderia ser adotada como regra
geral de conduta. Esse exercício de racionalidade ética evita arbitrariedades e
fundamenta a liderança em princípios duradouros, e não em circunstâncias
voláteis.
Democracia e Maçonaria: Entre Ideais e Contradições
O Rito
Escocês Antigo e Aceito defende o sistema democrático como a melhor
forma de governo, embora reconheça seus defeitos. O líder maçom deve
compreender que a Democracia não é um estado de perfeição, mas um processo em
constante construção. Ela depende da vigilância ética e da participação ativa dos
cidadãos para que não se converta em tirania da maioria ou em domínio de
interesses particulares.
Historicamente, muitos líderes maçons participaram de processos
de emancipação política e de consolidação de regimes democráticos. Contudo, a
Ordem sempre deixou claro que seu compromisso não é com partidos ou ideologias,
mas com valores perenes: liberdade de pensamento, igualdade de direitos
e fraternidade entre os povos.
Assim, o líder maçom deve ocupar o espaço público não para impor
uma agenda sectária, mas para defender os princípios universais da dignidade
humana. Isso o diferencia do político comum, frequentemente enredado em
cálculos pragmáticos ou ambições pessoais.
A postura ética maçônica serve como contrapeso às
imperfeições do sistema democrático, apontando os limites da legalidade
quando ela se afasta da justiça e denunciando medidas ilegais, arbitrárias ou
opressoras. Nesse sentido, a liderança maçônica é sempre crítica e construtiva,
jamais passiva.
Tolerância como Virtude Política
A tolerância é um dos pilares da filosofia maçônica e condição
indispensável para o exercício da liderança. Contudo, a tolerância maçônica não
é complacência ou indiferença; é antes a capacidade de reconhecer a dignidade
do outro sem abdicar da defesa da verdade e da justiça.
O líder maçom aprende a exercer a tolerância em um duplo
movimento:
·
Interno, ao reconhecer suas próprias
limitações e preconceitos;
·
Externo, ao dialogar com diferentes
perspectivas, mesmo aquelas que se opõem às suas convicções.
Essa postura é fundamental em sociedades plurais, marcadas por
conflitos de interesses e diversidade cultural. A tolerância evita que a
política se transforme em arena de ódios irracionais e, ao mesmo tempo, impede
que a Democracia seja corroída pelo fanatismo.
Na prática, o líder maçom deve cultivar a escuta ativa, a
capacidade de mediação e a busca por consensos possíveis. Contudo, deve manter
firmeza diante de atos que atentem contra a liberdade e a dignidade humana.
Assim, a tolerância não é fraqueza, mas força equilibrada pela razão.
A Educação pelo Exemplo
A Maçonaria entende que não existe educador no sentido estrito:
cada indivíduo é responsável por sua própria autoeducação. No entanto,
reconhece-se que os exemplos éticos inspiram os demais a desenvolverem seu próprio
processo formativo.
O líder maçom se educa, não por discursos, mas por atitudes. Sua
coerência entre palavra e ação funciona como espelho para os que o cercam. Esse
princípio ecoa no aforismo atribuído a Sócrates: "Educar não é encher um vaso, mas acender uma chama".
A educação pelo exemplo é especialmente relevante no mundo
contemporâneo, saturado de informações e marcado por crises de confiança nas
instituições. O líder maçom, ao manter integridade em sua vida privada e
pública, demonstra que é possível alinhar ética e prática, inspirando aqueles
que se encontram desorientados em meio a discursos contraditórios.
A Crítica Maçônica à Desigualdade
Um dos grandes temas é a constatação de que jamais houve uma
sociedade plenamente igualitária. A cultura humana tem sido marcada pela
distinção, pelo privilégio e pela discriminação.
A Maçonaria, porém, sempre afirmou que todos os seres humanos
têm igual direito de acesso às riquezas naturais e culturais. Isso não
significa nivelamento absoluto, mas reconhecimento da dignidade comum da
humanidade. O líder maçom deve, portanto, atuar contra estruturas que perpetuam
exclusões injustas, sejam elas econômicas, sociais ou culturais.
Aqui cabe lembrar a influência iluminista na formação da
filosofia maçônica. Para Rousseau, por exemplo, a desigualdade é produto de
convenções sociais e não da natureza. Para Kant, a dignidade humana é
inalienável e não admite gradações. Esses princípios alimentam a consciência
crítica do líder maçom diante das injustiças históricas.
Aplicações Práticas da Liderança Maçônica
A teoria só ganha sentido quando aplicada na prática. Algumas
formas concretas de atuação do líder maçom pode ser destacada:
·
Na vida política: participação ativa em
processos democráticos, sempre defendendo a transparência, a justiça e a
dignidade humana. O líder maçom deve evitar a tentação do carreirismo e pautar
suas decisões pelo bem comum.
·
Na vida profissional: gestão ética em
empresas e organizações, valorizando a meritocracia justa, a equidade de
oportunidades e a responsabilidade social.
·
Na vida comunitária: promoção de projetos
de solidariedade, inclusão e educação. A liderança maçônica se manifesta também
no silêncio das pequenas ações que transformam a vida cotidiana das pessoas.
·
Na vida familiar: exemplo de respeito,
diálogo e educação baseada em valores universais. O líder maçom entende que a
família é a primeira escola de cidadania.
·
Na vida intelectual: incentivo à leitura,
ao debate e ao livre-pensamento. O líder maçom não teme ideias divergentes, mas
promove ambientes de diálogo que elevam a consciência coletiva.
Desafios Contemporâneos
O século XXI apresenta desafios inéditos à liderança maçônica: a
globalização, a crise ambiental, o avanço das tecnologias digitais e a
polarização política.
O líder maçom deve estar preparado para atuar nesses contextos,
mantendo fidelidade aos princípios perenes da Ordem, mas adaptando-os às novas
circunstâncias. Isso implica compreender a interdependência planetária, lutar
contra formas sutis de opressão tecnológica, defender a privacidade e a
liberdade de expressão, e propor alternativas éticas à lógica consumista e
predatória que domina o mundo.
Exemplos Históricos de Liderança Maçônica
George Washington: O Símbolo da Democracia
George Washington (1732-1799), primeiro presidente dos Estados
Unidos e venerado como um dos "pais
fundadores", foi também um destacado maçom. Sua liderança conjugou
prudência, firmeza e profundo senso ético. Washington nunca buscou poder
absoluto, mesmo tendo a oportunidade de assumir uma posição monárquica.
Recusou-se a perpetuar-se no cargo, criando o precedente da limitação de
mandatos presidenciais.
Esse gesto é um exemplo prático da liderança pelo desapego e da
ética da responsabilidade: demonstrou que o verdadeiro líder não governa em
benefício próprio, mas para garantir a estabilidade e a liberdade do povo.
Washington agiu como um "exemplo",
ensinando que a Democracia não se sustenta na ambição pessoal, mas na confiança
pública.
José Bonifácio de Andrada e Silva: O Patriarca da Independência
O Brasil também teve em sua história líderes maçons de destaque,
entre eles José Bonifácio (1763-1838). Conhecido como o "Patriarca da Independência", foi
central no processo de emancipação política do Brasil em relação a Portugal.
Bonifácio aplicava em sua vida política a ética maçônica de
defesa da liberdade e da justiça. Propôs, por exemplo, a abolição gradual da
escravidão, medida revolucionária para a época. Além disso, defendeu a
necessidade de educação pública como base para a construção da cidadania e da
Democracia.
Sua liderança foi marcada pela coragem ética de propor mudanças
estruturais que tocavam em interesses poderosos. Embora nem todas as suas
propostas tenham sido aceitas, ele permanece como exemplo de líder que soube
colocar o bem comum acima de conveniências pessoais ou de classe.
Simón Bolívar: O Libertador das Américas
Simón Bolívar (1783-1830), o grande libertador da América do
Sul, também foi maçom e incorporou os valores da Ordem em sua luta pela
independência. Sua visão não se limitava à libertação política, mas buscava a
construção de sociedades fundadas na igualdade jurídica e na liberdade civil.
Bolívar foi um líder com espírito visionário, que compreendia a
necessidade da educação e da formação cívica para consolidar as novas
repúblicas. Contudo, enfrentou as limitações históricas da época, como as
disputas regionais e a ausência de uma cultura política democrática enraizada.
Sua trajetória ilustra a tensão entre o ideal maçônico
universalista — fraternidade e unidade — e os desafios concretos de sociedades
divididas por interesses locais. Ainda assim, sua imagem permanece como símbolo
da luta contra a opressão e da coragem em abrir caminhos novos.
Giuseppe Garibaldi: A Fraternidade como Força de Transformação
Garibaldi (1807-1882), herói de duas pátrias — Itália e Brasil
—, foi um exemplo de liderança maçônica ligada ao ideal republicano e ao
combate à tirania. No Brasil, atuou na Revolução Farroupilha; na Itália, foi
decisivo para a unificação nacional.
Sua vida é exemplo de liderança pela ação solidária. Garibaldi
uniu povos distintos sob a bandeira da liberdade, sempre colocando em primeiro
lugar os ideais de justiça e fraternidade. Foi também um homem simples, que
compartilhava os riscos e dificuldades com seus soldados, sendo, portanto, um
líder não distante, mas presente e exemplar.
Benjamin Franklin: O Intelectual a Serviço da Sociedade
Benjamin Franklin (1706-1790), estadista, inventor e filósofo,
foi um dos maiores expoentes da Maçonaria no século XVIII. Participou da
elaboração da Constituição dos Estados Unidos e foi defensor ferrenho da
educação, da liberdade de imprensa e da ciência como instrumento de progresso
social.
Franklin representa o líder intelectual maçom, que atua não
apenas na política, mas na cultura e na ciência. Ele compreendia que a
liderança exige também visão criadora, capaz de inovar e propor soluções
concretas para os problemas da sociedade. Sua postura reforça o princípio
maçônico da autoeducação contínua e do uso do conhecimento para o bem comum.
Lições Contemporâneas a Partir dos Exemplos
Os líderes maçons históricos não foram figuras perfeitas, mas
símbolos de aplicação prática dos valores maçônicos em contextos reais. Deles
podemos extrair algumas lições para o presente:
·
Washington: a ética do limite e do desapego como
antídoto contra o autoritarismo.
·
José Bonifácio: a coragem de propor reformas
sociais em favor da justiça e da liberdade.
·
Bolívar: a visão universalista que transcende
fronteiras locais e aponta para a fraternidade entre os povos.
·
Garibaldi: a liderança solidária que compartilha
riscos e se constrói na prática da fraternidade.
·
Franklin: a valorização da ciência, da cultura e
da educação como bases para a emancipação humana.
Essas figuras mostram que a liderança maçônica não se restringe
às lojas ou aos templos: ela é chamada a irradiar-se na política, na ciência,
na cultura, na vida comunitária. O líder maçom entende que seu compromisso
último não é com seu prestígio, mas com a humanidade.
Pensadores Maçônicos e a Filosofia da Liderança
Albert Pike (1809-1891): A Liderança como Caminho de Sabedoria
Albert Pike, um dos maiores intérpretes do Rito Escocês Antigo e
Aceito, destacou-se como filósofo maçônico nos Estados Unidos. Em sua obra
monumental Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of
Freemasonry (1871), Pike enfatiza que o verdadeiro líder maçom deve ser
educador e filósofo, alguém capaz de unir razão e espiritualidade.
Para Pike, a liderança maçônica não se mede pelo poder de
comando, mas pela capacidade de iluminar os outros com o conhecimento. Ele
afirmava que governar não é impor a vontade, mas ensinar a verdade e despertar
no próximo a busca pela liberdade interior.
Essa visão se alinha com a concepção de que o líder maçom é
antes de tudo um guia moral, cuja função é estimular a autoeducação coletiva
pela luz do exemplo e do saber.
Joaquim Gervásio de Figueiredo (1908-1987): Liderança como
Serviço
No Brasil, Joaquim Gervásio de Figueiredo, autor da Enciclopédia
da Maçonaria, destacou-se como pensador e divulgador dos princípios da Ordem.
Para ele, o maçom deveria estar consciente de que sua missão não se limitava
aos templos, mas se projetava na sociedade.
Gervásio via a liderança maçônica como um serviço prestado à
humanidade. O líder maçom não é detentor de privilégios, mas portador de
responsabilidades. Seu dever é contribuir para a educação do povo, combater as
injustiças e inspirar confiança pela integridade de suas ações.
Essa concepção de liderança como serviço rompe com modelos
autoritários e centralizadores, aproximando-se de teorias modernas de servant
leadership, nas quais o líder é aquele que serve para depois conduzir.
Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes (1746-1792): A
Liderança pelo Sacrifício
Embora não tenha deixado obras escritas, Tiradentes permanece
como símbolo maior do ideal maçônico no Brasil. Sua participação na
Inconfidência Mineira representou o espírito de liberdade e igualdade que ecoa
nos princípios da Ordem.
Sua liderança foi marcada pela coragem ética de enfrentar a
tirania colonial, mesmo ao custo da própria vida. Tiradentes representa o
arquétipo do líder-sacrifício, aquele que se oferece como exemplo máximo de
fidelidade ao ideal.
Para a filosofia maçônica, sua memória não é cultuada como mito
distante, mas como inspiração prática: lembrar que a verdadeira liderança não
busca glória pessoal, mas está disposta a pagar o preço em nome da liberdade e
da justiça.
Jules Boucher (1902-1955): A Liderança Simbólica
O maçom francês Jules Boucher, em sua obra A Simbólica Maçônica,
ressaltou que o líder deve ser um intérprete dos símbolos. O símbolo, na
tradição maçônica, não é mero ornamento, mas ferramenta pedagógica que comunica
verdades universais.
O líder maçom, nesse sentido, é aquele que traduz o simbolismo
para a vida cotidiana, tornando-o acessível à compreensão dos irmãos e da
sociedade. Boucher via a função do líder como a de pontífice — literalmente,
"fazedor de pontes" —,
unindo o visível ao invisível, o temporal ao eterno.
Assim, a liderança maçônica não é apenas política ou ética, mas
também simbólica: o líder é mediador entre os valores eternos e sua aplicação
prática na realidade histórica.
Albert Schweitzer (1875-1965) — Simpatizante e Pensador Ético
Embora não fosse maçom formalmente, muitos maçons o tomam como
exemplo de liderança ética próxima aos ideais da Ordem. Schweitzer desenvolveu
o conceito de "reverência pela vida",
defendendo que o líder deve ter compaixão e responsabilidade para com todos os
seres.
Esse pensamento ressoa com a visão maçônica de fraternidade
universal e de cuidado pelo próximo, ampliando a liderança maçônica para uma
dimensão planetária e ecológica.
Lições Filosóficas para a Liderança Atual
Da contribuição desses
pensadores e símbolos emergem algumas lições valiosas:
·
Com Pike: o líder maçom deve ser também
filósofo, iluminando com sabedoria.
·
Com Gervásio de Figueiredo: a liderança é
serviço, não privilégio.
·
Com Tiradentes: a liderança exige coragem e, às
vezes, sacrifício pessoal.
·
Com Boucher: o líder é tradutor de símbolos e
ponte entre valores eternos e práticas cotidianas.
·
Com Schweitzer: o líder deve incluir em sua
ética a reverência pela vida e pelo planeta.
Essas reflexões ampliam o conceito de liderança maçônica,
mostrando que ela não é um modelo rígido, mas uma filosofia em evolução, capaz
de responder aos desafios de cada época.
Conclusão
Ao unir a reflexão filosófica à exemplificação histórica,
torna-se ainda mais claro que a liderança maçônica é uma força ética e
transformadora. Ela se expressa tanto no silêncio do exemplo individual quanto
nos grandes gestos de figuras históricas que moldaram nações.
Assim, podemos dizer que o líder maçom é chamado a ser, em
qualquer tempo e lugar, o ponto de equilíbrio entre a tradição e a inovação,
entre a ética e a política, entre o ideal e o possível. Seu papel é recordar à
humanidade que a liberdade, a igualdade e a fraternidade não são meros slogans,
mas compromissos práticos que devem ser vividos diariamente.
O líder maçom não é aquele que governa por decreto, mas aquele
que inspira pela coerência de sua vida. Sua liderança é discreta, mas
transformadora; paciente, mas firme; ética, mas sempre prática.
Num mundo carente de referências, a figura do líder maçom
representa a esperança de que é possível conjugar ética e política, liberdade e
responsabilidade, tolerância e firmeza. Sua contribuição maior não está em
grandes discursos, mas no exemplo silencioso que acende a chama da autoeducação
em todos que o cercam.
Assim, a liderança maçônica é uma forma de serviço: serviço à
humanidade, à liberdade e à fraternidade. É a arte de transformar a si mesmo
para transformar o mundo.
O líder maçom é fruto de uma tradição que une história,
filosofia e prática. Das figuras de Washington, Bonifácio, Bolívar, Garibaldi e
Franklin, aprendemos que a liderança se constrói pelo exemplo e pelo
compromisso com a liberdade. Dos pensadores como Pike, Gervásio de Figueiredo e
Boucher, entendemos que a liderança é também filosofia, serviço e pedagogia
simbólica.
No presente, o líder maçom deve ser capaz de unir essas
dimensões: agir com ética, servir com humildade, sacrificar-se quando
necessário, educar pelo exemplo e traduzir os símbolos da tradição em práticas
transformadoras para o mundo contemporâneo.
Assim, a liderança maçônica é um caminho iniciático de serviço à
humanidade, uma forma elevada de política moral e espiritual que, longe de perder
sua relevância, mostra-se cada vez mais necessária em tempos de crise,
desigualdade e desorientação coletiva.
Bibliografia
1.
ANDERSON, James. Constituições dos Maçons.
Lisboa: Regra do Jogo, 1983 (1723). Texto fundacional da Maçonaria moderna, com
reflexões sobre a liberdade, a igualdade e o compromisso com a lei e a ética,
indispensável ao tema da liderança.
2.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de
Janeiro: Zahar, 2001. Ajuda a compreender os desafios da liderança em
sociedades marcadas pela fluidez e pela instabilidade, contexto no qual a ética
maçônica pode servir de guia.
3.
HABERMAS, Jürgen. Consciência Moral e Agir
Comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. Explora a importância da
racionalidade comunicativa e do diálogo, conceitos que sustentam a prática
maçônica da tolerância e da mediação.
4.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos
Costumes. São Paulo: Martins Fontes, 2003. Obra fundamental para compreender a
ética como princípio universal de ação, base para o conceito de liderança
maçônica fundamentada no dever e na dignidade humana.
5.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à
Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000. Oferece reflexões contemporâneas
sobre a educação integral e a autoformação, conceitos próximos da ideia
maçônica de educação pelo exemplo.
6.
PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São
Paulo: Summus, 1994. Fundamenta a noção de autoeducação e de aprendizado pelo
exemplo, noções presentes na prática maçônica da liderança.
7.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. São
Paulo: abril Cultural, 1973. Texto clássico sobre a origem da desigualdade e a
necessidade de pactos sociais justos, em diálogo com a crítica maçônica às
distinções arbitrárias.
8.
SILVA, Eládio José. Maçonaria e Ética. Belo
Horizonte: Arca, 2005. Estudo específico sobre a relação entre os princípios
maçônicos e a prática ética, essencial para compreender a função pedagógica do
líder maçom.