O treinamento de uma boa consciência leva o maçom a tornar-se sábio.
Charles Evaldo Boller
O maçom é sempre obediente?
Não!
Ele obedece a uma treinada consciência voltada para o bem e
baseada em princípios morais.
Consciência é capacidade humana que pode ser treinada e
desenvolvida. É o utilitário de segurança mais usado pelo homem sábio com
vistas à pureza moral. É ela quem efetua comparações com padrões de moral e que
freiam o mal. A constante convivência com pessoas detentoras de elevada moral
injeta na mente comportamentos, pensamentos, crenças e diretrizes que a
treinam. Estudar e filosofar temas morais contribui na sua boa edificação.
Mas não é suficiente!
É necessário querer e estar disposto em aceitar mudanças,
orientações e advertências. Quando certa ação conflita com o padrão
desenvolvido no condicionamento moral, soa o aviso de alerta ao início da
contenda, empunha-se a consciência como escudo. Ela acusa e defende o homem do
proceder que prejudica. Deixa de funcionar se estiver cauterizada, tornada
insensível por inúmeros atentados que a desrespeitam.
A consciência gera culpa e esta imobiliza a ação errada.
A companhia de pessoas promíscuas e praticantes de atos
atentatórios à moral prejudica seu bom condicionamento. É semelhante ao
arrancar de terminações nervosas da carne que fica destituída de tato. A ação
da pessoa passa a ser controlada pelo temor a castigos e não mais ao sentimento
de culpa que imobiliza a ação do mal.
No Rito Escocês Antigo e Aceito o maçom recebe de herança
cultural a direção que preconiza a obediência de caserna, disciplina marcial e
rígida, influência de vetustas ordens de cavalaria e profissionais. A companhia
de pessoas boas e disciplinadas auxilia no desenvolvimento de boa consciência.
Razão da boa e criteriosa escolha de novos obreiros. Profano que não possui
estatura mínima em sentido moral é impedido de entrar na Maçonaria, daí a
importância de rigorosas escolhas e sindicâncias.
Uma vez iniciado, a convivência pacífica e amorosa entre os
maçons proporciona a sintonia fina da consciência sensível e inteligente. Quem
não treina a sua consciência faz de si um animal incapaz de ocupar-se de outra
coisa, a não ser daquela do destino próprio dos animais. Se a consciência do
maçom está afinada com a moral, este pode até dispensar o livro da lei no altar
dos juramentos. O detentor de boa consciência tem um livro da lei escrito no
coração e na mente. Para o cristão, a bíblia judaico-cristã é símbolo da sua
consciência. Representa espiritualidade e racionalidade de todo homem bom
dotado de consciência voltada ao bem. Aquele que passa por transformação em
sentido lato, reunindo em si bons princípios morais, éticos, religiosos,
emocionais, físicos e espirituais tem o alicerce de sua consciência construído
sobre a rocha.
O maçom usa da inteligência para educar-se e afinar a
consciência ao que ditam as leis naturais estabelecidas pelo Grande Arquiteto
do Universo.
Desenvolve e entende a mensagem contida na filosofia da
Maçonaria, em cuja escalada peregrina ao interior de si. Trabalha a pedra por
dentro nos exercícios de individuação tornando-se consciente do milagre da vida
que o anima. E nesse seu mundo interior desenvolve acurada consciência,
instrumento que o desculpa e acusa, diferencia entre bem e mal, percebe certo e
errado.
Na história da Maçonaria observa-se que quando de parte de
maçons ocorreu desobediência civil, aconteceram fatos que promoveram melhorias
às sociedades humanas. Treinado a consciência o maçom desobedece a tudo o que
possa bloquear o exercício da liberdade responsável: o bom uso da liberdade com
possibilidades de escolhas.
O maçom obedece mais à consciência criada pelo Grande
Arquiteto do Universo que às leis, dogmas religiosos e ideologias políticas.
Parte do princípio que aceitar de forma passiva às leis
injustas as tornam legítimas.
A sua espiritualidade associada à sua boa consciência leva-o
a caminhar conforme os elementos de seu projeto existencial onde não obedece a
ordens que conflitam com a moral guardada pela consciência.
Tem o dever juramentado de rebelar-se contra leis e
dominações injustas.
Cultiva e condiciona sua consciência para a ação orientada
ao amor fraterno; aquele sentimento em ação que soluciona a todos os problemas
de relacionamento e humaniza o homem.
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