Fidelidade é amar aquele que não nos ama.
Charles Evaldo Boller
Fidelidade é o atributo de quem é fiel. É o irmão maçom que
se mantêm fiel e persevera nos valores e promessas feitas. Na política é o
vínculo entre o membro do partido e suas doutrinas e orientações. Na religião é
manter-se fiel às linhas de pensamento e dogmas de sua igreja. Na cultura é a
manutenção dos preceitos e das ideias, mesmo que estas sofram mudanças em
função da dinâmica cultural. Entre duas pessoas leva às relações de confiança
que determinam perseverantes relações de fé afetuosa e sentimental. Na
Maçonaria é a qualidade de continuar fiel aos juramentos proferidos solenemente
em todas as iniciações e a estrita observância de conduta ilibada dentro
daquilo que é exigido e prescrito nos juramentos. É a constância em manter o
juramento, um ato espiritual que invoca Deus como testemunha e constitui como
vingador e juiz de uma falha a própria consciência.
O contrário é o perjuro, aquele que falta para com o seu
juramento, o infiel. Mas quem é tão perfeito que não falta com seu juramento em
pequenas coisas? Eventualmente todos erram. Só que há necessidade de
precaver-se, pois quem erra no pouco erra no bastante, daí a necessidade da
rígida disciplina desenvolvida nos templos da Maçonaria.
Devido aos múltiplos interesses dos homens é comum alguns se
considerarem amigos, mas a sua fidelidade é rara, pois com frequência há
necessidade de tolerar pequenas infidelidades para manter o amigo próximo ao
coração. Para tanto há necessidade de premiar a lealdade com espírito de
justiça. Se o amigo falhou deve-se deixar que expie pela falta, para que possa
levantar-se fortalecido, se foi fiel deve ser recompensado seja lá como for.
Acobertar a falha do amigo é infidelidade para com o juramento, para consigo
mesmo, e isto é irreparável. O maçom ajuda seu irmão até o limite de sua
consciência, caso contrário é cego guiando outro cego, ambos cairão na mesma
cova.
Amar ao irmão que nos ama é fácil! Difícil é amar o irmão
que se declara inimigo. Mas este, observadas certa circunstancias, é o melhor
irmão, porque é franco e honesto em demonstrar isto. Muito difícil mesmo é
aquele irmão que bajula e usa a amizade apenas para dar vazão a sua vaidade,
tirar vantagens e colocar-se acima dos outros. É aquele irmão que na hora de
trabalhar está cheio de compromissos pessoais inadiáveis e urgentes, e na hora
de colher o resultado do trabalho quer ser o primeiro da fila para receber o
aumento de salário. Sentir-se usado por aquele que se diz amigo é muito pior
que sentir-se odiado por aquele que se diz inimigo. O contrário de amor não é
ódio, é indiferença. Amor e ódio são sentimentos paralelos, que podem ser
usados para o bem e para o mal. Tudo depende de como são usados. Daí é
preferível, e mais fácil até amar ao inimigo que ao amigo oportunista e infiel.
É o inimigo que nos mantém alertas e constitui o melhor professor para nos
manter fiéis à promessa feita. Conquistar este tipo de inimigo é muito mais
vantajoso que manter um amigo fingido que se aproveita da amizade para tirar,
sempre que possível, vantagens pessoais.
A simpatia, afinidade moral, similitude no sentir e no
pensar que aproxima duas ou mais pessoas, é outra qualidade desejada no maçom.
E não só para com outros maçons. O irmão verdadeiro busca afinidades, fazer
despertar sentimentos que atraem espontaneamente para si qualquer tripulante
desta linda nave espacial chamada Terra. Disto não tem como escapar, haja vista
o que nos conecta a todos os outros seres viventes da biosfera, o espírito de
vida, o sopro de vida, a energia vital que une todos os seres viventes e nos
mantém vivos. É esta interação, esta interdependência, o que faz aflorar a
simpatia. Os seres viventes podem ser compostos de materiais e elementos
químicos diferentes, mas em espírito são todos iguais, emanam todos da vida, do
mesmo princípio definido pelo Grande Arquiteto do Universo.
Ninguém é melhor que o outro ou mais importante; isto é
vaidade. O maçom vive uma sociedade igualitária. Sem igualdade não existe
liberdade nem fraternidade. A fidelidade mantém os maçons irmanados numa mesma
ideologia de fazer o bem à humanidade e a simpatia os mantém unidos por
relações de amizade prazerosa, para fazer da dádiva da vida, do privilégio de
viver, uma permanente expressão do amor fraterno, a única solução para todos os
problemas da humanidade.
Bibliografia
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edição, Edições Paulinas, 1663 páginas, São Paulo, 1973;
2. CAPRA, Fritjof, A Teia da Vida, Uma Nova Compreensão
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4. DUMÊT, Eliana Bittencourt; SHINYASHIKI, Roberto T., Amar
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5. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano,
tradução: Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, primeira edição, Editora Nova
Cultural limitada., 320 páginas, São Paulo, 2005;
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