segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Fidelidade e Simpatia

Fidelidade é amar aquele que não nos ama.

Charles Evaldo Boller


Fidelidade é o atributo de quem é fiel. É o irmão maçom que se mantêm fiel e persevera nos valores e promessas feitas. Na política é o vínculo entre o membro do partido e suas doutrinas e orientações. Na religião é manter-se fiel às linhas de pensamento e dogmas de sua igreja. Na cultura é a manutenção dos preceitos e das ideias, mesmo que estas sofram mudanças em função da dinâmica cultural. Entre duas pessoas leva às relações de confiança que determinam perseverantes relações de fé afetuosa e sentimental. Na Maçonaria é a qualidade de continuar fiel aos juramentos proferidos solenemente em todas as iniciações e a estrita observância de conduta ilibada dentro daquilo que é exigido e prescrito nos juramentos. É a constância em manter o juramento, um ato espiritual que invoca Deus como testemunha e constitui como vingador e juiz de uma falha a própria consciência.

O contrário é o perjuro, aquele que falta para com o seu juramento, o infiel. Mas quem é tão perfeito que não falta com seu juramento em pequenas coisas? Eventualmente todos erram. Só que há necessidade de precaver-se, pois quem erra no pouco erra no bastante, daí a necessidade da rígida disciplina desenvolvida nos templos da Maçonaria.

Devido aos múltiplos interesses dos homens é comum alguns se considerarem amigos, mas a sua fidelidade é rara, pois com frequência há necessidade de tolerar pequenas infidelidades para manter o amigo próximo ao coração. Para tanto há necessidade de premiar a lealdade com espírito de justiça. Se o amigo falhou deve-se deixar que expie pela falta, para que possa levantar-se fortalecido, se foi fiel deve ser recompensado seja lá como for. Acobertar a falha do amigo é infidelidade para com o juramento, para consigo mesmo, e isto é irreparável. O maçom ajuda seu irmão até o limite de sua consciência, caso contrário é cego guiando outro cego, ambos cairão na mesma cova.

Amar ao irmão que nos ama é fácil! Difícil é amar o irmão que se declara inimigo. Mas este, observadas certa circunstancias, é o melhor irmão, porque é franco e honesto em demonstrar isto. Muito difícil mesmo é aquele irmão que bajula e usa a amizade apenas para dar vazão a sua vaidade, tirar vantagens e colocar-se acima dos outros. É aquele irmão que na hora de trabalhar está cheio de compromissos pessoais inadiáveis e urgentes, e na hora de colher o resultado do trabalho quer ser o primeiro da fila para receber o aumento de salário. Sentir-se usado por aquele que se diz amigo é muito pior que sentir-se odiado por aquele que se diz inimigo. O contrário de amor não é ódio, é indiferença. Amor e ódio são sentimentos paralelos, que podem ser usados para o bem e para o mal. Tudo depende de como são usados. Daí é preferível, e mais fácil até amar ao inimigo que ao amigo oportunista e infiel. É o inimigo que nos mantém alertas e constitui o melhor professor para nos manter fiéis à promessa feita. Conquistar este tipo de inimigo é muito mais vantajoso que manter um amigo fingido que se aproveita da amizade para tirar, sempre que possível, vantagens pessoais.

A simpatia, afinidade moral, similitude no sentir e no pensar que aproxima duas ou mais pessoas, é outra qualidade desejada no maçom. E não só para com outros maçons. O irmão verdadeiro busca afinidades, fazer despertar sentimentos que atraem espontaneamente para si qualquer tripulante desta linda nave espacial chamada Terra. Disto não tem como escapar, haja vista o que nos conecta a todos os outros seres viventes da biosfera, o espírito de vida, o sopro de vida, a energia vital que une todos os seres viventes e nos mantém vivos. É esta interação, esta interdependência, o que faz aflorar a simpatia. Os seres viventes podem ser compostos de materiais e elementos químicos diferentes, mas em espírito são todos iguais, emanam todos da vida, do mesmo princípio definido pelo Grande Arquiteto do Universo.

Ninguém é melhor que o outro ou mais importante; isto é vaidade. O maçom vive uma sociedade igualitária. Sem igualdade não existe liberdade nem fraternidade. A fidelidade mantém os maçons irmanados numa mesma ideologia de fazer o bem à humanidade e a simpatia os mantém unidos por relações de amizade prazerosa, para fazer da dádiva da vida, do privilégio de viver, uma permanente expressão do amor fraterno, a única solução para todos os problemas da humanidade.


Bibliografia

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3. CLAUSEN, Henry C., Comentários Sobre Moral e Dogma, primeira edição, 248 páginas, Estados Unidos da América, 1974;

4. DUMÊT, Eliana Bittencourt; SHINYASHIKI, Roberto T., Amar Pode Dar Certo, ISBN 85-85247-02-9, 109ª edição, Editora Gente, 172 páginas, São Paulo, 1998;

5. LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano, tradução: Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, primeira edição, Editora Nova Cultural limitada., 320 páginas, São Paulo, 2005;

6. MCGRAW, Phillip C., Estratégias de Vida, Fazendo o que dá Certo, Fazendo o que Importa, título original: Life Strategies, tradução: Max Altman, ISBN 85-87122-04-5, segunda edição, Editora Alegro, 262 páginas, São Paulo, 1999;

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