sábado, 10 de maio de 2025

Oratória, Rainha das Artes

 Charles Evaldo Boller

 

Não raro encontram-se pessoas que não gostam de apresentar o resultado de seus trabalhos em função de receio de sua capacidade de oratória não ser suficiente. Casos extremos existem onde a pessoa prefere perder grandes oportunidades de negócios e de promoção pessoal só para não enfrentar plateia. Existem também aqueles que se deixaram influir por comentários onde "ouviram dizer" que a oratória é um dom natural de alguns poucos privilegiados, e só a estes o Grande Arquiteto do Universo propiciou o poder da comunicação. Falso conceito! Somente a aspiração de falar melhor já cristaliza como crédito para quebrar os grilhões e soltar-se na busca do sucesso pela palavra. Essa afirmativa é feita com a mais forte convicção, pois se acumulam os exemplos daqueles que vi iniciarem-se destituídos de predicado para falar bem e, desmistificando as opiniões infundadas de que a natureza elege seus escolhidos, independentemente da vontade do homem.

 

Assim como ninguém deve deixar de aprender a nadar porque bebe alguns goles de água nas primeiras tentativas, também o aprendiz de oratória não deve desanimar porque encontra dificuldades ou comete alguns deslizes nas apresentações iniciais. Basta ter a capacidade de falar bem. O resto é questão de treinamento, dedicação e zelo. Em loja temos a maravilhosa oportunidade de desenvolver este dom que cada um tem. Esta capacidade está latente, mas precisa de treinamento. Não deve ser deixada solta. Enganam-se aqueles que imaginam a extinção do estudo da oratória nos dias atuais. O que houve, na verdade, foi uma grande transformação nas exigências dos ouvintes e consequentemente na orientação do ensino da arte de falar. O ouvinte de hoje solicita uma fala mais natural e objetiva, sem os adornos de linguagem e a rigidez da técnica empregada até o princípio do século passado. O uso da palavra falada deixou de ser privilégio dos religiosos, políticos e advogados, e alastrou-se para todos os setores de atividades. Os empresários, executivos, técnicos, profissionais liberais necessitam cada vez mais da boa comunicação. Todos precisam falar bem para enfrentar as mais diferentes situações: comandar subordinados, dirigir ou participar de reuniões, representar a ritualística em loja, apresentar relatórios, vender ou apresentar produtos e serviços, dar entrevistas para emissoras de rádio e televisão, fazer palestras, ministrar cursos, fazer e agradecer homenagens, desenvolver contatos sociais, representar a empresa, representar a Loja quando em visita à outras oficinas.

 

A oratória é a mais típica e a mais gráfica manifestação da arte, porque é a arte da palavra. Da palavra que é vestidura do pensamento, da palavra que é a forma da ideia, da palavra que é nítida voz da natureza e do espírito, da palavra que é tão leve como o ar e tão irisada como a mariposa, da palavra que é transparente como a gaze e tão sonora como o bronze, da palavra que murmura como o arroio e ruge como a tormenta, que prende como imã e fulmina como o raio, que corta como a espada e contunde como a clava; da palavra que ostenta a majestade da arquitetura, o relevo da escultura, o matiz da pintura, a melodia da música, o ritmo da poesia, e que por seus rendilhados e riquezas, por suas graças e opulências, aclama a oratória, rainha das artes!

 

Bibliografia

 

1. BACHL, Hans, Nos Bastidores da Maçonaria, Memórias de um Ex-secretário, Coletânea de Artigos e Traduções, segunda edição, Editora Aurora limitada., 136 páginas, Rio de Janeiro;

2. CONTE, Carlos Brasílio, O Livro do Orador, Oratória Maçônica, ISBN 85-7374-571-1, primeira edição, Madras Editora limitada., 166 páginas, São Paulo, 2003;

3. MARTINS, Álvaro; SOUZA, Janderson de, Escrever Melhor e Falar Melhor: um Guia Completo, Seleções do Reader's Digest, título original: Reader's Digest How to Write and Speak Beter, tradução: Agatha Pitombo Bacelar, Lígia Capdeville da Paixão, ISBN 85-86-11677-7, primeira edição, Reader's Digest Brasil limitada., 608 páginas, Rio de Janeiro, 2003.

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