Charles Evaldo Boller
Não raro encontram-se
pessoas que não gostam de apresentar o resultado de seus trabalhos em função de
receio de sua capacidade de oratória não ser suficiente. Casos extremos existem
onde a pessoa prefere perder grandes oportunidades de negócios e de promoção
pessoal só para não enfrentar plateia. Existem também aqueles que se deixaram
influir por comentários onde "ouviram dizer" que a oratória é um dom
natural de alguns poucos privilegiados, e só a estes o Grande Arquiteto do
Universo propiciou o poder da comunicação. Falso conceito! Somente a aspiração
de falar melhor já cristaliza como crédito para quebrar os grilhões e soltar-se
na busca do sucesso pela palavra. Essa afirmativa é feita com a mais forte
convicção, pois se acumulam os exemplos daqueles que vi iniciarem-se
destituídos de predicado para falar bem e, desmistificando as opiniões
infundadas de que a natureza elege seus escolhidos, independentemente da
vontade do homem.
Assim como ninguém deve
deixar de aprender a nadar porque bebe alguns goles de água nas primeiras
tentativas, também o aprendiz de oratória não deve desanimar porque encontra
dificuldades ou comete alguns deslizes nas apresentações iniciais. Basta ter a
capacidade de falar bem. O resto é questão de treinamento, dedicação e zelo. Em
loja temos a maravilhosa oportunidade de desenvolver este dom que cada um tem.
Esta capacidade está latente, mas precisa de treinamento. Não deve ser deixada
solta. Enganam-se aqueles que imaginam a extinção do estudo da oratória nos
dias atuais. O que houve, na verdade, foi uma grande transformação nas
exigências dos ouvintes e consequentemente na orientação do ensino da arte de
falar. O ouvinte de hoje solicita uma fala mais natural e objetiva, sem os
adornos de linguagem e a rigidez da técnica empregada até o princípio do século
passado. O uso da palavra falada deixou de ser privilégio dos religiosos,
políticos e advogados, e alastrou-se para todos os setores de atividades. Os
empresários, executivos, técnicos, profissionais liberais necessitam cada vez
mais da boa comunicação. Todos precisam falar bem para enfrentar as mais
diferentes situações: comandar subordinados, dirigir ou participar de reuniões,
representar a ritualística em loja, apresentar relatórios, vender ou apresentar
produtos e serviços, dar entrevistas para emissoras de rádio e televisão, fazer
palestras, ministrar cursos, fazer e agradecer homenagens, desenvolver contatos
sociais, representar a empresa, representar a Loja quando em visita à outras
oficinas.
A oratória é a mais
típica e a mais gráfica manifestação da arte, porque é a arte da palavra. Da
palavra que é vestidura do pensamento, da palavra que é a forma da ideia, da
palavra que é nítida voz da natureza e do espírito, da palavra que é tão leve
como o ar e tão irisada como a mariposa, da palavra que é transparente como a
gaze e tão sonora como o bronze, da palavra que murmura como o arroio e ruge
como a tormenta, que prende como imã e fulmina como o raio, que corta como a
espada e contunde como a clava; da palavra que ostenta a majestade da
arquitetura, o relevo da escultura, o matiz da pintura, a melodia da música, o
ritmo da poesia, e que por seus rendilhados e riquezas, por suas graças e
opulências, aclama a oratória, rainha das artes!
Bibliografia
1. BACHL, Hans, Nos
Bastidores da Maçonaria, Memórias de um Ex-secretário, Coletânea de Artigos e
Traduções, segunda edição, Editora Aurora limitada., 136 páginas, Rio de
Janeiro;
2. CONTE, Carlos
Brasílio, O Livro do Orador, Oratória Maçônica, ISBN 85-7374-571-1, primeira
edição, Madras Editora limitada., 166 páginas, São Paulo, 2003;
3. MARTINS, Álvaro;
SOUZA, Janderson de, Escrever Melhor e Falar Melhor: um Guia Completo, Seleções
do Reader's Digest, título original: Reader's Digest How to Write and Speak
Beter, tradução: Agatha Pitombo Bacelar, Lígia Capdeville da Paixão, ISBN
85-86-11677-7, primeira edição, Reader's Digest Brasil limitada., 608 páginas,
Rio de Janeiro, 2003.
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