sábado, 10 de maio de 2025

A Fidelidade ao Dever Aperfeiçoada

 Charles Evaldo Boller

 

A fidelidade ao dever, no contexto maçônico, transcende o simples cumprimento de obrigações sociais ou pessoais; trata-se de um compromisso profundo e contínuo com os princípios que fundamentam a Ordem. O maçom, em sua jornada de aprimoramento pessoal e espiritual, trabalha incessantemente na manutenção e alimentação de dados históricos, garantindo que a tradição maçônica permaneça viva e relevante, mas sempre orientada para a evolução. Essa postura revela um equilíbrio entre preservação e progresso, pois a tradição, embora respeitada, deve dialogar com as demandas de um mundo em constante transformação.

 

A ética maçônica, pilar essencial da conduta do iniciado, conduz o maçom a buscar permanentemente a harmonia entre seus irmãos, fortalecendo laços que transcendem divergências pessoais ou sociais. Este comportamento ético, moldado nas oficinas da Maçonaria, forja no maçom uma fidelidade inabalável ao dever, fundamentada não apenas em palavras ou rituais, mas na ação concreta e cotidiana. Ao fortalecer a vida harmoniosa entre os irmãos, o maçom contribui para a perpetuação de um ambiente de respeito, compreensão e solidariedade, elementos indispensáveis ao desenvolvimento coletivo.

 

Um dos valores essenciais cultivados no seio maçônico é a discrição. O maçom, fortalecido pelo rigor ético e pela solidez dos princípios adquiridos, jamais revela os segredos que lhe são confiados. Essa postura não é apenas uma formalidade ritualística, mas sim um compromisso com a preservação da integridade da Ordem e de seus membros. A confiança mútua que se estabelece nas lojas maçônicas é fruto de um pacto silencioso, sustentado pela honra e pela lealdade.

 

Forjado nas oficinas da Maçonaria, o maçom, mediante sua filosofia e prática ética, não se limita à introspecção teórica, mas realiza grandes feitos que ecoam na sociedade. Sua atuação, embora muitas vezes discreta e reservada, contribui para mudanças sociais significativas, evidenciando que os princípios maçônicos não estão isolados da realidade, mas inseridos no contexto da vida prática. Contudo, se a sociedade e seus atores fossem perfeitos como dita a ética maçônica, não haveria necessidade de ocultar a atuação dos maçons nos bastidores das grandes transformações sociais e dos fatos que marcam a história universal.

 

Na concepção ideal da ética maçônica, a evolução do homem se daria de maneira tão profunda que um dia a própria Maçonaria poderia ser abandonada e seus templos, lacrados. Nesse cenário utópico, os adeptos estariam dispensados de se reunir, pois não mais existiriam profanos sobre o orbe, mas apenas homens elevados a um grau de perfeição ética e moral tão consolidada que permitiria o desfrute pleno das boas coisas da vida familiar. No entanto, como a perfeição é atributo exclusivo do Grande Arquiteto do Universo, ao homem, imperfeito por natureza, cabe estabelecer códigos éticos moralmente fundamentados para que a convivência em sociedade se paute pelo amor fraterno, o único e perfeito laço de união que proporciona momentos de paz, satisfação e felicidade.

 

A seleção natural do maçom, orientada por um estudo constante de sua filosofia político-social, leva-o à prática da ética maçônica em sua forma mais autêntica. Nesse processo, a construção do caráter individual converge para o fortalecimento coletivo, pois o desenvolvimento da virtude pessoal se reflete diretamente na coesão do grupo. A missão de tornar-se um homem melhor não se restringe ao âmbito pessoal, mas estende-se ao compromisso de melhorar o ambiente ao seu redor, promovendo a justiça, a verdade e a fraternidade.

 

Portanto, a fidelidade ao dever maçônico é mais do que uma virtude isolada; é o reflexo de uma vida dedicada à busca pela excelência moral e à preservação de um legado que transcende o tempo. Ao trabalhar incansavelmente na manutenção dos princípios da Ordem, o maçom contribui para a construção de um futuro mais harmônico e ético, pautado pela valorização da fraternidade e pela prática contínua do bem comum. A Maçonaria, assim, permanece como uma escola de virtudes, um farol que guia seus adeptos no caminho da retidão e da justiça.

Nenhum comentário: