Charles Evaldo Boller
A fidelidade ao dever,
no contexto maçônico, transcende o simples cumprimento de obrigações sociais ou
pessoais; trata-se de um compromisso profundo e contínuo com os princípios que
fundamentam a Ordem. O maçom, em sua jornada de aprimoramento pessoal e
espiritual, trabalha incessantemente na manutenção e alimentação de dados históricos,
garantindo que a tradição maçônica permaneça viva e relevante, mas sempre
orientada para a evolução. Essa postura revela um equilíbrio entre preservação
e progresso, pois a tradição, embora respeitada, deve dialogar com as demandas
de um mundo em constante transformação.
A ética maçônica, pilar
essencial da conduta do iniciado, conduz o maçom a buscar permanentemente a
harmonia entre seus irmãos, fortalecendo laços que transcendem divergências
pessoais ou sociais. Este comportamento ético, moldado nas oficinas da
Maçonaria, forja no maçom uma fidelidade inabalável ao dever, fundamentada não
apenas em palavras ou rituais, mas na ação concreta e cotidiana. Ao fortalecer
a vida harmoniosa entre os irmãos, o maçom contribui para a perpetuação de um
ambiente de respeito, compreensão e solidariedade, elementos indispensáveis ao
desenvolvimento coletivo.
Um dos valores
essenciais cultivados no seio maçônico é a discrição. O maçom, fortalecido pelo
rigor ético e pela solidez dos princípios adquiridos, jamais revela os segredos
que lhe são confiados. Essa postura não é apenas uma formalidade ritualística,
mas sim um compromisso com a preservação da integridade da Ordem e de seus
membros. A confiança mútua que se estabelece nas lojas maçônicas é fruto de um
pacto silencioso, sustentado pela honra e pela lealdade.
Forjado nas oficinas da
Maçonaria, o maçom, mediante sua filosofia e prática ética, não se limita à
introspecção teórica, mas realiza grandes feitos que ecoam na sociedade. Sua
atuação, embora muitas vezes discreta e reservada, contribui para mudanças
sociais significativas, evidenciando que os princípios maçônicos não estão
isolados da realidade, mas inseridos no contexto da vida prática. Contudo, se a
sociedade e seus atores fossem perfeitos como dita a ética maçônica, não
haveria necessidade de ocultar a atuação dos maçons nos bastidores das grandes
transformações sociais e dos fatos que marcam a história universal.
Na concepção ideal da
ética maçônica, a evolução do homem se daria de maneira tão profunda que um dia
a própria Maçonaria poderia ser abandonada e seus templos, lacrados. Nesse
cenário utópico, os adeptos estariam dispensados de se reunir, pois não mais
existiriam profanos sobre o orbe, mas apenas homens elevados a um grau de
perfeição ética e moral tão consolidada que permitiria o desfrute pleno das
boas coisas da vida familiar. No entanto, como a perfeição é atributo exclusivo
do Grande Arquiteto do Universo, ao homem, imperfeito por natureza, cabe
estabelecer códigos éticos moralmente fundamentados para que a convivência em
sociedade se paute pelo amor fraterno, o único e perfeito laço de união que
proporciona momentos de paz, satisfação e felicidade.
A seleção natural do
maçom, orientada por um estudo constante de sua filosofia político-social,
leva-o à prática da ética maçônica em sua forma mais autêntica. Nesse processo,
a construção do caráter individual converge para o fortalecimento coletivo,
pois o desenvolvimento da virtude pessoal se reflete diretamente na coesão do
grupo. A missão de tornar-se um homem melhor não se restringe ao âmbito
pessoal, mas estende-se ao compromisso de melhorar o ambiente ao seu redor,
promovendo a justiça, a verdade e a fraternidade.
Portanto, a fidelidade
ao dever maçônico é mais do que uma virtude isolada; é o reflexo de uma vida
dedicada à busca pela excelência moral e à preservação de um legado que
transcende o tempo. Ao trabalhar incansavelmente na manutenção dos princípios
da Ordem, o maçom contribui para a construção de um futuro mais harmônico e
ético, pautado pela valorização da fraternidade e pela prática contínua do bem
comum. A Maçonaria, assim, permanece como uma escola de virtudes, um farol que
guia seus adeptos no caminho da retidão e da justiça.
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