Charles Evaldo Boller
As novas gerações de
maçons adentram os graus complementares do Rito Escocês Antigo e Aceito movidas
por um desejo intenso de compreensão, buscando causas que deem sentido às suas
jornadas pessoais e coletivas. Não se contentam com respostas superficiais ou
conceitos vazios; desejam verdades que ecoem em suas consciências, que ordenem
suas existências e lhes proporcionem pilares seguros para suas crenças. A busca
por um caminho lógico e racional não é apenas uma preferência intelectual, mas
uma necessidade que pulsa em seus corações, refletindo a sede por sabedoria prática
e significativa.
A Ordem Maçônica, com
sua riqueza simbólica e metodológica, surge como um espaço fértil para aqueles
que se dedicam a essa busca profunda. No entanto, as novas gerações não se
prendem ao tradicionalismo por si só; anseiam por uma integração entre o antigo
e o novo, entre o conhecimento acumulado ao longo dos séculos e as perspectivas
contemporâneas que permeiam suas vivências. Para essas mentes ávidas, os
ensinamentos do Rito Escocês Antigo e Aceito não são meras abstrações; são ferramentas
de aperfeiçoamento pessoal e coletivo, capazes de iluminar os passos daqueles
que se propõem a compreender suas lições.
Cabe às gerações que já
alcançaram os altos graus da escada maçônica a responsabilidade de transmitir
os conhecimentos de forma clara, objetiva e aplicável. A tradição, por mais
venerável que seja, necessita ser adaptada às demandas atuais, sem perder sua
essência e profundidade. É fundamental que os mestres e iniciados mais
experientes reconheçam que a sede por respostas das novas gerações não se
extinguirá com meras explicações teóricas. A prática da sabedoria, traduzida em
atitudes e comportamentos coerentes com os princípios maçônicos, é o que
verdadeiramente cativa e inspira os maçons contemporâneos.
Essas novas gerações não
se intimidam perante as dificuldades impostas pelos caminhos da filosofia
maçônica. Pelo contrário, mostram-se persistentes, determinadas a decifrar os
mistérios e a absorver as lições que o rito oferece. Trata-se de uma juventude
que se exercita na reflexão e que não se rende diante das incertezas.
Reconhecem na Ordem um espaço de amadurecimento espiritual e intelectual, onde
cada símbolo, cada sinal e cada palavra pronunciada possui um significado que
transcende a mera formalidade ritualística.
É preciso ouvir esses
maçons novos, compreender suas angústias e motivações, pois suas inquietações
não são fruto de um espírito desordeiro, mas sim de uma profunda vontade de
compreender a si mesmos e ao mundo. Os símbolos e sinais que vertem da
filosofia da Ordem devem ser apresentados de maneira que dialoguem com suas
realidades, endereçados tanto às suas consciências quanto aos seus corações.
Não basta expor o conhecimento: é necessário torná-lo significativo, palpável e
aplicável no cotidiano de cada um.
A busca pelo saber
maçônico, para esses novos, não se encerra na mera contemplação filosófica, mas
sim na aplicação prática dos conceitos absorvidos. Para eles, a filosofia é uma
via que se desdobra na experiência concreta, e o valor agregado dos ensinamentos
precisa ser evidente e transformador. A prática da virtude, a retidão de
caráter e a coerência entre palavra e ação são aspectos que essas gerações
valorizam, e é imprescindível que os altos graus reflitam tais princípios de
forma clara e inspiradora.
A renovação da
Maçonaria, portanto, não se dá apenas pela incorporação de novos membros, mas
pela revitalização contínua de seus métodos de ensino e transmissão do
conhecimento. As novas gerações desejam contribuir para o fortalecimento da
Ordem, mas para isso precisam sentir que sua busca é respeitada e que suas
perspectivas são levadas a sério. A transmissão do conhecimento maçônico deve
ser um processo dialógico, em que a sabedoria dos antigos se encontra com a
vontade transformadora dos mais novos dentro da Ordem.
Assim, o maravilhoso
legado da Maçonaria não está apenas em preservar os rituais e tradições, mas em
garantir que seus princípios sejam constantemente atualizados, sem perder a
essência que lhes conferiu significado ao longo dos séculos. É papel das
gerações mais antigas apoiar essa jornada de descoberta, compartilhando suas
experiências com humildade e abertura. Afinal, a sabedoria maçônica não é um
fim em si mesma, mas uma jornada compartilhada, na qual cada irmão,
independentemente de sua idade ou grau, contribui para o enriquecimento
coletivo da Ordem.
A força da Maçonaria
reside justamente na capacidade de se adaptar aos tempos sem perder sua
profundidade espiritual. As novas gerações, com sua inquietação e desejo de
mudança, não são ameaça à tradição, mas um convite ao crescimento mútuo, uma
oportunidade de revisitar ensinamentos antigos sob uma nova perspectiva. Que o
diálogo entre gerações se fortaleça e que a sabedoria maçônica continue a
iluminar os caminhos de todos aqueles que, com sinceridade e determinação,
buscam a Verdade que liberta e transforma.
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