sábado, 10 de maio de 2025

A Filosofia Maçônica e a Transformação do Ser Humano

 Charles Evaldo Boller

 

Reflexões sobre a Evolução Emocional

 

A trajetória da humanidade ao longo dos séculos revelou um paradoxo inquietante: ao mesmo tempo em que o progresso técnico e científico alcançou níveis impressionantes, o desenvolvimento emocional e ético dos indivíduos não acompanhou tal evolução. A competição intensa, herança dos processos evolutivos, tornou-se um traço indelével das sociedades modernas, gerando um ambiente marcado por violência, ódio, ciúme, inveja e ira. A busca por soluções para essa realidade nos conduz a refletir sobre a filosofia maçônica e sua proposta de autotransformação, visando um equilíbrio emocional que se traduz em benefício coletivo.

 

O Mal Social e Suas Raízes Evolutivas

 

Pesquisas científicas contemporâneas indicam que o cérebro humano evoluiu para enfrentar situações de perigo e competição por recursos. Tal adaptação, útil em contextos primitivos, perpetuou circuitos emocionais que, nas sociedades modernas, manifestam-se por meio de comportamentos destrutivos e sentimentos negativos. A intensa competitividade, em especial, desponta como um catalisador de conflitos interpessoais e sociais. O homem moderno, embora tecnologicamente avançado, permanece prisioneiro de estruturas emocionais arcaicas que dificultam o pleno desenvolvimento ético e espiritual.

 

O Chamado da Filosofia Maçônica

 

A Maçonaria, enquanto organização iniciática e filosófica, propõe um caminho de transformação pessoal pautado no autoconhecimento e no aprimoramento moral. Inspirada em princípios de liberdade, igualdade e fraternidade, a prática maçônica busca libertar o indivíduo das amarras emocionais que perpetuam o mal-estar social. Por meio de rituais simbólicos e estudos profundos, o maçom é convidado a explorar as raízes de suas emoções, compreender suas motivações e promover um equilíbrio interno que favoreça atitudes harmoniosas e construtivas.

 

O Desenvolvimento de Novos Circuitos Cerebrais

 

A neurociência moderna corrobora a necessidade de desenvolvimento de novos circuitos emocionais para a transformação pessoal. Estudos demonstram que práticas como a meditação, a reflexão filosófica e o cultivo de valores altruístas estimulam regiões cerebrais associadas ao autocontrole e à empatia. A filosofia maçônica, com sua ênfase no aperfeiçoamento contínuo, oferece um campo fértil para o fortalecimento desses circuitos, promovendo a superação de impulsos negativos e a construção de uma personalidade equilibrada e resiliente.

 

A Dimensão Espiritual e o Resgate da Essência Humana

 

Mais do que um movimento moral, a prática maçônica busca resgatar a essência espiritual do ser humano, muitas vezes obscurecida pelas demandas competitivas do cotidiano. O cultivo de virtudes como a tolerância, a justiça e o respeito mútuo ressignifica a experiência humana, aproximando o indivíduo de um estado de serenidade e sabedoria. A partir dessa perspectiva, a Maçonaria torna-se um instrumento de libertação das paixões desordenadas e dos sentimentos nocivos que perpetuam o sofrimento individual e coletivo.

 

Conclusão

 

A filosofia maçônica oferece uma resposta relevante ao dilema contemporâneo da evolução emocional. Ao promover o desenvolvimento de novos circuitos cerebrais pautados pela harmonia interior e pela busca da verdade, ela contribui para a formação de indivíduos emocionalmente equilibrados e socialmente responsáveis. Assim, a prática maçônica não apenas auxilia na transformação pessoal, mas também impulsiona a construção de uma sociedade mais justa e pacífica, na qual o homem possa, enfim, salvar-se de si mesmo.

 

Bibliografia

 

1. DISPENZA, Joe, Quebrando o Hábito de Ser Você Mesmo, título original: Breaking the Habit of Being Yourself, tradução: Celso Paschoa, ISBN 978-85-68014-32-5, primeira edição, Citadel Grupo Empresarial, 346 páginas, 2012;

2. EBRAM, José, Os Chakras, Centros Energéticos, primeira edição, Madras Editora Limitada, 86 páginas, São Paulo, 1996;

3. ROHDEN, Humberto, O Caminho da Felicidade, Curso de Filosofia da Vida, ISBN 85-7232-147-0, segunda edição, Editora Martin Claret Limitada, 158 páginas, São Paulo, 2008;

4. ROHDEN, Humberto, Porque Sofremos, ISBN 85-7232-167-5, primeira edição, Editora Martin Claret Limitada, 142 páginas, São Paulo, 2006;

5. TUMA FILHO, Fadel David Antonio, Humanidade e o Mundo Atual, Filosofia Interessa ao Maçom? Cadernos de Pesquisas, 26, ISBN 978-85-7252-333-2, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 168 páginas, Londrina, 2013;

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