A prática do bem e suas consequências.
Charles Evaldo Boller
Buscar o bem como meta de vida é decisão profunda que
requer intenção, autoconhecimento e ações práticas alinhadas aos princípios
éticos universais da Maçonaria. O caminho implica na harmonização entre o
desenvolvimento pessoal e o impacto positivo sobre os outros e o ambiente ao
redor.
O bem como conceito pode variar com base em valores
individuais, culturais e espirituais, como os desenvolvidos na ordem
maçônica. Refletir sobre isso é fundamental. Na prática continuada de valores
éticos o bem liga-se a virtudes como justiça, bondade, empatia e
integridade. Como impacto social, as ações beneficiam outras pessoas ou
contribui para uma sociedade justa e harmoniosa. O conjunto leva o indivíduo à autorrealização,
normalmente a última etapa da vida, ocasião em que tais escolhas trazem paz
interior e crescimento.
O bem deve ter propósito claro e norteador das ações,
pergunta-se: Quais problemas ou necessidades do mundo se é chamado a resolver?
Como talentos e habilidades são usados para gerar impacto positivo?
O bem é prática de reflexão contínua que desenvolve
hábitos de autoavaliação e alinhamento de ações com propósito, onde se destaca
a prática da meditação ou mindfulness[1], algo
que promove clareza mental e ajuda a evitar distrações do ego; trata-se de exercício
que o maçom tem oportunidade de praticar constantemente em loja, ao prestar
atenção nas atividades e palavras proferidas pelos seus irmãos, meditando em como obter aplicação prática disso em
sua vida. A manutenção de um diário reflexivo, tendo por hábito
escrever sobre ações e analisar se estão alinhadas com o bem maior;
razão de o maçom compartilhar suas experiências com seus irmãos em loja, com a
apresentação de peças de arquitetura depois de haver meditado sobre o que foi
tratado nos trabalhos em que participou. Durante as sessões e fora delas
cada membro da loja pode realizar consulta a mentores ou guias, solicitando
orientação de mestres maçons mais experientes, com os quais compartilha os
valores encontrados a partir de exemplos e palavras.
O bem não é alcançado pelo desejo, mas pela ação: agir
com intencionalidade. As práticas úteis incluem os pequenos gestos diários
como demonstrar bondade e respeito no cotidiano, ouvir ativamente e oferecer
ajuda de acordo com a prática que existe entre os irmãos. efetuar comprometimento
comunitário com o envolvimento em causas que promovem melhoria coletiva, que
o maçom desfruta como resultado de beneficência, bem como do voluntariado ou
projetos sociais. Outro aspecto útil objetivando o bem é atuar na sustentabilidade,
realizando práticas que respeitam o meio ambiente e o bem-estar das futuras
gerações são incentivadas pelos debates em loja. Os exemplos são ilimitados, é
só agir!
Educar-se continuamente leva a expandir o entendimento sobre
questões sociais, ambientais e éticas. Amplia a capacidade de agir para o bem.
Temas como a filosofia ética no utilitarismo[2] ou no humanismo
secular[3], a psicologia positiva
e suas abordagens maximizam o bem-estar, onde a espiritualidade ressoa
como canal para transcender interesses egoístas e religa o maçom ao que
conceitualmente define como o Grande Arquiteto do Universo.
Promover o bem nem sempre é fácil e pode envolver
desafios, críticas ou sacrifícios pessoais. É cultivar a resiliência que
é essencial, pois desenvolve paciência e capacidade de lidar com frustrações.
Conectar-se com comunidades que compartilhem metas para fortalecer
compromissos, como acontece por ocasião da iniciação na Maçonaria.
Uma vida focada no bem transcende o indivíduo, espalha
impacto. Compartilhar o aprendizado e inspirar outros a buscar o mesmo
objetivo. Cria iniciativas ou eventos que ampliam o impacto positivo do bem
e, além disso, servir como exemplo, demonstrar que o bem pode coexistir
com o sucesso e a realização pessoal é orientação presente e profusamente
destacada na filosofia da Maçonaria.
Adotar o bem como meta é processo dinâmico que se
aprofunda com o tempo. Lembra-se que, embora os erros sejam inevitáveis, o
compromisso genuíno com a busca já é, em si, uma manifestação do bem. O bem
como decisão de vida, funciona como elemento de força para tornar feliz a
humanidade pelo amor, conforme o maçom se condiciona ao frequentar
continuamente às sessões maçônicas.
[1]
Mindfulness, palavra que pode ser traduzida como "atenção plena", é a
prática de se concentrar completamente no presente. Em atenção plena, as
preocupações com passado e futuro dão lugar à uma consciência avançada do
"agora", que inclui percepção de sentimentos, sensações e ambiente;
[2]
O utilitarismo é teoria ética que avalia a moralidade e as consequências
das ações humanas, baseando-se no princípio de que as condutas devem promover a
felicidade e o bem-estar do coletivo: a principal máxima utilitarista é
"agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar". O
utilitarismo rejeita o egoísmo e qualquer teoria ética que considere ações
certas ou erradas independentemente das consequências. O utilitarismo é uma das
perspectivas mais influentes na filosofia moral, juntamente com a ética de
virtudes e a ética do dever. Os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e
John Stuart Mill (1806-1873) são os principais representantes do utilitarismo;
[3] O humanismo secular é uma filosofia que se baseia em métodos racionais e científicos para tratar de assuntos humanos. Algumas características do humanismo secular são: a ideia de que as pessoas devem aproveitar a vida ao máximo, em termos de felicidade e trabalho criativo; A crença de que a felicidade humana é a sua própria justificação, não necessitando de apoio ou sanção de fontes sobrenaturais; A crença de que os seres humanos podem construir uma cidadela de paz e beleza na Terra, através da colaboração e do uso da inteligência.
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