Quando a tolerância se transforma em intolerância.
Charles Evaldo Boller
No condicionamento social do maçom em sua loja, ele se
defronta com a imposição do grupo de irmãos a ser tolerante, uma virtude a ser
cultivada para permitir a convivência pacífica entre pessoas das mais diversas
origens, crenças e filosofias.
Mas esse condicionamento é levado a exageros ao aceitar
comportamentos inadequados e prejudiciais à convivência tolerável entre irmãos.
Mesmo em presença de leis e regulamentos que especificam critérios de ações
judicativas que determinam a exclusão de um membro da loja, existem corpos
administrativos de lojas que lutam contra poluírem seus currículos, em não
macularem a sua gestão ao terem de eliminar das fileiras dos maçons de sua loja
algum irmão que incorre em infrações disciplinares que determinam tal punição.
Devido ao tratamento permissivo com o erro surgem situações
onde os bons maçons se retiram definitivamente da ordem maçônica. São casos em
que se exige postura firme e segura e onde a tolerância não é aplicável,
deixando de ser virtude.
Karl Popper, desenvolveu um raciocínio conhecido como
paradoxo da tolerância, também conhecido como paradoxo de Popper. De sua ótica,
o agrupamento social que for tolerante demais, permite a criação sem restrições
de ideias intolerantes, o que implica na sua destruição pelos intolerantes. A
ideia que fundamenta seu pensamento implica que o grupo social que admite ações
intolerantes destrói a liberdade e a tolerância do grupo. A tolerância levada
ao excesso destrói a própria tolerância.
A loja que permite ações intolerantes onde existem leis e
regulamentos penais que determinam o afastamento de um de seus membros, mina e
destrói os princípios democráticos e tolerantes da sua própria associação. A
tolerância ilimitada acaba por destruir os alicerces da sociedade tolerante.
Popper conclui que para manter a associação aberta, justa e perfeita é essencial a obediência aos limites para a tolerância estabelecidos em leis e regulamentos. Considera que a permissividade tem a influência de ideologias ou comportamentos que têm por objetivo destruir a loja por dentro ao propalarem tolerância demais para com os delitos, sejam leves ou graves.
O cerne do paradoxo de Popper defende o estabelecimento de
limites que toda a loja deve aplicar e exigir para não abalar os alicerces que
visam edificar templos às virtudes e cavar masmorras ao vício.
Toda loja que guia as suas ações judicativas pelas diretivas
emanadas de suas leis e regulamentos tem mais chance de evoluir para tornar
feliz à humanidade pelo amor e cumprir o desiderato do Grande Arquiteto do
Universo e ver o homem evoluir a uma condição estabelecida em Seu projeto.
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