Não existe liberdade para quem padece fome.
Mecanismos humanos históricos utilizados para obter
equilíbrio entre produção de alimentos e habitantes de regiões do planeta.
Charles Evaldo Boller
Para minimizar os efeitos terríveis da carência de recursos,
o único meio de garantir a felicidade e o bem estar das pessoas mais aptas é a
redução do número de habitantes humanos do planeta.
Assim como a natureza mata por inanição, o sistema econômico
mundial criou mecanismos para matar os menos aptos de forma sutil em busca do
equilíbrio; aos mais afortunados explora e suga toda a capacidade vital e
depois os descarta como lixo. Uns morrem antes de completar a idade produtiva,
grande multidão fenece antes de completar dois anos, outros nem nascem, são
abortados. Exemplo recente desta realidade é o fato de se repassarem às
instituições financeiras mundiais muitas vezes mais recursos que os suficientes
para acabar com toda a carência dos mais pobres do orbe. Quer dizer, faz tempo
que já se possui a capacidade de acabar com miséria e fome no mundo. Só não é
feito porque não interessa ao sistema capitalista; se acabarem com a fome, vai
ficar mais difícil matar pessoas de forma seletiva: os mais pobres, os menos
aptos. Já os mais afortunados sobrevivem porque interessam ao sistema econômico
mundial, mas também são eliminados tão logo tiverem exauridas suas capacidades
produtivas.
É lógico que não se tem o menor interesse em acabar com as
vicissitudes dos pobres, qual vampiro o sistema alimenta-se do sangue de todos,
de sua força vital, mas quando ameaçado, para sobreviver, não existe outra
saída, não hesita, lança mão do assassínio em massa.
Um dos mais eficientes métodos de assassinato em massa em
todos os tempos é a fome. Hoje alcançamos o índice nada invejável de um bilhão
de pessoas que sofrem de fome crônica no mundo; um em cada seis indivíduos
passa fome de forma continuada. Para o sistema econômico mundial a única saída
é eliminar os pobres e sem recursos; aqueles que hoje não podem pagar para merecer
viver debaixo do sistema capitalista.
Tertuliano (160-240 d. C.) e outros escritores já afirmavam
que as pestilências e guerras eram benesses para a sobrevivência de países
populosos. Como alternativas de busca do equilíbrio, ao invés de guerra é frequente
usar: fome; doença; vício; ausência de princípios; aniquilação de valores;
destruição da família; e outros. Tais mecanismos são mais sutis e mais baratos
que fabricar culpados, como Adolf Hitler, Sadam Hussein ou Osama Bin Laden.
Só a fome mata vinte e cinco mil pessoas por dia; para que
melhor agente de matança? E como o sistema econômico mundial é interativo, ele
não tem garantia nenhuma de funcionamento basta-lhe pequena centelha adversa
para provocar uma reação em cadeia com resultados catastróficos. Exemplo
recente é a crise financeira disparada por especulação imobiliária; quantos
irão morrer pelas mais diversas causas devido a este desequilíbrio conjuntural?
O sistema econômico mundial mantém os menos aptos submissos
pela falta de educação. No Brasil existem promessas de melhorar esta situação.
No Chile está se realizando em passos largos. Mas sempre se confunde educação
com aquisição de conhecimentos, o que os diferencia é que um deles apenas
transmite conhecimentos para formar pessoal escravo para o sistema enquanto a
educação que liberta continua a ser relegada ao descaso e sabotagem. A
aquisição de princípios e valores é abortada com demasiada interferência dos
Estados na família que emite leis que acabam com a instituição do casamento
estável. Em países do hemisfério Sul são estabelecidos pisos para investimento
na aquisição de conhecimentos em todos os níveis do poder, mas estes pisos
passam a ser utilizados pela administração pública como tetos, e a partir
disto, o cidadão não aprende a pensar, fica desqualificado para o mercado de
trabalho, não exerce sua capacidade de libertar-se para a vida com qualidade. E
como não tem capacidade de alimentar o sistema econômico mundial, ele fenece.
Exemplo disto é o fato de existirem em nossos dias milhares de indústrias
eficientes que produzem bens para um número cada vez menor de clientes; porque
estes não têm condições de comprá-los; daí estas mesmas indústrias demitem ou
automatizam cada vez mais e com isto eliminam seus principais clientes que são
os funcionários demitidos.
Outra faceta é a daqueles que obtém a possibilidade de levar
a vida de uma forma mais confortável e que tomam para si muito mais que o
necessário para sua sobrevivência, é o desperdício. Mahatma Gandhi disse que a
cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse
o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de
fome.
Um dia será possível obter liberdade debaixo desta disputa
por recursos cada vez mais escassos? Nunca existiu liberdade com a existência
de fome. Quando não é o próprio homem destruindo ao outro por ganância, a
natureza agredida mata por inanição. É um painel cruel e sanguinário. Os
assassínios recrudescem em crueldade crescente. A abundância de vidas humanas disputando
e destruindo o ambiente vital não está mais em equilíbrio com a capacidade de
recuperação da natureza. Convém ao homem sábio, onde se encaixa o maçom, pensar
soluções de curto prazo para encontrar meios de minimizar estes efeitos
destrutivos da busca do equilíbrio; com isto estará aplicando o amor fraterno,
o único meio de solucionar todos os problemas em consonância com o projeto do
Grande Arquiteto do Universo.
Bibliografia
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3. MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos,
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Yadyr A. Figueiredo, ISBN 85-03-00682-0, nona edição, José Olympio Editora, 354
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