segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Busca da Felicidade Humana


Considerações filosóficas e fisiológicas da busca da felicidade.

A escola do conhecimento da Maçonaria preconiza a felicidade ampla no cultivo do amor fraterno.

Charles Evaldo Boller


Cada ser humano busca incansavelmente a felicidade. Ao desfrutar de razoável saúde física e emocional, por todos os meios imagináveis, e por vezes inimagináveis, a pessoa procura viver cada minuto como se fosse o último.

Para os vetustos estoicos e epicuristas, e hoje os maçons, a verdadeira felicidade é encontrada obedecendo às limitações impostas pela natureza. Subordinada a qual, é próprio que cada pessoa se conserve, aproprie-se e conheça a si mesmo, para desenvolver todos os recursos que criam inúmeros momentos de felicidade.

No reino vegetal a necessidade é inconsciente. No reino animal existe uma instrução natural que leva à busca de satisfação pelo impulso, ou instinto. Já no homem, mesmo que incluído no reino animal, esta busca está sujeita à interpretação e definição da razão. Com isto a natureza, no homem, aprimora o processo de busca de felicidade e satisfação, submetendo-a ao equilíbrio de uma exigência instintiva, subordinada ao crivo do intelecto, à moderação da emoção e à sabedoria inspirada pela espiritualidade. Este equilíbrio é o que o maçom treina em suas atividades.

Os estoicos tinham como conceito de divindade, uma força criadora e mantenedora do Universo, agindo qual princípio ativo que anima, organiza e guia a matéria, além de determinar a lei moral, o destino e a faculdade racional dos homens, conceito este presente nos ensinamentos da ordem maçônica, como Grande Arquiteto do Universo.

Os epicuristas definiam como "bem a tudo aquilo que conserva e incrementa o nosso ser e, ao contrário, mal para tudo que o danifica e diminui". E o bem moral, na concepção dos estoicos, é tudo aquilo que de alguma forma incrementa, ou melhora a Força Criadora, e mal é o que a prejudica. De onde deduziram que "o verdadeiro bem, para o homem, é somente a virtude; o verdadeiro mal é só o vício".

É assim que a Escola do Conhecimento da Maçonaria procura dirigir o pensamento do maçom; levantar templos à virtude e cavar masmorras ao vício é tarefa diária, mas acrescenta o amor fraterno para iluminar os espaços entre as virtudes.

Seguindo um raciocínio racional, a ordem incute que de alguma forma, cada um tem a capacidade de mudar a si mesmo com base no conhecimento obtido por olhar para dentro de si mesmo e lá encontrar a assinatura da Força Criadora. Isto conduz ao pensamento que a cada um é dada a faculdade de encontrar a felicidade dentro de si mesmo, de um modo absolutamente independente, sem a necessidade de intermediação.

Como cada um tem absoluto controle sobre si mesmo, é ele mesmo a única força do Universo que tem a capacidade de modificar a si próprio. Ao agir em si mesmo segundo o Princípio Criador, estas ações são moralmente corretas e perfeitas, agir ao contrário desta disposição leva ao erro e vício, e consequentemente à infelicidade.

Se é a natureza que impõe o amar a si mesmo, é esta mesma força que impõe o amor aos que geramos e aos que nos geraram. É também esta mesma Força da Natureza que impele ao amar uns aos outros. Esta energia é algo que nos leva a amar, a unir, a desfrutar a vida junto aos outros, aos quais, de alguma forma, também é possível apoiar e ser útil. Esta é a força externa que nos modifica, e a qual grandes sábios, em todas as eras da humanidade, definiram como sendo Amor Fraterno. É aquele amor que diz respeito ao pertencente a irmãos, afetuoso, amigável, cordial. Amor que todo verdadeiro maçom, na convivência em loja, ou fora dela, conhece muito bem.

A experiência e a convivência entre maçons fraternos os levam a derrubar antigos mitos como a nobreza do sangue, superioridade da raça ou eliminação da escravidão e define para cada homem livre um alto potencial de se tornar sábio. E como esta disposição está intimamente ligada ao princípio Criador, que aponta para uma igualdade absoluta entre os homens, o amor fraterno aponta então como caminho único para a felicidade.

Se existe amor entre as pessoas, não há mais necessidade de estudar valores morais e éticos. Não se requer a necessidade do existir da Maçonaria. Só perceptível devido à falta do conhecimento das virtudes e ausência de valores expressa pela sociedade. De forma semelhante, a necessidade de amor só aparece quando este está ausente. Como as virtudes sozinhas não trazem felicidade surge a necessidade do amor fraterno para preencher o vazio entre elas. Um não existe sem a colaboração das outras.

A ética, a moral e as virtudes conduzem ao amor inspirado pela natureza que, por sua vez, propicia obter frequentes momentos de felicidade.

É fácil deduzir que o homem completo e feliz depende do equilíbrio entre suas capacidades físicas, emocionais e espirituais, exatamente nos moldes praticados pela Escola do Conhecimento da Maçonaria.


Bibliografia

1. ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni, História da Filosofia, Antiguidade e Idade Média, Volume 1, ISBN 85-349-0114-7, primeira edição, Paulus, 670 páginas, São Paulo, 1990;

2. COMTE-SPONVILLE, André, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, tradução: Eduardo Brandão, ISBN 85-336-0444-0, primeira edição, Livraria Martins Fontes Editora limitada., 392 páginas, São Paulo, 1995;

3. GOLEMAN, Daniel, Inteligência Emocional, A Teoria Revolucionária que Redifine o que é Ser Inteligente, título original: Emotional Intelligence, tradução: Marcos Santarrita, ISBN 85-7302-080-6, 14ª edição, Editora Objetiva limitada., 376 páginas, Rio de Janeiro, 1995;

4. HUNTER, James C., Como se Tornar um Líder Servidor, Os Princípios de Liderança de o Monge e o Executivo, título original: The World's Most Powerful Leadership Principle, tradução: A. B. Pinheiro de Lemos, ISBN 85-7542-210-3, primeira edição, Editora Sextante, 136 páginas, Rio de Janeiro, 2004;

5. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tradução: Ciro Mioranza, primeira edição, Editora Escala, 112 páginas, São Paulo, 2007;

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