Ensaio sobre o "amor ação" que existe entre os maçons.
Contenda no plano das ideias.
Charles Evaldo Boller
Existe uma sociedade onde as pessoas se tratam por irmãos. É
uma sociedade onde existe o irmão que raramente aparece, um age mais outro
menos, existe o tímido, o retraído, o mais adiantado, o noviço cheio de sonhos,
o comumente exaltado e o de ânimo calmo qual ovelha no pasto. Mas todos são
irmãos e se amam em ação; com vontade, sabedoria e inteligência.
Significa que, por se autodenominarem irmãos e se amarem
profundamente, eles nunca brigam? É claro que não! Estes irmãos debatem sim!
Porque não! Podem disputar, afinal são seres humanos inteligentes, livres e de
bons costumes. É regra irmãos se desentenderem no plano das ideias! A querela,
quando motivada para o bem, para estabelecer limites e promover progresso é
atitude positiva - mesmo que os meios não sejam lá satisfatórios, os irmãos que
assim agem estão lutando para que prevaleça o bem comum. Ação assim é sinônimo
de amor; de amor fraterno. O mesmo amor que grandes iniciados intuíram como a única
solução de todos os problemas da humanidade. E toda ação assim dirigida resulta
em mudanças com objetivo e não simplesmente mudar pela mudança.
O "amor ação" não é o "amor sentimento"
com que aquele é normalmente confundido. É o amor alicerçado na vontade. Quando
alguém está cheio de intenção, mas não faz o propósito ser acompanhado de ação,
obtém resultado nulo. De outra forma, quando este soma intenção e ação, o
resultado é aflorar sua vontade. E vontade é sinônimo de amor porque resulta em
ação, o "amor ação". E assim, vontade é força. E onde existe ação
entre seres humanos, encontram-se disputas. É por isto que irmãos brigam, mas
só o fazem por amor e não por vaidade. Daí a necessidade de equilibrar a
vontade com sabedoria e inteligência. Um não existe sem os outros dois.
O destempero entre irmãos aflora sempre? Não! Os irmãos
convivem em ambiente com limites claros e definidos, numa sociedade
caracterizada por padrões preestabelecidos e onde todos são responsáveis. Na
maioria das vezes eles elogiam e apoiam, haja vista o elogio ser uma
necessidade essencial nos relacionamentos saudáveis. Irmãos desenvolvem a
humildade, que é outra expressão do amor, pois significa que são autênticos,
sem arrogância, pretensão ou orgulho.
Em seu progresso pessoal desenvolvem autocontrole; sustentam
as escolhas que fazem; dão atenção aos seus irmãos; apreciam e incentivam os
outros irmãos; são honestos, forçam evitar o engano; visam satisfazer as
necessidades dos outros, não fazem necessariamente o que o outro deseja; seria
escravidão, mas o que o outro irmão precisa, o que é convertido em liderança;
existe ocasião em que o irmão põem de lado sua própria vontade e necessidade
apenas para defender um bem maior para seus irmãos; e acima de tudo, o irmão
perdoa. Se houver dano prefere recolher-se, isolar-se por uns tempos, nunca
fechando questão a ponto de nunca mais oportunizar reconciliação. Mesmo
prejudicado, o irmão desiste do ressentimento. Tudo isto o tempo, o treinamento
constante, a convivência frequente, desenvolvem nestes que são irmãos. Explicar
isto em palavras é difícil, senão impossível, daí a necessidade da convivência
frequente e rotineira.
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