Considerações ao irmão que não concorda com o pensamento do
outro.
Charles Evaldo Boller
Em qualquer discussão, aquele que concorda com seu
interlocutor está apoiando a caminhada, transmitindo energia para a
persistência na mesma linha de pensamento. E isto é muito bom! Discordar também
é bom e salutar. Ruim é quando o pensamento de alguém é ignorado. É suficiente
para deixar qualquer um triste, chateado mesmo! Isto porque, em tal
circunstância, conta-se com uma grande perda, algo além do ódio, algo que nem
mesmo considera o próximo igual, quanto mais companheiro, irmão. Poderá existir
mal maior?
É deveras apreciado quando aportam aqueles que não
concordam. A sua interpelação não é considerada ofensa, ao contrário, vê-se
nisso uma demonstração de coragem, de profundo amor pelo interlocutor, algo que
só o irmão faz.
Compartilho com Elie Wiesel, escritor de nacionalidade
Norte-americana e romena: "O oposto do amor não é o ódio, mas a
indiferença". Partindo deste pensamento pode-se formular salutar postura
diante da crítica construtiva.
Como é importante aquele que discorda que se opõem com
ideias e pensamentos que fazem ambos crescerem! Poderá existir bem maior?
Existirá demonstração de amor, de carinho maior que este? Que venha! Que desça
o malho na cabeça do cinzel e mande para longe as asperezas. Todos crescerão!
Críticos e criticados.
O ovo, mesmo não sendo um símbolo da Maçonaria, é
reconhecido por ela como o símbolo da vida, a junção entre o masculino e o
feminino, o início, o começo de uma nova vida, a fertilidade. O ovo cósmico é
considerado o início de todas as coisas e dele deriva o ovo filosófico. O
Grande Arquiteto do Universo é um grande escultor, porque lindas são as figuras
irregulares que ele cria usando choques irregulares, constantes, às vezes
fortes, outras vezes suaves. Uma atividade inconstante no tempo, a semelhança
da atuação do malho e do cinzel. Sucessivos choques entre pedras brutas do
fundo do rio arrancam pequenas lascas, culminando com o arredondamento das
pedras originais, e as transformam em algo belo, irregular, quase sempre
semelhante a um ovo. Porque será? É um artista caprichoso! A matemática do
Grande Geômetra é complicada! Ele deve ter uma formulação estatística e
matemática para orientar estas pancadas que resultam nestas belas obras de arte
e que são encontradas em profusão por ai. O que para Ele é matemática, para as
suas limitadas criaturas é o caos.
Sabe-se que onde o limitado intelecto humano atua, a linha
irregular, devido sua complexa interpretação, muitas vezes é desconsiderada,
mormente se a emoção toma conta, aí então, fica difícil pensar.
Partindo da observação da natureza poder-se-ia inferir que
discussões acaloradas, onde aportam ideias conflitantes, tem a faculdade de
polir as pessoas de uma forma até mais caprichosa que numa outra, onde cada um
concorda com a linha de pensamento do outro, e estes debates mais quentes têm a
faculdade de abrir caminhos que facilitam a interpretação de temas complicados.
O caos, na Maçonaria, tem relação com a intelectualidade.
Poderíamos afirmar que de uma discussão caótica e acalorada, aonde
interlocutores se chocam aleatoriamente e reiteradas vezes, podem aportar
resultados fascinantes, totalmente novos, poderá vir a dar à luz um
"ovo". E deste "ovo", deste novo conceito, a origem de nova
verdade, propiciar novo horizonte, induzir à compreensão de antiga verdade com
novo formato, mudar a posição do observador para novo e inusitado ângulo.
Numa etapa seguinte, com a visão modificada, o uso do cinzel
poderia mudar-lhe a forma para equilibrar a interpretação do calor da discussão
emotiva com a frieza do intelecto.
É comum o uso de uma técnica conhecida como
"brainstorm", em português "tormenta cerebral", ou ainda,
em português bem claro, "torró de parpite". É um recurso para
detectar soluções e solucionar problemas muito complicados. Consiste em reunir
um grupo de pessoas, tecnicamente aptas e envolvidas na mesma linha de atuação,
expor o problema, enunciar soluções já aventadas, para em seguida solicitar que
cada um do grupo exponha o que lhe vem à cabeça, por mais ridículo que esta
ideia lhe pareça. Estas colaborações são então tabuladas, comparadas,
analisadas e sintetizadas pelo mesmo grupo. Repete-se o processo tantas vezes
quantas se julgarem necessárias, ou até aportar uma solução satisfatória para o
que lhe deu causa. Esta é uma técnica baseada no caos. E funciona!
A discussão acalorada é assim, baseada em choques aleatórios
de palpites, de considerações. O que de início parece tolice, agressão ao
intelecto, é na verdade a manifestação da intelectualidade. E dela afloram
pensamentos inusitados. Esta a razão de valorizar, e enaltecer muito àquele que
tem a franqueza, a honestidade, a coragem de levantar e dizer: Eu tenho outro ponto de vista!
Bibliografia
1. KNELLER, Jane, Kant e o Poder da Imaginação, ISBN
978-85-370-0633-7, primeira edição, Madras Editora limitada., 200 páginas, São
Paulo, 2007;
2. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, primeira
edição, Martin Claret Editores Limitada, 140 páginas, São Paulo, 2007;
3. SCHWARTZ, David J., A Mágica de Pensar Grande, A Força
Mágica do Pensamento Construtivo, título original: The Magic of Thinking Big,
tradução: Miécio Araújo Jorge Honkis, ISBN 85-01-00199-6, 12ª edição, Editora
Record, 284 páginas, Rio de Janeiro, 1994;
4. SEMLER, Ricardo, Virando a Própria Mesa, Uma História de
Sucesso Empresarial Made in Brasil, ISBN 85-325-1348-4, primeira edição,
Editora Rocco limitada., 232 páginas, Rio de Janeiro, 2002;
Nenhum comentário:
Postar um comentário