quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

As Colunas Booz e Jaquim

 Como duas colunas treinam o maçom.

Charles Evaldo Boller


O significado maçônico, simbólico, das duas colunas é controverso se comparado ao que diz a bíblia judaico-cristã em I Reis 7:13-22. Em essência elas decoram e demarcam a entrada no templo, o portal do iniciado no caminho da Luz, do conhecimento gradativo de seu eu, de seu interior, do seu templo interno, da sua espiritualidade.

Se tomadas com o propósito de apenas representarem a porta de entrada para o conhecimento, as colunas nada mais são que a delimitação do lado externo e o interno do templo de pedra de Jerusalém. São construídas com metal nobre porque o portal separa dois mundos, de um lado o profano e do outro o templo sagrado, a representação de algo maior, local onde o iniciado garimpa com suas bateias racionais as pepitas do conhecimento do Universo e em si mesmo. Parte-se da percepção que o homem faz parte do grande Universo e o templo é a ilustração do pequeno universo que o iniciado é em si mesmo.

Desconsiderando o que foi omitido em relação ao original descrito pela bíblia judaico-cristã, para cada componente hoje existente no símbolo que representam as colunas, inúmeras são as explicações criadas pelas especulações dos livres pensadores maçônicos, e nada disso configura verdade absoluta, final. Cada elemento da composição artística do símbolo está aberto para estudos predominantemente teóricos do raciocínio abstrato de cada maçom. Dar como terminada a sua função especulativa é desrespeitar o símbolo e impor ditadura dogmática. A cada maçom é dada a oportunidade de postular suas próprias conjecturas sobre o significado de cada componente das colunas que decoram a entrada do templo, afinal, é o portal de entrada ao seu próprio templo interno. O obreiro é quem mais conhece daquele corpo, daquele templo, pois sua alma o usa como receptáculo de seu próprio sopro de vida, seu espírito.

Para o Rito Escocês Antigo e Aceito, praticado pela Grande Loja do Paraná, é definido que as colunas Booz e Jaquim fiquem locadas dentro do templo, no extremo Ocidente, cerca de 1,5m da porta, onde este espaço causa certa confusão e cuja locação é comumente confundida com as colunas Norte e Sul. A interpretação mais usual de "ficar entre colunas" é postar-se entre as colunas Booz e Jaquim, quando ficar entre colunas é postar-se entre as colunas Norte e Sul, entre os irmãos, entre pessoas de carne e ossos. Passar por detrás das colunas também é interpretado como sair simbolicamente do templo. Estarem as colunas no átrio ou dentro do templo seria indiferente, não fosse o propósito ao qual servem. São levantadas as mais diversas especulações. Por questão de coerência com a bíblia judaico-cristã elas deveriam ficar fora do templo, pois são consideradas colunas vestibulares, locadas no vestíbulo, no átrio, local onde os maçons vestem seus aventais, colares, e despem-se de pensamentos mundanos, onde as colunas, no modelo do templo de Jerusalém, funcionam como portais místicos entre dois mundos.

Contrariando o modelo original, para fins didáticos, elas podem ser locadas dentro do templo, tomando por base que todos os objetos e elementos decorativos e instrucionais em loja no Rito Escocês Antigo e Aceito tem finalidade instrucional. As colunas participam dinamicamente da metodologia de transmitir aos obreiros as Verdades necessárias para sua escalada como homens aprovados pelo Grande Arquiteto do Universo, em sua autoconstrução, e, consequentemente, na construção de sociedade evoluída. Colocar as colunas Booz e Jaquim fora da vista nem faz sentido, considerando sua utilização como instrumentos de trabalho. As ferramentas devem estar à vista dos treinandos, dos obreiros que trabalham, cada um, em sua pedra bruta. Principalmente se na parte oca das colunas Booz e Jaquim "estão guardadas" as ferramentas de trabalho.

As colunas, todas as ferramentas e objetos utilizados têm significado simbólico, são parte da lenda materializada como método propedêutico, como introdução ao caminho que cada maçom enceta para entender os meandros que a filosofia da Maçonaria deseja transmitir. Fazem parte de alegorias que transmitem conceitos profundos de moral e ética até para pessoas sem formação escolar básica, que não têm experiência aprofundada com o abstrato. Assim a Maçonaria transmite conceitos filosóficos profundos para qualquer pessoa, independentemente de sua formação secular. É o princípio da igualdade em ação. É o conhecimento que propicia a liberdade para todos, independente de formação ou berço. O resultado é a geração de sociedade onde a fraternidade é, de fato, praticada indistintamente por todos os seus membros.

Um símbolo não observável é o mesmo que um ato de fé, acreditar no inexistente. Não é o caso da Maçonaria que rechaça dogmas com veemência. Reportar-se às colunas Booz e Jaquim fora de vista seria o mesmo que dizer: "- Acredite, elas existem lá fora!" Ou ainda: "- Irmão aprendiz, vá lá fora buscar maço e cinzel para seu trabalho na pedra bruta". Para fins instrucionais todas as ferramentas devem estar dentro do templo antes de a loja ser aberta. Ninguém sai ou entra no templo sem uma razão forte depois que os trabalhos começam. Acreditar que as colunas existem lá fora tornaria a sua existência em algo assemelhado aos dogmas que as religiões impingem aos seus fiéis para forçá-los a aceitarem postulações que não podem ser vistas, não tem lógica ou realmente são apenas lendas. A ordem maçônica usa lendas, mas ela informa claramente, explicitamente, que tudo não passa de ilustração, a materialização de ficções exclusivamente para fins de treinamento.

Todos os símbolos usados pela ritualística maçônica ficam ao alcance da vista para permitirem sua utilização material e propiciarem, a partir disto, a construção, a concepção de pensamentos abstratos sem adentrar na seara pantanosa dos dogmas, apresentando algo duvidoso como certo e indiscutível, cuja Verdade se espera que as pessoas aceitem sem questionar. No passado, quando não existia explicação para determinado fenômeno, creditava-se este a influências misteriosas e mágicas, o mesmo ocorre com um símbolo fora da vista em qualquer era para aquele que tem dificuldade de abstração.

Na Pedagogia, método especializado para ensinar crianças na escola primária, na fase concreta dos métodos de ensino, os conceitos abstratos são transmitidos via materialização, por exemplo: como explicar o zero para uma criança? Colocam-se dois objetos a vista e depois subtrai-se estes da visão, ficando o nada, definindo o vazio. Grava-se na mente do aluno o conceito de zero. Para usar um símbolo ele deve ser visto, ao menos numa primeira instância. Depois de firmado o conceito abstrato, o cérebro se encarrega de completar o que fica invisível aos olhos.

Na Maçonaria recomenda-se utilizar a Andragogia, técnica de ensino que ajuda o adulto a aprender. É a arte e ciência de orientar e facilitar o aprendizado de adultos. Diferentemente da Pedagogia, voltada para crianças, a Andragogia considera as características, necessidades e experiências dos adultos, que aprendem melhor ao compreender a relevância do conteúdo para sua vida ou carreira. Adultos preferem autonomia no aprendizado, valorizam experiências prévias como recurso para interpretar novos conhecimentos e se engajam mais quando o conteúdo é prático e alinhado a seus objetivos. Embora influenciados por fatores externos, são motivados principalmente pelo desejo de crescimento pessoal e profissional. A abordagem andragógica é amplamente utilizada em treinamentos corporativos, programas de educação continuada, ensino superior e cursos profissionalizantes, buscando atender às particularidades do público adulto.

Assim, numa aplicação prática de uma linguagem simbólica com enfoque no adulto, ao passar pelas colunas Booz e Jaquim o maçom entra na oficina recheada de ferramentas de trabalho em direção à Luz, a sabedoria necessária para burilar sua pedra bruta. Trabalha nele próprio até obter uma linda e bem formada pedra cúbica polida, que honra o Grande Arquiteto do Universo e que, com isso, toma seu lugar de destaque na sociedade humana.

Bibliografia

1.      ALMEIDA, João Ferreira de, Bíblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Sociedade Bíblica do Brasil, 1268 páginas, Baruerí, 2009;
2.      GHEERBRANT, Alain; CHEVALIER, Jean, Dicionário de Símbolos, Mitos, Sonhos, Costumes, Gestos, Formas, Figuras, Cores, Números, título original: dictionaire des Symboles, tradução: vera da Costa e Silva, ISBN 85-03-00257-4, 20ª edição, José Olympio Editora, 996 páginas, Rio de Janeiro, 1982;
3.      GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, primeira edição, Madras Editora limitada., 308 páginas, São Paulo, 2003;
4.      MASI, Domenico de, Criatividade e Grupos Criativos, título original: La Fantasia e la Concretezza, tradução: gaetano Lettieri, ISBN 85-7542-092-5, primeira edição, Editora Sextante, 796 páginas, Rio de Janeiro, 2003;
5.      MOREIRA, Ivelise Mena Barreto, A Importância da Andragogia Educação de Adultos no Ensino Superior da Ciência Contábil, ISBN 978-85-444-1258-9, 1ª edição, Editora CRV Limitada, 116 páginas, Curitiba, 2017;

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

O Bem Como Decisão de Vida

 A prática do bem e suas consequências.

Charles Evaldo Boller


Buscar o bem como meta de vida é decisão profunda que requer intenção, autoconhecimento e ações práticas alinhadas aos princípios éticos universais da Maçonaria. O caminho implica na harmonização entre o desenvolvimento pessoal e o impacto positivo sobre os outros e o ambiente ao redor.

O bem como conceito pode variar com base em valores individuais, culturais e espirituais, como os desenvolvidos na ordem maçônica. Refletir sobre isso é fundamental. Na prática continuada de valores éticos o bem liga-se a virtudes como justiça, bondade, empatia e integridade. Como impacto social, as ações beneficiam outras pessoas ou contribui para uma sociedade justa e harmoniosa. O conjunto leva o indivíduo à autorrealização, normalmente a última etapa da vida, ocasião em que tais escolhas trazem paz interior e crescimento.

O bem deve ter propósito claro e norteador das ações, pergunta-se: Quais problemas ou necessidades do mundo se é chamado a resolver? Como talentos e habilidades são usados para gerar impacto positivo?

O bem é prática de reflexão contínua que desenvolve hábitos de autoavaliação e alinhamento de ações com propósito, onde se destaca a prática da meditação ou mindfulness[1], algo que promove clareza mental e ajuda a evitar distrações do ego; trata-se de exercício que o maçom tem oportunidade de praticar constantemente em loja, ao prestar atenção nas atividades e palavras proferidas pelos seus irmãos, meditando em como obter aplicação prática disso em sua vida. A manutenção de um diário reflexivo, tendo por hábito escrever sobre ações e analisar se estão alinhadas com o bem maior; razão de o maçom compartilhar suas experiências com seus irmãos em loja, com a apresentação de peças de arquitetura depois de haver meditado sobre o que foi tratado nos trabalhos em que participou. Durante as sessões e fora delas cada membro da loja pode realizar consulta a mentores ou guias, solicitando orientação de mestres maçons mais experientes, com os quais compartilha os valores encontrados a partir de exemplos e palavras.

O bem não é alcançado pelo desejo, mas pela ação: agir com intencionalidade. As práticas úteis incluem os pequenos gestos diários como demonstrar bondade e respeito no cotidiano, ouvir ativamente e oferecer ajuda de acordo com a prática que existe entre os irmãos. efetuar comprometimento comunitário com o envolvimento em causas que promovem melhoria coletiva, que o maçom desfruta como resultado de beneficência, bem como do voluntariado ou projetos sociais. Outro aspecto útil objetivando o bem é atuar na sustentabilidade, realizando práticas que respeitam o meio ambiente e o bem-estar das futuras gerações são incentivadas pelos debates em loja. Os exemplos são ilimitados, é só agir!

Educar-se continuamente leva a expandir o entendimento sobre questões sociais, ambientais e éticas. Amplia a capacidade de agir para o bem. Temas como a filosofia ética no utilitarismo[2] ou no humanismo secular[3], a psicologia positiva e suas abordagens maximizam o bem-estar, onde a espiritualidade ressoa como canal para transcender interesses egoístas e religa o maçom ao que conceitualmente define como o Grande Arquiteto do Universo.

Promover o bem nem sempre é fácil e pode envolver desafios, críticas ou sacrifícios pessoais. É cultivar a resiliência que é essencial, pois desenvolve paciência e capacidade de lidar com frustrações. Conectar-se com comunidades que compartilhem metas para fortalecer compromissos, como acontece por ocasião da iniciação na Maçonaria.

Uma vida focada no bem transcende o indivíduo, espalha impacto. Compartilhar o aprendizado e inspirar outros a buscar o mesmo objetivo. Cria iniciativas ou eventos que ampliam o impacto positivo do bem e, além disso, servir como exemplo, demonstrar que o bem pode coexistir com o sucesso e a realização pessoal é orientação presente e profusamente destacada na filosofia da Maçonaria.

Adotar o bem como meta é processo dinâmico que se aprofunda com o tempo. Lembra-se que, embora os erros sejam inevitáveis, o compromisso genuíno com a busca já é, em si, uma manifestação do bem. O bem como decisão de vida, funciona como elemento de força para tornar feliz a humanidade pelo amor, conforme o maçom se condiciona ao frequentar continuamente às sessões maçônicas.



[1] Mindfulness, palavra que pode ser traduzida como "atenção plena", é a prática de se concentrar completamente no presente. Em atenção plena, as preocupações com passado e futuro dão lugar à uma consciência avançada do "agora", que inclui percepção de sentimentos, sensações e ambiente;

[2] O utilitarismo é teoria ética que avalia a moralidade e as consequências das ações humanas, baseando-se no princípio de que as condutas devem promover a felicidade e o bem-estar do coletivo: a principal máxima utilitarista é "agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar". O utilitarismo rejeita o egoísmo e qualquer teoria ética que considere ações certas ou erradas independentemente das consequências. O utilitarismo é uma das perspectivas mais influentes na filosofia moral, juntamente com a ética de virtudes e a ética do dever. Os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873) são os principais representantes do utilitarismo;

[3] O humanismo secular é uma filosofia que se baseia em métodos racionais e científicos para tratar de assuntos humanos. Algumas características do humanismo secular são: a ideia de que as pessoas devem aproveitar a vida ao máximo, em termos de felicidade e trabalho criativo; A crença de que a felicidade humana é a sua própria justificação, não necessitando de apoio ou sanção de fontes sobrenaturais; A crença de que os seres humanos podem construir uma cidadela de paz e beleza na Terra, através da colaboração e do uso da inteligência.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Paradoxo da Tolerância

Quando a tolerância se transforma em intolerância.

Charles Evaldo Boller


No condicionamento social do maçom em sua loja, ele se defronta com a imposição do grupo de irmãos a ser tolerante, uma virtude a ser cultivada para permitir a convivência pacífica entre pessoas das mais diversas origens, crenças e filosofias.

Mas esse condicionamento é levado a exageros ao aceitar comportamentos inadequados e prejudiciais à convivência tolerável entre irmãos. Mesmo em presença de leis e regulamentos que especificam critérios de ações judicativas que determinam a exclusão de um membro da loja, existem corpos administrativos de lojas que lutam contra poluírem seus currículos, em não macularem a sua gestão ao terem de eliminar das fileiras dos maçons de sua loja algum irmão que incorre em infrações disciplinares que determinam tal punição.

Devido ao tratamento permissivo com o erro surgem situações onde os bons maçons se retiram definitivamente da ordem maçônica. São casos em que se exige postura firme e segura e onde a tolerância não é aplicável, deixando de ser virtude.

Karl Popper, desenvolveu um raciocínio conhecido como paradoxo da tolerância, também conhecido como paradoxo de Popper. De sua ótica, o agrupamento social que for tolerante demais, permite a criação sem restrições de ideias intolerantes, o que implica na sua destruição pelos intolerantes. A ideia que fundamenta seu pensamento implica que o grupo social que admite ações intolerantes destrói a liberdade e a tolerância do grupo. A tolerância levada ao excesso destrói a própria tolerância.

A loja que permite ações intolerantes onde existem leis e regulamentos penais que determinam o afastamento de um de seus membros, mina e destrói os princípios democráticos e tolerantes da sua própria associação. A tolerância ilimitada acaba por destruir os alicerces da sociedade tolerante.

Popper conclui que para manter a associação aberta, justa e perfeita é essencial a obediência aos limites para a tolerância estabelecidos em leis e regulamentos. Considera que a permissividade tem a influência de ideologias ou comportamentos que têm por objetivo destruir a loja por dentro ao propalarem tolerância demais para com os delitos, sejam leves ou graves.

O cerne do paradoxo de Popper defende o estabelecimento de limites que toda a loja deve aplicar e exigir para não abalar os alicerces que visam edificar templos às virtudes e cavar masmorras ao vício.

Toda loja que guia as suas ações judicativas pelas diretivas emanadas de suas leis e regulamentos tem mais chance de evoluir para tornar feliz à humanidade pelo amor e cumprir o desiderato do Grande Arquiteto do Universo e ver o homem evoluir a uma condição estabelecida em Seu projeto.

Aprendizagem e Evolução Maçônica

Mecanismos da evolução dentro dos templos da Maçonaria.

Charles Evaldo Boller


Prova de Coragem

O momento que terá te apanhado de surpresa e sobre o qual captaste apenas um pouco dos seus inúmeros pormenores e significados, representa um instante importante na vida de um obreiro da Luz[1]. A iniciação na Maçonaria é o primeiro mergulho ao interior de ti mesmo, exercício que poderás repetir vezes sem conta na senda que começastes a trilhar. O primeiro passo nesse caminho foi um exercício de vontade e perseverança, haja vista que as provas a que fostes submetido não te demoveram da vontade de ver a Luz e de ser recebido como obreiro novo entre os maçons, agora teus irmãos. Os passos sugeridos, a partir deste ponto, serão novos apelos à tua vontade, esclarecimento, consciência e vontade de aprender.

Aprendizagem

Como aprendiz estás no noviciado da Maçonaria, ocasião em que te é recomendada atenção durante as sessões da loja. Pergunte e te será fornecida qualquer informação pertinente aos assuntos da ordem maçônica, com restrição apenas a sinais, toques, rituais e palavras dos graus que tens a tua frente. No mais, toda e qualquer informação de história, ritualística e filosofia maçônica está a tua disposição e será respondida ou poderás pesquisá-la numa infinidade de livros disponíveis nas livrarias.

A aprendizagem maçônica é contínua. Ocorre em várias dimensões. No estudo dos símbolos, a Maçonaria utiliza de vasta simbologia que precisa ser compreendida e internalizada. Cada símbolo representa conceitos como moralidade, ética, virtudes e outros.

O complemento da aprendizagem se dá pela leitura e reflexão em loja, quando da apresentação de peças de arquitetura, que são textos desenvolvidos pelo teu intelecto e que são compartilhados com formalidades em loja. Fora da loja são incentivadas leituras de livros, cuja bibliografia será indicada pelo venerável mestre, primeiro vigilante ou segundo vigilante. Tu és incentivado a estudar textos maçônicos, filosóficos e históricos que ampliem teu entendimento sobre a vida e os mistérios do universo.

Dentro da aprendizagem é importante dedicar especial importância à interação com os irmãos na troca de ideias e experiências que enriquecem o aprendizado e fortalecem os laços fraternos. Nos rituais e nas iniciações sucessivas, em diversos graus, os rituais são pontos de entrada ao filosofar maçônico, desempenham papel educativo e provocam a vivenciar ludicamente ensinamentos espirituais e filosóficos.

Evolução Continuada

A tua evolução pessoal na Maçonaria é processo de aperfeiçoamento contínuo em direção ao teu autoconhecimento, realizado por meio da introspecção e da análise de ações. Serás permanentemente incentivado a compreender melhor a ti mesmo. A tua evolução em sentido lato decorre do desenvolvimento de virtudes e da prática de valores como humildade, justiça, fraternidade e sabedoria, essenciais para o progresso pessoal, social e profissional. A contribuição para a sociedade é resultado da evolução dentro da doutrina maçônica ao aplicardes os princípios aprendidos em tua vida cotidiana, buscando ser sempre exemplo de virtude e contribuindo para o bem comum.

A vigilância que tens a oportunidade desenvolver significa enorme disponibilidade para ver, ouvir, cheirar e sentir, sem juízos pré-formados e ideias pré-concebidas. O noviciado é tempo de aprendizagem sobre as regras da prática da Arte Real. Em quase todas as semanas nos reuniremos em loja, longe dos olhares do mundo externo para erguer novos templos à virtude e cavar masmorras ao vício, exercitando o que designamos por Arte Real.

Arte Real

A expressão "arte real" refere-se à prática e ao estudo da busca pelo autoconhecimento, pela perfeição moral e pelo aprimoramento espiritual e intelectual do ser humano. Esse conceito é central e apresenta-se assemelhado a uma escola de virtudes e uma jornada de transformações pessoais. O termo "arte real" vem de tradições antigas que viam a Maçonaria como continuação simbólica das obras realizadas por construtores de catedrais e templos. A expressão também remonta ao conceito medieval de "artes liberais" como gramática, lógica, retórica, música, aritmética, geometria e astronomia, que eram consideradas superiores às "artes mecânicas".

Real porque era praticada pelos reis, filósofos e sacerdotes da realeza que dispensavam tempo útil para pensar em coisas elevadas e diferentes, com o objetivo de cuidar das cidades e dos assuntos ligados ao homem e à divindade. O termo "real" não está relacionado à realeza no sentido monárquico, mas à ideia de algo nobre, elevado e verdadeiro. O mesmo acontece com os maçons reunidos em loja, quando dedicam tempo de forma regular, assídua e continua ao livre-pensar.

Arte porque visa o belo, o perfeito que o homem cria para seu próprio usufruto. Por isso, não falte aos trabalhos de tua loja por motivo realmente justificável: Maçonaria só se faz dentro da loja - trata-se de algo que se sente e não de atividade intelectual que usualmente apenas afaga o ego.

Com a arte real o maçom constrói o seu interior e, para isso, utiliza símbolos e metáforas para ensinar lições morais relacionadas à arquitetura e à construção, a exemplo de ferramentas e edificações. A "arte real" é a habilidade de "esculpir" a própria alma e construir uma vida virtuosa.

A arte real é respeito para com a tradição e o conhecimento acumulado dos que nos precederam e que os maçons atuais buscam preservar e transmitir como conjunto de conhecimentos filosóficos, espirituais e simbólicos, considerados valiosos para a elevação do ser humano.

Para o maçom a harmonia e o equilíbrio são expressão de "arte", ao envolver-se na busca por harmonia em todos os aspectos da vida, incluindo o equilíbrio entre o material e o espiritual.

No topo da "arte real" no interesse do maçom está a obtenção de sabedoria e verdade, observada como busca pela verdade universal, iluminação e compreensão dos mistérios do universo e do homem.

Lembra-te do momento em que te tiraram a venda na cerimônia de iniciação, e que, depois disso, não houve mais necessidade de um guia para ajudar-te a caminhar, isso tem contornos de Arte Real. Immanuel Kant, cujo pai foi maçom, ilustrou essa arte ao definir que "iluminação significa a saída do homem de sua menoridade, da qual o culpado é ele próprio. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a sua causa não estiver na ausência de entendimento, mas na ausência de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem".

Dúvidas São Essenciais

Para as normas da ordem maçônica, as provocações do ritual, a interação com os teus irmãos nos trabalhos da loja, recomendo-te olhar vivo e sentidos despertos. Se tiveres necessidade de expor alguma necessidade ou ideia, pergunte na hora apropriada durante a sessão ou fora de loja, conforme te for conveniente, a qualquer mestre maçom. Todos os teus irmãos são responsáveis pelo teu desenvolvimento e crescimento dentro dos assuntos da ordem maçônica.

Boa aprendizagem na caminhada que agora iniciaste se faz gradualmente, sem pressa, sem saltar etapas, na via do conhecimento das leis e regulamentos que nos regem, na relação com outros maçons, e, principalmente, no interesse da tua autoconstrução, autoconhecimento e autoeducação, atividades lúdicas que te levarão a autorrealização, o último estágio da escala de Maslow[2].

Não tenhas pressa na caminhada que iniciaste. Sempre terás apoio no irmão primeiro vigilante. Deixa-te guiar por ele, pela sua experiência e sensibilidade e cumpre as suas orientações. Adicionalmente, todos os mestres maçons do Universo têm a obrigação de ensinar-te e orientar-te na caminhada.

Dúvidas são importantes ao autodesenvolvimento e têm papel essencial em diversos aspectos da vida como aprendizado, desenvolvimento pessoal, tomada de decisão e inovação.

Na Maçonaria receberás elevado estímulo ao aprendizado para te despertar a curiosidade, onde as dúvidas incentivam a busca por respostas, promovendo aprendizado contínuo. São esperadas de ti a compreensão profunda das propostas dos rituais ao questionares conceitos e ideias que te levarão a uma maior profundidade na compreensão de temas. Não tenha inibição alguma: pergunte. Pergunte e duvide.

Pelo teu perfil, ao ser considerado apto para entrar na Maçonaria, espera-se de ti elevado desenvolvimento crítico. O pensamento crítico só é alimentado ao questionares o estado das coisas que te cercam ou analisares informações na ajuda ao desenvolvimento de uma visão mais crítica do mundo que nos cerca. Evita o conformismo, dúvidas desafiam suposições e impedem que aceitemos informações sem análise.

Espera-se do maçom que trabalhe para a inovação e a criatividade e não apenas copiar pensamentos e fórmulas de terceiros. São aguardadas de ti ideias novas. As inovações surgem de alguém que teve dúvidas sobre como as coisas funcionam, por isso, duvide! Explore alternativas, onde as dúvidas abrirão novos caminhos para buscar soluções alternativas e criativas.

Dentro da fraternidade maçônica fortaleça os relacionamentos. Comunique-se, pois perguntar e expressar dúvidas promove o diálogo e a troca de ideias. Use de empatia, onde as dúvidas sobre sentimentos ou situações dos outros ajudam a criar compreensão mútua.

O autoconhecimento exige reflexão, onde questionar-se sobre escolhas, valores e objetivos leva a um maior entendimento de si mesmo e, certamente, conduzem ao crescimento pessoal, onde enfrentar dúvidas pessoais pode ser transformador e inspirador. Ter dúvidas é sinal de curiosidade e interesse, sendo ferramenta poderosa para crescer e conectar-se com o mundo da Maçonaria de maneira significativa.

Senda do Simbolismo

Esse caminho pelo qual andas é simbólico e a Maçonaria divide a jornada em graus simbólicos de aprendiz, companheiro e mestre. Cada um representa etapas de aprendizado e evolução.

·         Ao aprendiz cabe o foco no autoconhecimento e na compreensão dos fundamentos maçônicos; fase do "Conhece-te a ti mesmo."; "Nosce te ipsum." (Sócrates de Atenas);

·         Ao companheiro cabe a expansão dos conhecimentos e preparação para responsabilidades maiores; fase do "Penso, logo existo." (René Descartes);

·         Ao mestre cabe, continuamente, esforçar-se para atingir a plenitude do aprendizado simbólico e a capacidade de guiar os outros irmãos. É tarefa que nunca acaba!

Para o Rito Escocês Antigo e Aceito, além do simbolismo, existem mais 30 outros graus, ditos filosóficos, que estendem a jornada simbólica com alimento mais consistente. Faça disso um alvo agora!

E não termina aí! A caminhada segue adiante, visando os píncaros da perfeição que é característica da ideia de divindade atribuída ao conceito de Grande Arquiteto do Universo abraçado pela Maçonaria.

Assim é a aprendizagem e evolução maçônica. São processos interligados que incentivam ao maçom a crescer como indivíduo e como parte de uma fraternidade universal, cujo caminho exige dedicação, estudo e prática constante dos ensinamentos, sempre com o objetivo de construir um mundo mais justo e harmonioso pelo amor.

Coluna do Aprendiz Maçom

A coluna do Norte, onde te sentas, presta-se ao despertar de novas sensações e níveis de consciência, que têm por objetivo provocar em ti ímpetos de efetuar mudanças em si mesmo que, às vezes, nem são percebidas de imediato, mas que têm o condão de levar-te a lugares nunca antes visitados.

Perceberás que a Maçonaria é, acima de tudo, uma instituição filosófica com objetivos político-sociais bem diferentes da sociedade de onde tu, como pedra talhada, foste retirado. Perceberás que esta filosofia se aproveita das mais diferentes fontes intelectuais e culturais[3] associadas à física, metafísica e física quântica, apoiadas na espiritualidade e no conceito de Grande Arquiteto do Universo, algo que não encontrarás em instituição alguma do orbe, a não ser na Maçonaria.

Origem dos Maçons

Os maçons são parte de antiga fraternidade humana, que data do tempo das guildas e corporações de pedreiros e maçons operativos que construíram catedrais, castelos, igrejas e outras obras de vulto.

Tem regras, rituais, ritos, segredos e princípios que orientam a:

·         Tratar o outro como um fim e não como um meio;

·         Fazer o bem sem olhar a quem;

·         Ser solidário com os que têm dificuldades;

·         Ajudar a tornar melhor o mundo em que vivemos;

·         Evoluir a partir de provocações intelectuais e subliminares contidas nos assuntos que desenvolverás em loja.

A fraternidade tem segredos que despertam enorme curiosidade dos que não vivem a Maçonaria, que veem nos maçons e nas suas tradições coisas misteriosas. Sim, maçons têm segredos, mas apenas aqueles ligados à sua tradição e à transmissão do conhecimento que é feito boca a orelha, pessoa a pessoa, para aqueles que merecem recebê-los e aprendem a interpretá-los, e, acima de tudo, que aprendem a praticá-los. Qualquer instituição profissional tem seus segredos, assim como os homens que lapidam a pedra de carne e ossos.

Método Maçônico

Dentro dos templos encontrarás conhecimento imediatista, exotérico, com "X", intuitivo e público, e há o conhecimento esotérico, com "S", íntimo, reflexivo. O primeiro está nos livros, na Internet, nas revistas, nos documentários, nas religiões, nas escolas; o segundo encontrarás por ti próprio, com esforço, observando os símbolos que te rodeiam, mas olhando para dentro, procurando a razão de participares desta particular comunidade de homens que desejam ardentemente se aperfeiçoarem. O objetivo da ordem maçônica é despertar-te para este segundo domínio, mediante a prática do livre-pensamento.

Tal aprendizagem exige estudo, reflexão, aplicação e vontade de melhorar como ser humano. Ser maçom é ser reconhecido como tal e não resultado do fato de haveres passado por uma cerimônia de iniciação - denomina-se iniciação interna. O caminho é individual e solitário, a energia para isso vem da convivência com outros pensadores espiritualistas, os teus irmãos maçons espalhados pelo Universo.

Platão de Atenas, considerou que "não é com honras e riquezas que se contenta o coração de um pensador, mas sim apenas com o saber e a virtude", e mais, "o ser, na sua essência, não é substância, mas ideia, pensamento".

Buda disse: "somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com os nossos pensamentos. Com pensamentos, fazemos o nosso mundo".

Jesus disse: "o olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de Luz. Mas se ele é mau, todo o teu corpo se encherá de escuridão. Se a Luz que há em ti está apagada, imensa é a escuridão".

Maomé acrescentou: "a verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz neste mundo".

O trabalho em loja é tão importante e o maçom o trata com tanto respeito ao ponto de o elevar como serviço sagrado a divindade que reside em ti e orienta-te. É a razão de só se trabalhar oculto dos olhos profanos, guardando simbolicamente o local com um maçom armado de espada. Observe que o templo de pedra, simbolicamente, te representa em pequena escala, já que és constituído por um Universo dentro de ti mesmo, assemelhado ao grande Universo que está lá fora: o templo serve de modelo e inspiração para tu olhares para dentro de ti mesmo. Por vezes, os intrusos do teu templo interno não são físicos, mas mentais, são os teus julgamentos precipitados, os teus impulsos mesquinhos, os teus ódios de estimação. Por isso é importante aquietar os pensamentos antes de entrar no templo e participar dos trabalhos com alegria e empenho de tua capacidade cognitiva e espiritual.

A aprendizagem e a evolução maçônica têm algo de sagrado, irmão aprendiz, para tal, recolha-te ao silêncio que existe em teu templo interior. Concentra-te naquilo ou naquele que te deu a vida para, como espírito, vivenciar uma experiência material. Este treinamento na Arte Real tem o condão de religar-te ao que sentes e percebes como o Grande Arquiteto do Universo.

Bibliografia

1.      BAYARD, Jean-Pierre, A Espiritualidade na Maçonaria, da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências, tradução: Julia Vidili, ISBN 85-7374-790-0, primeira edição, Madras Editora limitada., 368 páginas, São Paulo, 2004;

2.      PARANÁ, Grande Loja do, Ritual do Grau 01, Aprendiz Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito, primeira edição, Grande Loja do Paraná, 174 páginas, Curitiba, 2021;

3.      QUEIROZ, Álvaro de, A Maçonaria Esotérica, Rito Escocês Antigo e Aceito, ISBN 978-85-370-1003-7, primeira edição, Madras Editora Limitada, 158 páginas, São Paulo, 2016;

4.      RODRIGUES, Raimundo, A Filosofia da Maçonaria Simbólica, 4, Coleção Biblioteca do Maçom, ISBN 978-85-7252-233-5, primeira edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 172 páginas, Londrina, 2007;



[1] A Luz é símbolo que representa a busca por conhecimento e iluminação espiritual, e que deve iluminar o caminho do maçom na sociedade e na ordem maçônica. É representada Sempre com inicial maiúscula e obtida através do caminho de procura, meditação e amor fraterno. O maçom trabalha a pedra bruta na construção do seu templo interior e não espera que a Luz seja uma dádiva;

[2] A escala de Maslow, também conhecida como Pirâmide de Maslow ou Teoria das Necessidades Humanas, é um modelo que organiza as necessidades humanas em uma hierarquia de prioridade. A teoria foi desenvolvida pelo psicólogo Abraham Maslow e apresenta cinco categorias de necessidades: necessidades fisiológicas, Necessidades de segurança, Necessidades sociais, Necessidades de estima, Necessidades de autorrealização;

[3] Outras influências: Agnosticismo, Alquimia, Antropologia, Aritmética, Arqueologia, Arquitetura, Astrologia, Astronomia, Biologia, Cabala, Chacras, Cristianismo, Egito, Escultura, Espiritualidade, Filosofia, Geografia, Geometria, Gramática, Hermetismo, Hinduísmo, Judaísmo, Logosofia, Lógica, Matemática, Mitologia, Música, Numerologia, Ontologia, Pintura, Poesia, Retórica, Rosacrucianismo, Sociologia, Templários, Teologia, Teosofia, Vedas, Zoroastrismo;

Influência Positiva dos Illuminati

 Uma mentira alimentada pela vingança.

Charles Evaldo Boller


Extinta há mais de 240 anos, a instituição Illuminati, fundada por Adam Weishaupt, em 1776, na Baviera, atual Alemanha, formava uma sociedade "secreta" que atraiu a atenção de escritores e pensadores proeminentes da época. No entanto, eles não eram populares e foram rapidamente suprimidos pelo governo bávaro, em 1785. A organização foi alvo de críticas conservadoras e religiosas e acreditavam que eles continuaram a operar "secretamente", influenciando até eventos como a Revolução Francesa.

Hoje em dia, esta organização é frequentemente mencionada em teorias da conspiração e na cultura popular, mas a maioria dessas alegações não tem fundamento histórico. É fascinante como um grupo relativamente tão pequeno pudesse gerar tanto interesse ao longo dos séculos! O que existe por aí, declarando-se parte ou continuação daquela organização ou é falso ou tem intensões que não são boas.

Ligação Entre os Illuminati e a Maçonaria

Quando fundados, alguns de seus membros eram maçons. Adam Weishaupt, seu fundador, convenceu alguns maçons para se juntarem à sociedade. Isso resultou em interpretações variadas sobre a possível ligação entre os dois grupos. As associações são semelhantes na base moral, especialmente porque ambas compartilham estrutura hierárquica e interesse em ideias filosóficas, sociais e políticas.

A relação não durou e, desde sua derrocada, muitas teorias da conspiração têm sugerido onde eles, supostamente, continuam a operar em segredo, inclusive dentro da Maçonaria.

Não há evidências para apoiar estas alegações. São especulações que têm a intenção de denegrir a Maçonaria. A ordem maçônica não passa de instituição essencialmente filosófica com objetivos político-sociais que não interferem, como instituição, nos governos nem no estabelecimento de um grupo de poder com ambição política.

Interessante como essas sociedades, ditas "secretas", têm tanta influência na imaginação popular ao ponto de se inventarem as mais estranhas acusações. A Maçonaria não é secreta, mas discreta e tem segredos, sim, semelhante a qualquer grupo profissional.

A Maçonaria é acusada por diversas organizações religiosas e políticas de ser organização que destila discórdia, ódio e ateísmo. Em verdade ela apenas promove o amor ao próximo e a crença em Deus, o mesmo Jeová que é adorado por cristãos e judeus. No entanto, nesse aspecto, cada maçom reserva-se o direito de não dar nome para a divindade, porque O considera algo fora do alcance da capacidade de percepção do homem. Assim, o maçom tem certeza da Sua existência, mas não segue fé cega ditada por ninguém. Cada maçom apoia-se no próprio discernimento, onde cada um tem a liberdade de escolher seu próprio objetivo de adoração ou solução de crise existencial. O maçom define a divindade apenas pela ideia de Grande Arquiteto do Universo, é um pensamento que foge da tendência antropomórfica de criar e nominar deuses à sua própria imagem e semelhança.

História dos Illuminati

A história dos Illuminati é fascinante e envolta em mistério. Quando fundada por Adam Weishaupt, a sociedade tinha como objetivo promover educação racional, filantropia, combater a superstição e influenciar a sociedade positivamente.

Mediante o esclarecimento de seus adeptos, buscavam influenciar decisões políticas e mudar instituições como a monarquia e a igreja, promovendo nova fonte de "iluminação ou esclarecimento". Assim, eles recrutaram alguns membros da Maçonaria para ajudar a expandir sua instituição para a disseminação do bem.

No entanto, ao ser rapidamente suprimida em 1785, sob pressão da igreja e de grupos extremistas, desde então, eles têm sido associados a várias teorias da conspiração, frequentemente sem evidências históricas concretas, refletindo críticas políticas e religiosas da época.

Efeitos Sociais

Como sociedade "secreta", não teve impacto duradouro na sociedade durante o seu curto período de existência (1776-1785). No entanto, a dissolução deles e as teorias da conspiração que surgiram em seu entorno tiveram efeito significativo na cultura popular e na imaginação coletiva.

Desde a sua supressão, eles têm sido frequentemente associados a eventos históricos e figuras poderosas, sem evidências concretas. Essas associações têm alimentado várias teorias da conspiração ao longo dos séculos, influenciando a maneira como algumas pessoas veem e interpretam eventos geopolíticos, tentando conectá-los a eles.

Embora não tenham tido impacto direto e duradouro, as lendas que cresceram em torno deles continua a ser parte fascinante e, às vezes, controversa da cultura popular.

Teorias da Conspiração dos Illuminati

Existem incontáveis teorias da conspiração fascinantes sobre os Illuminati. As mais populares incluem:

·         Uma das teorias mais persistentes é que eles controlam secretamente os governos e as instituições globais, manipulando eventos para estabelecer uma Nova Ordem Mundial;
·         Muitos teóricos afirmam que eles estiveram por trás de grandes eventos históricos, como a Revolução Francesa e até mesmo a Revolução Americana, influenciando a política e a sociedade em segredo;
·         Existe a crença de que muitas celebridades, figuras políticas e empresários são membros dessa instituição. Esses teóricos apontam para símbolos e gestos feitos por essas figuras públicas como evidências de sua filiação;
·         Alguns acreditam que a organização controla o avanço tecnológico e científico, decidindo quais inovações são liberadas para o público e quais são suprimidas para manter o controle;
·         Outra teoria sugere que eles controlam a mídia, moldando a narrativa pública e manipulando a opinião pública através de notícias, filmes, música e outros meios de comunicação.

Essas teorias, apesar de carecerem de evidências históricas, continuam a capturar a imaginação popular ao redor do mundo. A ideia de uma sociedade "secreta" onipotente é intrigante e a falta de evidências sólidas apenas alimenta mais as especulações e o mistério.

Símbolo dos Illuminati

O símbolo mais associado a eles é o "Olho que Tudo Vê" dentro de um triângulo, este é encontrado em diversos contextos, como na nota de um dólar americano, o que tem sido interpretado como conexão com os Illuminati em algumas teorias. O símbolo é muito utilizado na decoração de lojas maçônicas, o que não evidencia associação alguma. Este símbolo é interpretado como um emblema de vigilância e conhecimento supremo. Trata-se de símbolo que carrega imenso significado e mistério. O símbolo é conhecido como "olho da providência", que representa o olho de Deus observando a humanidade. O símbolo tem referências egípcias, mas ganhou a sua configuração atual no século 17, associado à Maçonaria. Para os maçons, é lembrete de que estão sempre sendo observados pelo Grande Arquiteto do Universo.

Há quem discorde e afirme que o símbolo da associação Illuminati era uma coruja sobre um crânio e não um triângulo com um olho dentro.

Significado de Illuminati

A palavra "Illuminati" vem do latim "illuminatus", que significa "iluminado". O termo reflete o objetivo do grupo de promover a iluminação intelectual e espiritual, disseminar conhecimento e combater superstições. Eles se consideravam portadores de uma nova luz de racionalidade e entendimento. Algumas interpretações sugerem que "Illuminati" também pode significar "inspirado intelectualmente".

Na Maçonaria, a busca pela iluminação está alinhada ao conceito de Kant[1], que define iluminação como a saída da "menoridade" autoimposta. Essa "menoridade" seria a incapacidade de usar o próprio entendimento sem depender da orientação de outros, causada não por falta de conhecimento, mas pela falta de coragem e decisão de pensar de forma independente.

Planos para Dominar a Europa

Os Illuminati buscavam promover a iluminação intelectual e combater a superstição e a influência religiosa. No entanto, teorias da conspiração sugerem que tinham planos de dominar a Europa e subverter instituições políticas e religiosas, especialmente durante a Revolução Francesa. Apesar da falta de provas concretas, essas ideias continuam a alimentar a imaginação popular e a cultura conspiratória.

Adam Weishaupt e os Jesuítas

Adam Weishaupt, fundador dos Illuminati, foi educado pelos jesuítas em sua juventude, mas tornou-se um de seus maiores opositores. Após a dissolução da Companhia de Jesus pelo Papa Clemente XIV, em 1773, Weishaupt assumiu a cátedra de Direito Canônico na Universidade de Ingolstadt, posição anteriormente ocupada exclusivamente pelos jesuítas. Essa transição de poder intensificou a hostilidade entre ele e os jesuítas, que consideravam os Illuminati uma ameaça às suas crenças e influência.

Influência Positiva

Os Illuminati da Baviera, foi uma sociedade que emergiu no contexto do Iluminismo[2], promovendo ideais de racionalidade, igualdade e liberdade de pensamento. Apesar de sua curta duração, seus princípios e ideais tiveram profundo impacto no pensamento moderno.

A organização se opunha à influência excessiva da Igreja e do Estado sobre a vida cotidiana, defendendo uma sociedade guiada pela razão e pela educação. Seus objetivos incluíam a promoção do pensamento crítico, o incentivo à filantropia e a luta contra a ignorância e a superstição, características centrais do movimento iluminista.

Mesmo dissolvidos, os Illuminati ganharam notoriedade em teorias da conspiração, sendo associados a um suposto controle oculto do mundo. No entanto, sua contribuição real e menos sensacionalista está na disseminação de valores iluministas que moldaram ideias de progresso, democracia e liberdade individual. Esses valores continuam sendo pilares fundamentais nas sociedades contemporâneas, inspirando debates sobre ciência, política e direitos humanos.

É fascinante como uma organização tão breve pode ter um impacto tão duradouro, especialmente quando o foco está em ideais universais e atemporais como o avanço da racionalidade e a busca pelo conhecimento.

Relevância Atual

Os ideais dos Illuminati, como valorização da ciência, educação e promoção de práticas éticas e humanitárias, continuam a ser relevantes na sociedade moderna. Esses princípios ressoam em movimentos que buscam o progresso, a racionalidade e o bem-estar social da humanidade.

Embora a organização dos Illuminati não exista mais, sua essência pode ser observada em iniciativas que combatem a desinformação e promovem uma sociedade mais educada.

A Maçonaria, que não possui ligação com os Illuminati, também compartilha objetivos semelhantes, entre outros valores, ao incentivar o aperfeiçoamento moral, intelectual e espiritual dos maçons.

Bibliografia

1.      FENSTER, Mark, Conspiracy Theories: secrecy and Power in American Culture;

2.      JACOB, Margaret C., Living the Enlightenment: freemasonry and Politics in Eighteenth-Century Europe;

3.      KANT, Immanuel, Was ist Aufklärung? O Que É Esclarecimento;

4.      NEUGEBAUER-WÖLK, Monika, Aufklärung und Geheimbundwesen;

5.      STEVENSON, David, The Origins of Freemasonry: scotland's Century, 1590-1710;

6.      WILLIAMS, Vanessa L., The Illuminati: facts and Fiction;



[1] Kant, autor, conferencista, filósofo, professor e teólogo de nacionalidade alemã. Immanuel Kant nasceu em 22 de abril de 1724 em Königsberg. Faleceu em 12 de fevereiro de 1804 em Königsberg. Grande filósofo dos princípios da era moderna;

[2] O Iluminismo foi um movimento cultural, filosófico e científico que se desenvolveu na Europa entre os séculos XVII e XVIII. O movimento foi marcado por uma valorização da razão e da ciência, em detrimento da fé e do absolutismo;

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Como Será a Maçonaria em 2050?

Pergunta feita ao ChatGPT, em 29/12/2023: Como Será a Maçonaria em 2050?

Charles Evaldo Boller


Diálogo

ChatGPT: É difícil prever com precisão como a Maçonaria será em 2050, pois isso dependerá de uma série de fatores, incluindo mudanças sociais, políticas e culturais. Além disso, a Maçonaria é uma organização que valoriza a tradição e a continuidade, então é possível que muitos dos princípios fundamentais permaneçam os mesmos.

Charles Evaldo Boller: Os princípios fundamentais permanecerão o mais fieis possíveis à tradição porque, se modificarem método, doutrina ou liturgia dos ritos, a ideia central da Maçonaria desmorona; a ordem desaparece para dar lugar a uma sociedade comum, sem personificação.

Na linha do tempo a ordem maçônica adapta-se à evolução tecnológica e social, mas não modifica sua essência iniciática e filosófica, porque devido à riqueza de suas ramificações, uma obediência fiscaliza a outra. Ao menor deslize de uma delas, acordos de reconhecimento são desfeitos e repúdio público pelas demais obediências regulares do mundo todo é manifestado.


ChatGPT: No entanto, algumas especulações sobre possíveis tendências podem ser feitas:


Inclusão e Diversidade

ChatGPT: Há uma crescente ênfase na inclusão e diversidade em muitas partes do mundo. A Maçonaria pode evoluir para ser mais inclusiva em termos de gênero, raça e origem étnica.

Charles Evaldo Boller: Não existem restrições quanto a raça ou origem étnica, mas quanto ao gênero, sim.

Maçonaria é o típico clube masculino. Para que haja reconhecimento pela Grande Loja Unida da Inglaterra, considerada a loja mãe na Terra, exige-se submissão aos Landmarks de Mackey, vetustas leis aplicadas às guildas de maçons operativos. Atuais ou caducas, certas ou erradas, justas ou injustas, são as leis. Leis nem sempre são justas, certas ou atuais, portanto, enquanto vigorarem os imutáveis landmarks a Maçonaria continuará um clube do Bolinha. Organizações maçônicas que resolverem sair desse contexto legal simplesmente serão declaradas irregulares e ignoradas.


Uso da Tecnologia

ChatGPT: Assim como muitas organizações, a Maçonaria poderá incorporar mais tecnologia em suas práticas e comunicações. Isso pode incluir reuniões online, comunicação eletrônica e até mesmo o uso de plataformas digitais para compartilhar informações.

Charles Evaldo Boller: Isso já é realidade.


Envolvimento Social e Filantrópico

ChatGPT: Pode haver um aumento no envolvimento da Maçonaria em causas sociais e filantrópicas. Muitas organizações estão cada vez mais focadas em fazer um impacto positivo na sociedade, e a Maçonaria não seria exceção.

Charles Evaldo Boller: Isso é realidade há longo tempo.


Adaptação às Mudanças Sociais

ChatGPT: A Maçonaria historicamente se adaptou às mudanças sociais ao longo dos séculos. Em 2050, ela pode continuar a se adaptar às mudanças culturais e sociais, mantendo seus princípios fundamentais.

Charles Evaldo Boller: Isso é realidade.


Abertura e Transparência

ChatGPT: Pode haver uma tendência crescente em direção à transparência e abertura na Maçonaria. Isso poderia envolver uma comunicação mais aberta sobre suas atividades e propósitos.

Charles Evaldo Boller: Num maior ou menor grau isso vem se implantando gradualmente, imperceptivelmente, menos no que diz respeito aos seus arcanos. Sem o "segredo" a Maçonaria perde finalidade, força e eficácia. Em verdade não existe "segredo" algum! Salvo pequenos detalhes de identificação. No mais, toda a filosofia maçônica nunca foi oculta para a sociedade.

Desde o berço da Maçonaria Especulativa sempre existiram homens sem ética e perjuros que passaram por uma cerimônia de iniciação maçônica, mas nunca se iniciaram internamente que, visando ganho, estrelismo ou vingança, expuseram aos sete ventos os "segredos" da Ordem Maçônica.

Existem maçons que escrevem livros e vendem os direitos autorais para editoras mundanas que as divulgam amplamente e daí podem ser encontrados por qualquer interessado em qualquer livraria.

Peças de arquitetura, das mais variadas lojas ao redor do mundo estão publicados aos milhares em blogs e sites da Internet.

Entretanto, de nada adiantam informações teóricas ao indivíduo que não passou pela cerimônia de iniciação e pela experiência da convivência maçônica. O maçom se constrói na iniciação interna. É um processo de autoconstrução. Maçonaria é apreendida na convivência, tem mais a ver com percepção e sensibilidade do que com conhecimentos teóricos escritos.

Maçom que convive frequentemente com outros irmãos em sua loja, apreende, assimila valores e procedimentos que mudam a sua vida para melhor e isso não consta em nenhum ritual ou livro! Cada membro da Maçonaria se inicia de forma pessoal e particular. Mesmo em presença dos rituais dos mais diversos ritos existentes, não existe padrão que possa ser divulgado e ensinado, a exemplo dos programas escolares mundanos.

Na Maçonaria não existe a figura do professor, treinador, influenciador. Todos são multiplicadores da ideia de tornar feliz a humanidade pelo amor. Todos Ensinam e aprendem uns com os outros, em grupo, num ambiente disciplinado e sacralizado, especialmente criado para a finalidade do filosofar.

O que ocorre no indivíduo é uma mudança de consciência absorvida do grupo, por isso o templo, onde se abre liturgicamente uma sessão maçônica, é protegido por dois guardas armados de espada, um interno e outro do lado de fora do templo. O que se trata dentro do templo é segredo que todo maçom guarda.

Segredos existem sim! Efêmeros! Dizem respeito apenas aos que estão presentes a uma sessão maçônica liturgicamente aberta e debaixo da orientação do Grande Arquiteto do Universo. Ademais, é certo que os assuntos de uma sessão maçônica não são do interesse a nenhum profano. São de cunho pessoal e privado. Tem sentido sagrado apenas para os presentes. É devido a isso que os maçons se isolam do mundo para se concentrarem e tratar de assuntos que dizem respeito apenas para eles mesmos, àquele específico grupo reunido e a ninguém mais. Não é diferente de qualquer reunião que ocorre a portas fechadas em qualquer empresa ou sociedade. E sobre isso a Maçonaria nunca abrirá exceção para divulgação, salvo se for desejo dos irmãos presentes e votado por maioria.


Conclusão

ChatGPT: É importante notar que estas são especulações e que a natureza da Maçonaria é tal que suas mudanças são muitas vezes graduais e respeitosas com suas tradições. Além disso, as diferentes jurisdições maçônicas ao redor do mundo podem evoluir de maneiras distintas.

Charles Evaldo Boller: Concordo plenamente com a inteligência artificial do ChatGPT nessa conclusão genérica! Quanto ao futuro cabe-nos especular, e apenas isso: conjecturar!

Temos fatos e dados da característica da atual geração que está se filiando à Maçonaria. Cabe continuar a transmitir a estes maçons a liberdade para obter o discernimento mínimo e a liderança necessária para assumirem o timão do navio a singrar as revoltas águas da dinâmica social.

As grandes águas estão cada vez mais agitadas para manterem a sanidade mental em direção a um futuro cada vez mais perturbado e incerto, repleto de fanatismo e ignorância.

Cabe ao maçom nunca negligenciar a solidariedade e a fraternidade necessárias para tornar feliz a humanidade pelo amor, conforme se deduz da ação do Grande Arquiteto do Universo.

quinta-feira, 28 de março de 2024

O Eterno Aprendiz

Contraste entre o eterno aprendiz e o eterno aprendizado.

Charles Evaldo Boller



A representação artística do "eterno aprendiz", mostra o maçom criado perfeito pelo Grande Arquiteto do Universo, mas que, respondendo de forma desfavorável com seu livre-arbítrio, impossibilita a si mesmo obter o conhecimento da Verdade. Nega-se o direito do "Sapere aude![1]", "Ouse saber! Tenha a coragem de te servires do teu próprio entendimento!", (Quintus Horatius Flaccus[2]). De sua própria iniciativa ele depende de outros para pensar, escolhe viver voluntariamente dependente daquilo que os outros pensam. Não conquistou a sua autonomia[3], independência e liberdade, a razão principal de ele frequentar os trabalhos de sua loja.

Na estátua o artista representa braços e pernas da figura do maçom imobilizados, somado à postura contemplativa aguarda que alguém coloque o alimento do filosofar maçônico na sua boca, pois ainda não desenvolveu a capacidade do livre-pensar, apenas copia o que outros criam. O "eterno aprendiz" nega a si mesmo a evoluída capacidade de pensar; ele quer obter a receita do bolo pronta!

Entretanto, isso é demérito ou fraqueza? Profissionais das áreas do ensino e da psicologia dizem que não! A falta de coragem de assumir a própria autonomia na capacidade de pensar livremente é postura normal à pelo menos 9 entre 10 pessoas no mundo. Tal disposição foi imposta e condicionada por pais, professores, ideologias e crenças ao longo da sua vida. É isso que a filosofia maçônica tenta reverter em todos os graus. A conquista individual da autonomia é o cerne de todos os ritos maçônicos regulares.

David E. Pritchard[4], professor norte-americano, do Massachusetts Institute of Technology, a melhor escola tecnológica do mundo, diz que, dos estudantes de Física daquela escola, 80% não pensam, só repetem. Todos sabem que para entrar naquela escola de tecnologia é necessário destacar-se em conhecimentos, e se entre esses, apenas 10 a 20% pensam, imagine o cidadão comum! Isso demonstra a falta de livres-pensadores ativos na sociedade que trabalhem no sentido de tornarem feliz a humanidade. O maçom é incentivado, desde a sua cerimônia de iniciação, a ter coragem para exercitar a sua autonomia na arte de pensar: a Arte Real.

É nas oficinas maçônicas que acontece o Eterno Aprendizado, resultado do esforço próprio e da ação conjunta dos maçons reunidos que, inspirados na cerimônia de iniciação e depois de passarem pelo noviciado, andam com as próprias pernas, de acordo com a sua própria capacidade de pensar e decidir: são autônomos. Deixam de ser robôs, autômatos que se guiam por software criado por outros. Para as autoridades dos governos é mais fácil conduzir uma pessoa que não pensa, então usam do analfabetismo funcional para dominar a massa.

A liberdade dada pelo Grande Arquiteto do Universo, através do livre-arbítrio, fica impossibilitada de se manifestar se não existir uma disposição interna de modificar-se, edificar o próprio templo interno. O maçom destrói e reconstrói esse templo interno a todo momento, dependendo das novas ideias que aportam em sua mente.

O mais evoluído em termos maçônicos reúne-se com frequência para usufruir do Eterno Aprendizado que o filosofar maçônico oferece, e deixa de ser "eterno aprendiz". Tem irmão arguto que já entende isso na cerimônia de iniciação, ocasião em que absorve o significado daquele momento em que recebe a Luz e sai caminhando sem apoio de ninguém. Outros acordam nos graus seguintes, despertados pelo constante filosofar, especular e criticar o condicionamento imposto pelo nefasto sistema humano de coisas.

A definição de que "a Maçonaria é, antes de tudo, uma instituição filosófica"[5], é utilizada por homens inteligentes que apreciam filosofar: serem amigos da Sabedoria. O filosofar maçônico provoca aos adeptos que se libertem do condicionamento imposto pelo "sistema desumano" que explora a todos até que sobre apenas bagaço. Possibilita que, por esforço e persistência tornem-se livres-pensadores, diferenciando-se dos 90% da humanidade que só copia e repete o que os outros pensam. Conquistam sua autonomia, assim como define o livre-arbítrio constante no projeto do Grande Arquiteto do Universo.

O Rito Escocês Antigo e Aceito proporciona trinta graus adicionais aos três graus do simbolismo. Todos os graus são filosóficos, inclusive os graus simbólicos, e objetivam provocar o maçom, a cada passo, com pensamentos diferentes. Na primeira série de graus, a da Excelsa Loja de Perfeição, acaba o detalhamento da lenda do terceiro grau e o irmão certamente já entendeu, naquele estágio de sua evolução de pensador maçônico, que dele se espera o desempenho do Mestre evoluído e pronto para dirigir a sua loja simbólica. Àquela altura do Rito Escocês Antigo e Aceito ele já não é mais um "eterno aprendiz", mas um Mestre ciente da necessidade do seu "eterno aprendizado" para honra e à glória do Grande Arquiteto do Universo.


Bibliografia

1. ASLAN, Nicola, Estudos Maçônicos Sobre Simbolismo, ISBN 85-7252-014-7, 1ª edição, Editora Maçônica a Trolha Limitada, 176 páginas, Londrina, 1997;

2. ROHDEN, Humberto, Educação do Homem Integral, 1ª edição, Martin Claret Editores Limitada, 140 páginas, São Paulo, 2007;


Notas

1 Lema do Iluminismo. É uma expressão latina que significa 'coragem para discernir'. Originalmente usado por Horácio, é um mote comum para as universidades e outras instituições, após tornar-se intimamente associada com o Iluminismo por Immanuel Kant em seu ensaio seminal, que é o Iluminismo? Kant alegou que foi o mote para todo o período, e é usado para explorar suas teorias da razão na esfera pública. Mais tarde, Michel Foucault assumiu a formulação de Kant, na tentativa de um lugar para o indivíduo em sua filosofia pós-estruturalista e chegar a um acordo com o legado problemático do Iluminismo;

2 Horácio, poeta e satirista de nacionalidade romana. Quintus Horatius Flaccus, Quintus Horatio Faccus nasceu em 8 de dezembro de 65 a. C. Faleceu em 27 de novembro de 8 a. C. Autor de obras mestras da idade do ouro da literatura latina;

3 Autonomia, "aquele que estabelece suas próprias leis". É conceito encontrado na moral, na política, na filosofia e na bioética. É a capacidade de um indivíduo racional (não necessariamente um organismo vivo) de tomar uma decisão não forçada baseada nas informações disponíveis. Na filosofia ligada à moral e à política, a autonomia é usada como base para se determinar a responsabilidade moral da ação de alguém, (Kant);

4 David Pritchard ou David Edward Pritchard, cientista e professor de nacionalidade norte-americana. Também conhecido por David E. Pritchard. Nasceu em Nova Iorque em 15 de outubro de 1941. Professor de física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, MIT, realizou experimentos pioneiros sobre a interação dos átomos com a luz, pesquisas que levaram à criação do campo da óptica atômica.

5 Primeira frase no preâmbulo dos Estatutos da Grande Loja Maçônica do Estado do Paraná;

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Busca das Explicações para a Existência da Vida

Instrumentos maçônicos que indicam razões para a vida existir na Terra.

Charles Evaldo Boller


Apoiando-se nas costas de especuladores antigos, que copiaram suas ideias de outros destacados pensadores mais antigos ainda, e estes de outras fontes sábias, de antiquíssimas escolas de mistérios, o maçom moderno encontra, nos pensamentos de todos estes avós longínquos, o procedimento que combina ideias advindas de tradição, mitologia e doutrinas, e disso interpreta, desvenda e evolui conceitos para adquirir explicações para a existência da vida e sua significação.

O entendimento é resultado de incontáveis ciclos de tese, antítese e síntese, a técnica filosófica do método dialético, que, entre outras verdades, revelou a existência de um Universo em permanente oscilação.

Desta forma, a filosofia, a mãe de todas as ciências, projetou e tornou a tecnologia de hoje disponível. A indústria, percebendo o valor prático dessas ideias, desenvolveu utilidades e as colocou à disposição do homem. Infelizmente, a maioria dos descobrimentos e avanços tecnológicos serviram, ao longo dos tempos e em primeira instância, para a indústria da guerra, e, só depois, algumas delas foram adaptadas para outros campos de atuação humana como educação, medicina, indústria, diversão etc.

Percebe-se que o homem só desenvolve e evolui quando se interessa por algo e disso visualiza a possibilidade de tirar vantagens para facilitar e alegrar a sua existência. Todo interesse humano visa atividade lúdica, conforto e segurança. Nada é deixado ao acaso. Para todas as atividades humanas existe sempre o desejo de tirar vantagem e presença obrigatória de valores agregados que atuam no interesse material.

Para o homem material prevalece a teoria da ética que sustenta a ação mais inteligente, aquela que maximiza a felicidade e minimiza o sofrimento. O maçom participa de instituição que pretende tornar feliz a humanidade pelo amor, pelo respeito ao pensamento de cada um e pela tolerância ao que o outro pensa. Essa abordagem da ética avalia a moralidade da ação apoiada em suas consequências para o bem.

O maçom aborda a influência da ética maçônica, que em suas avaliações estão voltadas ao fomento do amor fraterno entre os homens, resultado de fenômenos percebidos em seus templos, por ocasião da presença ordeira e disciplinada dos obreiros.

Os distantes e vetustos avós do filosofar maçônico já percebiam que tudo no universo vibra constantemente, em frequências não percebidas pelos sensores humanos, e que estas oscilações enganam o homem o tempo todo. Os dispositivos sensoriais humanos foram projetados para perceberem apenas diminutos intervalos das manifestações vibratórias do universo. O homem percebe apenas as frequências que lhe são necessárias, úteis e práticas. Os fenômenos ondulatórios fora das faixas perceptíveis são desprezados. O que interessa ao enclausurado homem em seu pequenino planetinha azul, são as vibrações que agitam as partículas atômicas, subatômicas e galáxias inteiras que se deslocam pelo espaço sideral em velocidade estonteante.

Os fenômenos ondulatórios fora da faixa de percepção tornam-se úteis a partir do momento em que a criatura pensante é confrontada com a finitude de sua existência ou para aliviar certos sofrimentos, utilizando-se da oração, exercício que amplia a irrigação sanguínea no lóbulo frontal do cérebro, porque lá são geradas vibrações de alta energia e em frequências que entram em sintonia para religar o autor da prece com o transcendente e divino.

Através de especulação filosófica despertam insights onde o ser pensante e inteligente sente falta das vibrações que não são captadas pelo seu limitado sistema de detecção. A atividade mental de expansão da oração como fenômeno oscilatório, liberta o homem da angústia existencial e abranda a sua sede de conhecimento ao que pode acontecer quando não existir mais como manifestação vibratória de alta densidade, quando morre e seu espírito, supostamente, passa a manifestar-se dentro de faixas oscilatórias mais sutis, as que definem o mundo espiritual, transcendental ou metafísico, algo além da física convencional.

A Maçonaria oferece o privilégio de estender as especulações de avós pensadores antiquíssimos, para entender a natureza da realidade de cada um em produzir seu autoconhecimento, a experiência sensorial que liberta o pensamento a adentra em estágios de compreensão mais elevados da metafísica.

O iniciado nos mistérios da Maçonaria não frequenta seus templos apenas para entender a sua realidade, mas para interagir com as oscilações sutis que o cercam, e, de tal forma a despertar novos estados de consciência, a despeito das limitações sensoriais no campo mental, físico e espiritual. Com isso desperta a definição conceitual de Maçonaria, a de ser ela caracterizada por sensação e percepção impossível de se definir por palavra escrita ou falada, portanto, deve ser vivida em fraterna convivência de modo frequente e persistente.

Nas atividades templárias, isoladas do mundo secular por guardas armados com espadas, o maçom especula de forma a assimilar de antigos gregos, egípcios e outros, os segredos esotéricos passados de uns para os outros até nossos dias, a fim de, entre outras coisas, iniciar seu entendimento da razão da vida nesse planeta. O fenômeno ocorre quando se reúnem em templos consagrados ao livre-pensar, reunindo livres-pensadores semelhantes, que se atraem uns aos outros de forma a compartilhar descobrimentos da física e da metafísica, com aplicação prática na vida.

Uma vez presentes em seus templos e provocados a pensarem sobre determinado tema, cada maçom, à sua maneira, intui verdades diversas e particulares que, depois de assimiladas são compartilhadas. Essas trocas de conhecimentos reacendem novos ciclos dialéticos. Cada ciclo da realidade transcendente visa à percepção da realidade onde cada participante se reconhece como parte de um todo, identificando tudo o que é acima, assim também é embaixo, dentro e fora.

Desta forma o maçom define a Verdade onde o Universo e a manifestação vibratória metafísica daquilo que ele conceitua como Grande Arquiteto do Universo, de cuja reunião forma o Uno, a Unidade, da qual o próprio homem é parte. É a percepção dessa realidade que dispara insights, que retiram os véus da busca de explicações para a existência da vida, e de como degustar de inúmeros momentos de felicidade em presença da divindade e do amor.