Ser tolerante com equilíbrio e espírito de justiça.
Charles Evaldo Boller
Para tornar-se ativo, o maçom é levado a descobrir, em sua
evolução, que devido à característica humana inclinada ao que mais desperta
prazer imediato, revela a necessidade de permanente vigilância em todos os
relacionamentos com outras pessoas, e, principalmente, sobre si mesmo, onde vícios
e paixões desvirtuam bons princípios.
A ordem maçônica mostra caminhos para transformar o maçom em
um homem equilibrado e justo. O instrui para que se afaste de inclinação
natural de ser justiceiro, de usar da força para eliminar os que, de alguma forma, não concordam com suas ideias, crenças ou posturas. Pelo estudo é incentivado a
exercitar a tolerância em doses proporcionais e condicionadas a cada caso e
circunstância. Com isto, não exerce o ímpeto da vingança, mas atrela-se aos
ditames das leis vigentes em cada fase histórica. A vingança é observada como a
tendência do aspecto selvagem, da incapacidade de raciocinar com equilíbrio
para desenvolver critérios que resultem em desenvolver, nas pessoas, princípios
morais sem destruí-las, sem ter que matá-las. A vingança sempre foi observada
como algo até pior que o mal cometido pelo criminoso, e que só a tolerância,
mesmo que esta não exista em termos absolutos, ativa o maçom a conviver em paz
e obter melhores resultados em seus empreendimentos.
Em sua jornada educacional com respeito à justiça, o iniciado
é levado a observar que a mesma deve ser espalhada sobre todos os cidadãos,
sejam eles justos ou injustos, independentemente de sua condição social, cor da
pele, religião ou política. A ação da justiça recompensa o bom e pune o mau.
Todo crime é punido e o castigo para o criminoso é certo. Caso contrário, aumenta a sensação de impunidade, os níveis de violência e da desobediência
civil. Eliminar o perjuro é intolerância, mas é a única forma de justificar a própria
existência da tolerância, devidamente limitada por princípios morais,
demonstrando que o mal não reina e é devidamente castigado pela justiça.
Outra faceta que é traduzida das simbologias e estórias
contadas é a de que o maçom deve comportar-se qual cavaleiro ao defender os
oprimidos dos abusos dos opressores. Os instrumentos espalhados nas oficinas
maçônicas transmitem a postura dos cavaleiros medievais, inspirando a conduta
na retidão da régua, perfeitamente reta e equilibrada como um esquadro, enérgica, forte, dura e firme como o malho. A dureza do malho é a
intolerância contra o mal. É a Justiça aplicada conforme orienta a retidão do
esquadro e da régua. O fato de desenvolver princípios morais com o uso de seus
instrumentos e ferramentas leva àquele assim educado a nunca tomar a justiça em
suas próprias mãos, e, em hipótese alguma incentivar ou mobilizar-se para a
vingança. Isto significa que o malfeitor será caçado e destruído, excluído da
sociedade. É a intolerância contra o mal de que a Justiça deve cuidar.
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