sexta-feira, 29 de setembro de 2023

A Busca da Educação Maçônica

Luz é conhecimento, energia.

Charles Evaldo Boller


O cidadão que bate na porta de um templo da Maçonaria em busca da Luz, a educação que leva à sabedoria, aguarda que a ordem maçônica possua um método de ensino que o transforme em homem melhor do que já é. Isto é evidente na redação da absoluta maioria das propostas de admissão.

O neófito está adaptado pelo sistema humano de coisas, condicionado e submetido a métodos que confundem educação com aquisição de conhecimentos. Professor de escola da sociedade ensina, transmite conhecimentos e não educa. São raros os professores das escolas que mostram caminhos e motivam o livre pensamento. Em educação existe apenas o ato de educar-se, de receber Luz de fora e sedimentar em si novos conceitos, princípios e prática de virtudes. É impossível educar outra pessoa, a não ser que esta, na prática de seu livre-arbítrio, consinta e se esforce em mudar a si próprio e apreender conteúdo. No universo dos seres pensantes existe apenas a autoeducação. Qualquer um só pode educar a si próprio.

O método da ordem maçônica visa provocar cada um a descobrir seus próprios caminhos. Ler em conjunto as instruções do ritual apenas transmite conhecimento. Não induz à Luz! A educação da Maçonaria, a almejada sabedoria, carece de longa jornada de autoformação e condicionamento. Apenas ler instruções não educa. Mudar o rumo de sua jornada pela vida, na presença do livre arbítrio é educação. Romper a couraça de aço que envolve o intelecto do adulto exige uma expressão da arte mística que o filosofar maçônico tem o condão de realizar.

É ilusão pensar que pelo fato de ver-se mergulhado numa sociedade de homens bons, livres e de bons costumes, já seja suficiente para fazer-se sábio. Se o maçom não o desejar e não agir conforme, de nada adiantam os melhores mestres que nunca obterá a sabedoria maçônica. Esta só penetra num homem se este o permitir. Se o caminho para dentro do obreiro não estiver aberto, receptivo, ele não sedimentará e não transformará o conhecimento filosófico maçônico em educação. Se o recipiendário não se abrir ao que lhe é transmitido perde-se tempo. O grupo reunido exerce apenas um impacto indireto, uma espécie de indução, um potencial que todos têm latentes em si de influenciar terceiros por um conjunto de atividades intelectuais, afetivas e espirituais.

Para romper os bloqueios é imperativo autoconhecer-se, encontrar-se, modificar-se, só então obterá a Luz maçônica. Depois disso a mente e o coração do maçom se abrem e ele mesmo passa a efetuar mudança em si, exercendo seu potencial de autoeducação. O aprendizado torna-se eficiente quando as provocações provêm da ação do grupo sobre o indivíduo, é o efeito de tribo fixado profundamente na mente de cada indivíduo desde os vetustos homens das cavernas, quando a maioria das barreiras e bloqueios abre espaço para a autoeducação.

Note-se que a educação maçônica, a Luz, a sabedoria, não têm nada a ver com decorar rituais, conhecer ritualística, ser enciclopédia ambulante; é arte que adquire contornos mágicos quando os resultados aparecem e produzem bons frutos ao induzir os outros a mudarem para melhor como edificadores sociais.

Enquanto a ciência pode ter tratamento intelectual com a transmissão de instruções, a arte de autoeducar-se na Maçonaria vai muito além e alcança intuição cósmica. Enquanto o talento analisa e é consciente, o gênio intui e vai muito além da consciência, alcança o místico.

É a razão do maçom nunca ser definitivo em suas colocações e sempre apresenta as suas verdades sob diversos ângulos, para que o irmão possa deduzir ele próprio qual é o melhor caminho a seguir. É a razão de propiciar aos obreiros a possibilidade de debater em grupo, os temas com que a Maçonaria os provoca e eles mesmos definem, cada uma a sua maneira, as suas próprias verdades.

Em todos os casos onde o maçom sente-se livre para pensar e intuir, ele próprio derruba as inexpugnáveis barreiras do livre arbítrio que o impedem de obter as suas próprias verdades pelos eternos ciclos de tese, antítese e síntese.

Da "mágica" que se segue da absorção da Luz pela autoeducação é que surge a razão de o maçom nunca iniciar um trabalho sem invocar a fonte espiritual da arte de se autoeducar à glória do Grande Arquiteto do Universo, a grande fonte de Luz da Maçonaria.

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